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1060 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 168

Entre nós, só a partir de 1940 foi encarado decididamente o problema. Resolveu-se então autorizar a instalação imediata de duas fábricas de sulfato de amónio, uma em Estarreja (Amoníaco Português) e outra em Alferrarede (União Fabril do Azoto), e de uma fábrica da cianamida cálcica em Canas de Senhorim (Companhia dos Fornos Eléctricos), deixando para fase complementar a produção dos adubos nítricos.
Com essas três unidades, das quais as duas primeiras já entraram em (exploração, fica-se apetrechado para as seguintes médias de fabrico:

Toneladas

Sulfato de amónio:

Amoníaco Português...................... 23:000
União Fabril do Azoto................... 31:000 54:000
Cianamida cálcica....................... 10:000

2. As duas fábricas actualmente em laboração produzem por via electrolítica o hidrogénio necessário à síntese do amoníaco.
Esta solução apareceu como a única imediatamente possível em Portugal quando se concederam as respectivas licenças, já por não serem conhecidas reservas suficientes de carvões nacionais podendo servir de base ao fabrico químico do hidrogénio, já porque a técnica de gasificação desses carvões era, ao tempo, deficiente ou de resultados económicos duvidosos.
Constituía, por outro lado, necessidade premente do abastecimento nacional a instalação da indústria, do azoto no País.
A guerra fazia sentir os seus efeitos, provocando a rarefacção no mercado vendedor de sulfato de amónio - fenómeno que dois anos depois se acentuava fortemente, encarecendo o adubo de modo incomportável.
A importação, que em 1939 fora de 69:000 toneladas, desceu para 51:000 em 1940 e para 198 em 1942. Entre 1943 e 1946 a média importada não excedeu 5:500 toneladas anuais, contra 65:000 no triénio anterior à guerra. O preço médio ascendia também de 975$ por tonelada em 1939, a 1.400$ em 1940 e a 3.100$ em 1944.
Este conjunto de circunstâncias e ainda o desenvolvimento previsto da produção hidroeléctrica e a necessidade de assegurar condições estáveis à produção, tanto no que respeita a preços como a eventuais rarefacções das matérias-primas indispensáveis, conduziram à escolha do método adoptado.
Hoje, porém, o problema toma novo aspecto.
Sabe-se que podemos dispor de matérias-primas nacionais em quantidade suficiente para a produção química do hidrogénio de que carecemos, para um auto-abastecimento em fertilizantes derivados do amoníaco sintético e os processos de gasificação dos combustíveis pobres sofreram grandes aperfeiçoamentos.
Outro produto vai ser fabricado em Portugal com a entrada em laboração das projectadas instalações da refinaria nacional de petróleos - os gases de cracking, que constituem fonte económica da obtenção de hidrogénio e cuja utilização abre novas perspectivas à, técnica da produção.
A 2.º fase do realizações no campo da produção nacional de adubos sintéticos amoniacais parece, pois, dever orientar-se para o fabrico do hidrogénio químico, tanto, mais que este processo, além de exigir menor consumo de energia eléctrica, permitirá obter custos de produção mais económicos e reduzir, assim, o preço médio do adubo.

3. O consumo do azoto em Portugal, apesar de Ter ascendido, entre 1937 a 1951, de 4,6 a 8 quilogramas por hectare cultivado, não atinge ainda no nosso país quantitativos comparáveis aos que alcançou em outros países do Ocidente da Europa. A utilização unitária desse fertilizante exprime-se, efectivamente, por 59,2 quilogramas por hectare na Holanda; 43,5 na Bélgica; 23,8 na Alemanha, e 18,1 na Inglaterra.
É, pois, tão reduzido o consumo nacional de azoto e tão imperiosa a necessidade de o elevar para indispensável acréscimo da produção agrícola, que pode prever-se seguramente um aumento substancial e mais ou menos rápido da sua utilização.
Não é, porém, possível determinar com igual segurança a composição qualitativa do consumo, dado que por toda a parte as preferências da lavoura parecem dirigir-se decididamente para o emprego cada vez mais intenso dos nitramoniacais.
No conjunto dos países participantes da O. E. C. E. a percentagem da adubação azotada distribuiu-se assim em ]949:

Percentagens

Nitrato de amónio........................ 34
Outros nitratos.......................... 18,5
Sulfato de amónio........................ 19,2
Mistos e compostos....................... 18,2
Não especificados........................ 1,7

Em Portugal o consumo de nitramoniacais tende também a desenvolver-se a cadência acelerada, tendo subido de 7:521 toneladas em 1949-1950 para 13:898 na última campanha. Ao mesmo tempo a posição do sulfato de amónio, relativamente ao consumo total de azotados, desceu de 83 por cento em 1939 para 69 por cento em 1951.
Convém, pois, enquanto as tendências do consumo se não definem mais nitidamente, dimensionar com prudência o complemento das actuais instalações, sem prejuízo de se assegurar desde já inteiramente o abastecimento nacional.
Vai, assim, obter-se pelo hidrogénio químico uma produção anual de 60:000 toneladas de sulfato de amónio, que, juntas às 54:000 produtíveis pelas unidades em laboração, perfazem as 114:000 exigidas pela satisfação total das actuais necessidades do País.

4. A 2.ª fase da produção de sulfato de amónio inicia-se com este plano, e dentro dele ficará concluída. Contudo, a fábrica do Amoníaco Português ainda exige dispêndio, embora diminuto, para finalização da 1.º fase.
De modo que se prevêem os seguintes investimentos na indústria de azotados:

Contos

Amoníaco Português.......................... 15:000
2.ª fase do sulfato de amónio (produção de
hidrogénio por via química)................. 150:000
165:000

VII

Folha-de-flandres

1. O abastecimento do País em folha-de-flandres tem estado inteiramente dependente das possibilidades de fornecimento do estrangeiro, e este nem sempre é regular, oportuno e suficiente.
Como se verifica do quadro seguinte, o valor médio anual das importações de folha-de-flandres no último decénio andou à volta de 80:000 contos, para um consumo médio da ordem das 15:000 toneladas.