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19 DE ABRIL DE 1952 755

Reflectindo sobre estes resultados postos em evidência pelo já citado economista inglês Colin Clark em 1940, Jean Fourastié foi levado a atribuí-los a uma causa - o progresso técnico, medido pela produtividade do trabalho humano.

o passo que os povos cultos se iam industrializando, aperfeiçoando os seus meios de transporte e melhorando os processos de fabrico, a produtividade por habitante aumentava. Este acréscimo de produtividade te vê como consequência imediata o aumento da população. E como este foi mais lento do que aquele, o nível de vida aumentou, bem como o volume dos capitais.
Ao mesmo tempo que as nações cultas se enriqueciam de homens e bens, o nível de vida dos seus habitantes subia.
As subsistências e a riqueza, no geral, cresceram mais rapidamente do que a população, ao contrário do que sucedera no passado e do que supusera Malthus. Foi esta a feição mais relevante da revolução industrial.
Todavia este aumento de produtividade não foi uniforme, isto é, não foi igual tem todos os ramos de actividade humana. Dum modo geral pode dizer-se que foi máximo no sector secundário, ou seja nas indústrias; médio no sector primário, que é o sector agrícola, e mínimo no sector terciário ou dos serviços.
Mas isto só dum modo geral, que admite excepções. Por exemplo, antes de 1800, para segar, atar e malhar um quintal de trigo eram precisas três horas de trabalho humano; actualmente bastam dez minutos, ou soja dezoito vezes menos tempo. Grande progresso, apesar de se tratar duma actividade do sector primário.
Por sua vez a fundição de sinos faz-se hoje exactamente como na Idade Média. Nesta actividade, apesar de incluída no sector secundário, não houve progresso.
Os transportes, que estão no sector terciário, ou seja, de progresso mínimo, são dos ramos de actividade onde o avanço se tornou mais evidente.
Estas anomalias levaram Jean Fourastié a propor que as actividades se agrupassem segundo o grau de progresso técnico atingido, ficando no sector primário as de progresso técnico médio; no secundário as de progresso técnico máximo e no sector terciário as de progresso técnico mínimo ou mesmo nulo. O panorama de conjunto não é muito alterado, mas as características de cada um dos sectores ficam definidas com mais precisão e as suas propriedades tornam-se mais acentuadas.
O progresso técnico, entendido no sentido em que Jean Fourastie o definiu, lança muita luz sobre o urbanismo e a emigração para o ultramar, mas ainda não explica tudo. Há nos efeitos da revolução industrial um elemento psicológico com que não contamos ainda e que é também possível pôr em evidência pelo método estatístico. Refiro-me à estrutura do consumo por níveis de rendimento.
Colin Clark, servindo-se de estatísticas norte-americanas, inglesas, alemãs, irlandesas, suecas, canadianas e australianas, fez um quadro muito elucidativo da estrutura média do consumo por pessoa ocupada, segundo os ganhos anuais. Tomou para moeda de conta a unidade monetária internacional, I. U., que se define pelo poder de compra médio do dólar americano no período de 1920-1934. O quadro é o seguinte:

Relação funcional entre os níveis do rendimento real e a estrutura do consumo

[ver quadro na imagem]

Diz-nos este quadro que um trabalhador que ganhe 100 unidades monetárias, digamos, 100 dólares por ano, gasta 60,5 em comida; 7,5 em vestuário; 11 em renda de casa; 7,5 em luz e aquecimento, e 13,5 nas restantes despesas.
Um trabalhador que ganhe 200 dólares por ano, ou mais, gasta mais dólares em todos estes capítulos, mas nem sempre as percentagens correspondentes variam do mesmo modo.
Assim, na série de salários que vai de 100 dólares anuais a 1:200, a despesa com a alimentação sobe sempre, mas a percentagem dessa despesa a respeito dos ganhos desce. Quanto mais um trabalhador ganha, menos gasta em comida relativamente.
É evidente que, se um trabalhador ganhar tão pouco que mal lhe chegue para comer, andará esfarrapado e meterá tudo à boca. Mas, se for melhorando de sorte, chegará um momento em que tratará de se vestir melhor e de viver com mais conforto. Chamaremos a este momento ponto de saturação.
Podemos dizer, pois, que o ponto de saturação do consumo de géneros alimentícios está abaixo de 100 unidades internacionais de rendimento anual por pessoa ocupada.
No que respeita à luz e aquecimento, as coisas passam-se do mesmo modo. A parte da despesa correspondente desce desde 7,5 por cento para o ganho de 100 dólares, até 3,5 por cento para um ganho de 800 dólares. Daí em diante mantém-se a mesma percentagem, pelo menos até ao ganho de 1:200 dólares.
Com o vestuário as coisas passam-se doutro modo. A parte desta despesa, que começa em 7,5 por cento, sobe até ao máximo de 14 por cento, atingido o nível de 500 dólares; fica a mesma até ao nível de 600 dólares; em seguida começa a descer até 12,5 por cento, ao nível de 1:200 dólares.
A saturação neste capítulo da despesa atinge-se ao nível de 500 dólares anuais.
Na renda de casa a percentagem sobe sempre, desde 11 por cento a 15 por cento a que chega ao nível de 1:000 unidades. Mantém-se constante até ao nível de