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718 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 151

Propõem soluções contraditórias, soluções inverosímeis ou não propõem soluções nenhumas. Pois eu creio que, perante a complexidade, os circuitos inextricáveis, as obscuridades, os imponderáveis, as incertezas, os imprevisíveis, os factores inatingíveis, indomináveis vá o galicismo - incontroláveis, de repercussões internacionais no campo financeiro e no terreno económico, não se oferece à administração portuguesa outro caminho que não seja o seguido até agora em matéria de finanças públicas sob o magnífico impulso inicial e a superintendência de Salazar.
Com prudência e ponderação, mas com sentimento da oportunidade das providências a tomar, a consideração dos seus reflexos possíveis e sem desânimos, aliás desculpáveis nalguns espíritos timoratos perante o panorama actual do Mundo.
Na verdade, não só pode edificar uma política de prosperidade ou de simples salvaguarda da Nação Portuguesa no fatalismo abúlico, numa apatia descoroçoada ou num programa de desperdício, de dissipação ou de desordem.
Reparemos como grandes países se esforçam por regressar à ortodoxia dos equilíbrios de contas, das finanças saudáveis, da austeridade - como agora se diz, mas como nós já sabíamos há muito ...
Aplaudindo a política financeira do Governo, estou certo de que as restrições postas em execução não asfixiarão os serviços no que seja útil e essencial.
Por outro lado, com a repressão inexorável de todas as especulações, que, favorecendo alguns, prejudiquem a colectividade, acompanho a Comissão de Contas Públicas e o seu ilustre relator nos seus votos por que se fortaleça a armadura económica da Nação e se aumentem a riqueza e o rendimento nacionais, intensificando-se a produção mediante planos em que se utilizem devidamente os recursos (inclusive os humanos, entendo eu) da metrópole e do ultramar, em perfeita cooperação.
Suponho que o Governo tem em curso a elaboração desses planos, não faltando felizmente receitas, possibilidades larguíssimas de crédito e reservas enormes para fazer face aos encargos das realizações a prosseguir ou a empreender.
O que estacionou afinal não foi a grandiosa tarefa em curso, não foi a possibilidade da sua continuação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Apenas se afrouxou um ritmo por virtude de aguardar o ajustamento a um novo plano.
Não são os meios financeiros que faltam. Há-os felizmente em abundância. Mas seria uma loucura, um verdadeiro crime, gastá-los à toa. Seria inutilizar em pouco tempo o fruto de decénios de trabalho, de persistência, de sacrifícios.
É evidente, porém, que se impõe a maior atenção à evolução mundial, pois nenhum pais pode hoje considerar-se auto-suficiente, desligado do conjunto e desinteressado de inovações autenticamente fecundas.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Os acontecimentos externos desafiarão as mais razoáveis previsões? Paciência! Evitemos, entretanto, perder o domínio dos nossos destinos. Mesmo com sacrifícios, ,é melhor uma mediania calma e confiante do que uma falsa prosperidade de fachada, alimentada por elixires e panaceias de nula eficácia e, não raro, de conteúdo perigosamente destruidor. Quando, porém, não fosse possível neutralizar vitoriosamente o poder dos factores mundiais de ruína, miséria e escravidão, ficaria ao menos desta época da história portuguesa, da época
de Salazar, a recordação alta dum esforço persistente e heróico pela verdade e pelo bem humano, duma tarefa luminosamente concretizada em hospitais, escolas, casas para lares de trabalhadores, estradas, monumentos, combate ao desemprego, mil outras realizações, sobretudo numa clara e fecunda intenção de justiça social, de paz e fraternidade, de progresso e engrandecimento moral e material duma pátria.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Amanhã haverá duas sessões: uma da parte da manhã, outra da parte da tarde. A sessão da parte da manhã, que se realiza às 10 horas e 30 minutos, terá por ordem do dia a discussão da proposta de lei relativa aos automóveis do Estado.
Da parte da tarde a sessão terá por ordem do dia a continuação da apreciação das Contas Gerais do Estado e da Junta do Crédito Público, continuando inscrito o aviso prévio do Sr. Deputado Manuel Lourinho.
Está encerrada a sessão.
Juram 18 horas e 15 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

António Calheiros Lopes.
António Pinto de Meireles Barriga.
Carlos Maatero Belard.
Délio Nobre Santos.
João Carlos de Assis Pereira de Melo.
Manuel Maria M árias Júnior.
D. Maria Baptista dos Santos Guardiola.
D. Maria Leonor Correia Botelho.

Srs. Deputados que faltaram à sessão:

Abel Maria Castro de Lacerda.
Alberto Cruz.
Américo Cortês Finito.
Artur Rodrigues Marques de Carvalho.
Augusto César Cerqueira Gomes.
Carlos de Azevedo Mendes.
Carlos Vasco Michon de Oliveira Mourão.
Daniel Maria Vieira Barbosa.
Gaspar Inácio Ferreira.
Henrique dos Santos Tenreiro.
João Alpoim Borges do Canto.
João Ameal.
João Cerveira Pinto.
João Metades da Costa Amaral.
Joaquim Meardes do Amaral.
Joaquim de Moura Relvas.'
Joaquim de Pinho Brandão.
José Cardoso de Matos.
José Gualberto de Sá Carneiro.
José Finito Meneres.
José dos Santos Bessa.
Luís Filipe da Fonseca Morais Alçada.
Luís Maria da Solva Lima Faleiro.
Manuel Cerqueira Gomes.
Manuel Lopes de Almeida.
Pedro de Chaves Cymbron Borges de Sousa.
Sebastião Garcia Ramires.
Teófilo Duarte.
Vasco de Campos.
Vasco Lopes Alves.

O REDACTOR - Luís de Avillez.

IMPRENSA NACIONAL DE LISBOA