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12 DE MARÇO DE 1952 483

Quando vemos na nossa província do Alentejo a persistência de uma crise de trabalho, grave nas suas consequências económicas e sociais, não podemos deixar de pensar nas vantagens que poderiam advir para o Pais se esses braços tantas vexes parados pudessem encontrar nas nossas províncias de Angola e Moçambique possibilidades de criar riqueza, tornarem-se independentes e prósperos e colaborarem na obra de ocupação e valorização que ali temos de realizar. Ainda não lia muito tempo pudemos verificar que em Inglaterra se estuda com seriedade a possibilidade de se transferirem para os domínios ingleses 10 milhões de indivíduos, isto com o intuito de facilitar a vida em eu só de guerra aos 40 milhões restantes, pois parece demonstrado que para a sua alimentação bastaria o aproveitamento integral das possibilidades agrícolas do Reino Unido.
Eis a resposta a certas críticas reveladoras de espírito mesquinho e eivadas de sentimentalismo piegas e perfeitamente inadequado ao nosso tempo que apareceram ao ser alvitrado como remédio para as crises de trabalho alentejanas a emigração para as nossas províncias ultramarinas.
Grande crime que seria, na verdade, transformar trabalhadores agrícolas em novos e porventura remediados proprietários, cônscios da sua missão de tornar Portugal maior!
Para finalizar, quero dar a VV. Ex.ªs uma opinião autorizada:
O meu amigo e distinto engenheiro agrónomo Sr. Guilherme Guerra, director dos Serviços Agrícolas de Angola, promoveu em 1949 a realização de jornadas agronómicas, nas quais o engenheiro agrónomo Sr. Gomes Barbosa, tendo estudado num trabalho intitulado ao que nos mostra a experiência da Companhia do Caminho de Ferro de Benguela», concluía:

1.º A Companhia do Caminho de Ferro de Benguela realizou a mais bem conduzida e mais útil experiência de colonização de que há conhecimento em Angola;
2.º Conhecimentos obtidos da experiência aconselham a prossecução da colonização dirigida por empresas particulares (capitalistas ou cooperativas) dentro de normas estabelecidas pelo Estado;
3.º O Estado poderá instalar colonos, que dirigirá em moldes idênticos aos utilizados pela Companhia, desde que garanta - continuidade de orientação dos serviços de colonização.
Resumindo: a colonização impõe-se como uma obra grandiosa absolutamente indispensável.
Há condições favoráveis ao desenvolvimento da colonização voluntária, mas é indispensável amparar e proteger os colonos, pelo que é necessária uma organização cuidadosa.
A colonização orientada e dirigida dos económicamente débeis é também possível e utilíssima, carecendo de muito mais cuidados e dispêndios que a voluntária. Apesar disso, suponho que a não podemos dispensar.
E se juntarmos estes dois sistemas de colonização, se os realizarmos com a inteligência, o método e a grande persistência a que ultimamente o Governo da Nação nos tem habituado, estou convencido de que podemos transformar este sonho, que tem sido das nossas populações do Norte, transformar dizia eu - o sonho do
Brasil no sonho de Angola e Moçambique, o que seria proveitoso para nós, por ser feito em terra portuguesa, a qual - se valorizaria com o nosso esforço, a nossa fé, o nosso trabalho.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vou encerrar a sessão.
Convoco a Comissão do Política e Administração Geral para amanhã, às 14 horas.
A ordem do dia da sessão de amanhã é a mesma da de hoje.
Está encerrada a sessão.
Eram 18 horas e 15 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

Délio Nobre Santos.
Herculano Amorim Ferreira.
Jorge Botelho Moniz.
D. Maria Leonor Correia Botelho.
Miguel Rodrigues Bastos.
Teófilo Duarte.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Abel Maria Castro de Lacerda.
Alberto Cruz.
Alberto Henriques de Araújo.
Américo Cortês Pinto.
António de Almeida.
António Calheiros Lopes.
António Júdice Bustorff da Silva.
António de Matos Taquenho.
António de Sousa da Câmara.
Artur Proença Duarte.
Artur Rodrigues Marques de Carvalho.
Augusto César Cerqueira Gomes.
Avelino de Sousa Campos.
Carlos de Azevedo Mendes.
Carlos Vasco Michon de Oliveira Mourão.
Daniel Maria Vieira Barbosa.
Diogo Pacheco de Amorim.
Henrique dos Santos Tenreiro.
João Carlos de Assis Pereira de Melo.
João Cerveira Pinto.
João Mendes da Costa Amaral.
Joaquim Mendes do Amaral.
Joaquim de Oliveira Calem.
Joaquim de Pinho Brandão.
José Cardoso de Matos.
José Diogo de Mascarenhas Gaivão.
José Finito Meneres.
Luís Filipe da Fonseca Morais Alçada.
Luís Maria da Silva Lima Faleiro.
Manuel Cerqueira Gomes.
Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.
Pedro de Chaves Cymbron Borges de Sousa.
Vasco de Campos.

O REDACTOR - Luís de Avillez.

IMPRENSA NACIONAL DE LISBOA