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220 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 122

adversidade lhe bate à porta, pela pulverização, cada vez maior, da propriedade de geração paru geração.
O que pode é sofrer e calar.
O que não deve poder, porque não é vantajoso -vantajoso para quem?- nem lógico com a organização corporativa, como afirma o parecer, é associar-se em cooperativas, para da sua fraqueza, junta fazer uma força comum, de relativo valor defensivo; o que não deve poder é criar riqueza para si e proveito para a Nação, e isto em nome dos princípios, que podem muito bem também ser os fins !!!
Já ouvi citar o caso dos lagares de azeite das aldeias, por exemplo.
Ora o caso destes lagares é muito simples. Uma vara, um pio, uma galga, as paredes de um casebre anal seguro, umas seiras, uma caldeira, unia fornalha, um chão térreo, e pouco ou nada mais.
Fazem ali o azeite o seu dono e alguns vizinhos, porque os outros lagares ficam distantes e os modernos estão nas urbes, a muitos, muitos quilómetros de distância, não são baratos nem conhecem amigos. É indústria.
Não há higiene? Talvez não. Mas há água a ferver e a higiene talvez não seja ainda assim tão pouca como à primeira vista parece. O que decerto não há são batas brancas, meninos bonitos e dactilógrafas pintadas.
Mas, enfim, o dono leva o seu azeite e os vizinhos também.
E não me consta que a tão falada falta de higiene tenha em algum, tempo ou alguma vez degenerado em epidemia.
Há lá velhinhos a roçar pelos 100 anos que saboreiam aquele azeite e deliciam-se com ele.
Mas há falta de higiene. Concedemos. O remédio estará em suprimi-lo? Eu suponho que não. Estará em enriquecer ainda mais dois ou três endinheirados à custa do trabalho do lavrador?
A mim parece-me que o remédio estaria em, por intermédio da Junta Nacional do Azeite, facultar-lhe os meios necessários para equipar modestamente o lagar aldeão, facilitar-lhe uma instalação mais higiénica e ensinar-lhe os processos de obter um maior rendimento e um melhor produto.
Mas isso não se faz. O que se faz é obrigá-lo a esportular anualmente uma certa quantia, que ele não sabe bem porquê nem para quê. O que se faz é exigir-lhe uma contribuição que em alguns casos representa a quase totalidade dos lucros que os vizinhos lhe deram no fabrico.
Sr. Presidente: acabei. Já não é sem tempo. A V. Ex.ª e aos meus ilustres colegas peço me desculpem. Mas quando me refiro ao lavrador da minha aldeia e nele a todos os lavradores de todas as aldeias do País sinto invadir-me o coração uma onda de compadecido afecto e de dolorida compaixão pela tristeza da sua vida sem horizontes.
Mas eu creio, creio firmemente, que o Governo de Salazar ainda há-de salvar a lavoura portuguesa, como já em conjunto salvou a Nação.
Não basta organizá-la com princípios. É preciso fomentá-la com meios..
Eu creio, eu creio no milagre.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - A próxima sessão será amanhã, à hora regimental, com a mesma ordem do dia. Está encerrada a sessão.

Eram 18 horas.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Abel Maria Castro de Lacerda.
António de Matos Taquenho.
Artur Proença Duarte.
Carlos Mamtero Belard.
Henrique dos Santos Tenreiro.
D. Maria Leonor Correia Botelho.
Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

António Abrantes Tarares.
António Joaquim Simões Crespo.
Artur Rodrigues Marques de Carvalho.
Daniel Maria Vieira Barbosa.
Jerónimo Salvador Constantino Sócrates da Costa.
João Carlos de Assis Pereira de Melo.
João Cerveira Pinto.
José Pinto Meneres.
Luís Filipe da Fonseca Morais Alçada.
Manuel José Ribeiro Ferreira.
Manuel Marques Teixeira.
D. Maria Baptista dos Santos Guardiola.

O REDACTOR - Leopoldo Nunes.

IMPRENSA NACIONAL DE LISBOA