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1122 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 168

vembro e Dezembro forem normalmente chuvosos, deduzirmos 230 milhões, que deverá ser sensivelmente, nessa hipótese, o consumo da electroquímica, encontramos 1 160 milhões para satisfação dos consumos permanentes, em vez de 1 210.
Há porém que fazer uma correcção. Aqueles 1210 milhões representariam a produção hidráulica que deveria verifica-se em 1952 se todo o consumo do País, exceptuada a electroquímica, pudesse ser alimentado por ela. Mas tal não se verifica. A central de Massarelos, no Porto, cliente de longa data dos carvões mais pobres de S. Pedro da Cova, não se apagou quando apareceram as novas hidroeléctricas, e é aceite como normal que continue a laborar enquanto convier, o que, presume-se, acontecerá ainda por alguns anos. Serão, em média, 30 milhões de kilowatts-hora que as hidroeléctricas não terão de abastecer.
Por outro lado, as pequenas centrais térmicas de serviço público ou particular não vão apresentar-se instantaneamente como clientes da grande rede. A sua existência tem uma de duas justificações: ou se trata de centrais que pela natureza especial da indústria que alimentam têm condições favorecidas de laboração que a rede pública não pode bater, ou são centrais nascidas da inexistência da grande distribuição e que só lentamente irão desaparecendo à medida que as linhas de alta tensão se forem estendendo a novos concelhos.
Para proceder com rigor deveremos pois abater à produção total as parcelas seguintes:

Milhões de kilowatts-hora
Produção média de Massarelos........... 30
Produção média das pequenas centrais
térmicas públicas ou particulares...... 60
Total.................................. 90

Daqui resulta uma primeira diminuição dos deficits previstos.
Por outro Lado, no n.º l do capítulo III do Plano figura uma tabela de previsões, onde se somaram aos consumos permanentes os consumos da electroquímica, computados estes em 180 milhões para 1952 e 250 milhões nos anos seguintes.
Mas esta soma não é legítima, porque em produção hidroeléctrica 2 e 2 nem sempre são 4. Como os consumos da electroquímica são, pelo menos em parte, temporários (e é assim em toda a Europa), 10 kWh consultados em electroquímica não absorvem 10 kWh permanentes na central que os produzir, mas apenas 2, 4 ou 6, consoante o grau de permanência do fornecimento; e assim, ao fazer-se a soma de energias permanentes e temporárias e ao comparar-se essa soma com as produções permanentes dos novos aproveitamentos, encontra-se um saldo negativo fictício, que é na realidade muito menos alarmante do que aquilo que aparenta, porque a produção temporária das centrais não está incluída na produção permanente, mas é um suplemento que se lhe deve somar. Daqui resulta uma segunda redução dos deficits.
Acresce ainda que os números oficiais que medem a capacidade de produção permanente de um aproveitamento são algumas vezes calculados por defeito em relação à média, porque se referem a anos secos, por natural prudência dos autores dos projectos; e esta nova diferença contribui ainda para atenuar os saldos negativos que vimos comentando. Mas esta possível correcção não a faremos, porque seria ousado fazê-la; deixemo-la, nos casos em que exista, como margem de segurança da nossa estimativa.
Procuremos então organizar uma nova tabela de necessidades de produção. Como o objectivo directo do Plano é satisfazer as exigências da rede eléctrica nacional (conjunto das redes interligadas subordinadas ao Repartidor Nacional de Cargas), parece mais exacto pôr de parte toda a produção particular e a produção pública das pequenas centrais térmicas ou hidráulicas não integradas no Repartidor e limitar aos sistemas abrangidos por este as estimativas da necessidade de produzir e da capacidade de o fazer. É, aliás, nestes sistemas que principalmente se faz sentir a evolução do consumo; a posição dos restantes é quase constante. Acresce que o Repartidor Nacional de Cargas abrange u grande massa da produção (à roda de 90 por cento do total do País) e temem relação a essa parcela estatísticas mais actualizadas, que nos poderão permitir maior acerto na extrapolação das necessidades nos futuros seis anos que o Plano alcança.
Partamos do número já indicado de 1 390 milhões de kilowatts-hora, que deve medir com suficiente rigor a produção total do ano corrente. Para determinarmos a produção hidráulica permanente das empresas que fazem parte do Repartidor Nacional de Cargas bastar-nos-á efectuar a operação seguinte:

Milhões de kilowatts-hora
Produção total do País ......... 1 390

A deduzir:

Electroquímica.......... 230
Massarelos ............. 30
Serviço particular...... 80
Serviço público não integrado no Repartidor Nacional de Cargas...... 50 390

Energia permanente das centrais integradas no Repartidor Nacional de Cargas (sem Massarelos)...... 1000

Esta produção tem aumentado no nosso país na última meia dúzia de anos (exceptuado 1949, em que houve severas restrições) um pouco móis de 13 por cento ao ano; em 1952 a estatística até ao fim de Agosto acusa 12,4 por cento.
Parece prudente admitir nos próximos seis anos um ritmo constante de crescimento de 12,5 por cento, por ser pouco provável que venha a sentir-se neste período algum princípio de saturação, fenómeno que as estatísticas eléctricas do Mundo inteiro não conhecem, tanto mais que o programa industrial abrangido pelo Plano não deixará de fazer sentir o seu peso no consumo da energia. Supõe-se que nenhum acontecimento de natureza económica ou militar nos afectará a vida no próximo sexénio.
As necessidades de produção hidráulica permanente serão assim, arredondados os números à dezena de milhões:

Milhões de kilowatts-hora

1952 ................ 1 000
1953 ................ 1 130
1954 ................ 1 270
1955 ................ 1 420
1956 ................ 1 600
1957 ................ 1 800
1958 ................ 2 030
1959 ................ 2 280