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4 DE MARÇO DE 1952 371

Invadidos por mato mais ou menos desenvolvido, conforme os locais, mas sempre bastante fechado, os baldios e incultos particulares só são usufruídos, aqueles, por raros fabricantes de carvão de urze, de muito limitado uso, e, uns e outros, por alguns rurais ocupados no apascentamento de cabras e ovelhas, que considero à parte entre os que se ocupam na pecuária.
Alguns importantes trabalhos se estão a realizar na transformação daqueles tractos de terreno, actualmente improdutivos, em matas e pastagens valiosas. Em muitos casos isto constitui o auxílio dos particulares aos camponeses em crise, que assim encontram, na época de melhor tempo e dias mais longos, alguma ocupação.
Não me foi possível averiguar, mesmo aproximadamente, o número de rurais que ganha algum pão naqueles serviços, mas certamente não atingirá um milhar durante três ou quatro meses.
4) A pecuária fornece, sem dúvida, muito trabalho, mas julgo não dever considerado no que há-de ser distribuído pêlos rurais em crise, porquanto aqueles que no tratamento do gado se ocupam têm trabalho garantido todo o ano e não devem ser considerados entre os atingidos pelas dificuldades que (presentemente afligem os camponeses micaelenses.
5) Nestas notas ao quadro II devo referir-me ainda a outros camponeses que têm ocupação permanente (estufeiros, caseiros, etc.) e cujo número,
julgo, será de 2:000 aproximadamente, (porque estes rurais produzem trabalho que deve ser deduzido das jornas já calculadas.
Tendo em vista que alguns daqueles homens exercem funções de direcção, considero que só produzem 200 jornas anuais em média. Há, pois, a deduzir do número indicado no quadro II 400:000 dias de trabalho.

Partindo de que a população no distrito de Ponta Delgada, como se vê pelas publicações do Instituto Nacional de Estatística, é representada «pêlos seguintes números:

1920 ............. 118:246
1930 ............. 134:217
1940 ............. 156:045

o engenheiro Pedro Cymbron chama a atenção para os aumentos de quase 16:000, ou seja 13,5 por cento, mo decénio de 1920-1930 e de 22:000, 16,3 por cento, no decénio seguinte, e nota que, se o aumento populacional se mantiver no mesmo ritmo, a população em 1950 conteria 20 por cento de almas a mais do que as presentes em 1940, isto é, o excesso seria de 31:000 pessoas.
Seria, mas não foi; os resultados provisórios do último censo dão 176:707 presentes, acusando, portanto, um excesso de 20:662 com referência a 1940.
O estudo do engenheiro Pedro Cymbron é anterior. No entanto, a consciente elaboração dos seus cálculos transparece e afirma-se a cada passo:

Ouvi a opinião de funcionários do Instituto Nacional de Estatística, que, embora conhecendo o ritmo fortemente crescente da população daquele distrito, julgam exagerados os 20 por cento, mas aceitam de boa vontade o aumento de 27:000 almas, que, de resto, é a média de excesso fisiológico registado nos boletins estatísticos de 1946, 1947 e 1948 publicados por aquele Instituto.

Assim a população do distrito de Ponta Delgada em 1950 será provavelmente de 183:000 presentes e o aumento andará por 17,5 por cento do número registado em 1940.

O exagero de 6:338 não tira o valor ao que segue.
Com a sua preocupação de achar o quantitativo provável da população activa agrícola micaelense em 1950, o engenheiro Pedro Cymbron desenvolve o seu raciocínio por esta forma:

O censo de 1940 (volume XXII, p. 354, quadro n.° 27) indica 31:590 a população agrícola activa (soma dos n.ºs 32 e 47 daquele quadro). Considero o aumento de 17,5 por cento sobre aquele número: 31:590 + 0,175 x 31:590 = 37:118.
Segundo toda a probabilidade haverá, pois, cerca de 37:000 rurais no distrito de Ponta Delgada. E evidente que alguns patrões proprietários, incluídos na população agrícola activa, não trabalham no campo, mas o seu número será suficientemente reduzido para o desprezarmos em estimativa sujeita a erros maiores.

Deduz a seguir 2:123 rurais da ilha de Santa Maria, com a nota de que a soma, 37:000, deve pecar por diferença para monos, visto que a percentagem dos rurais activos no distrito de Ponta Delgada, tirada dos números fornecidos pelo Instituto Nacional de Estatística, indica uma percentagem de 20,2, com se vê do quadro seguinte, enquanto que para as regiões que constituem as províncias do Alto e Baixo Alentejo, Minho, Trás-os-Montes e Alto Douro as percentagens são mais elevadas. Ora a verdade é que o distrito de Ponta Delgada, onde há poucas indústrias, não é menos rural. Assim, e a haver erro estatístico, como parece provável, o número de jornas será inferior àquele que foi encontrado.

QUADRO III

População

[Ver Tabela na Imagem]

Julgando, então, que a população agrícola activa micaelense deveria estar em 1950 acima de 35:000, mus tomando estes números para base, o engenheiro Pedro Cymbrom desconta-lhe 4:600 rurais com trabalho diário garantido {caseiros, estufeiros, feitores, etc., e camponeses que vivem ligados à pecuária) e termina:

Chego finalmente à conclusão de que para cerca de 30:400 rurais a terra micaelense só dá 2.800:000 jornas, aproximadamente, no decorrer dos doze meses, o que corresponde a noventa e dois dias de trabalho para cada camponês!
O espectáculo é este: 15 por cento dos rurais têm salário diário garantido; os 85 por cento restantes sofrem uma crise que se traduz em sòmente três meses e meio de trabalho por ano.