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21 DE NOVEMBRO DE 1952 1133

com o que abre caminho para o aumento do índice de octano da gasolina de turismo de 72 para 75, quando tal for reputado necessário, de acordo com a tendência que se esboça; passa a produzir uma gama de solventes e de combustíveis para fins especiais, que hoje não produz; e dá-nos um volume apreciável de gases, podendo servir de combustível ou de matéria-prima para outras indústrias, nomeadamente a dos azotados.
Num ponto, que seria interessante conhecer, se mostra omisso o relatório do Plano: no estado actual das pesquisas de petróleo no nosso país. Não tem sido das mais felizes a história deste empreendimento, que começou em 1938, e fica-se sem saber se o silêncio que o tem rodeado nos últimos anos é sinal de rumo seguro ou de regresso à confusão em que já viveu.
Termina a secção de Electricidade e combustíveis da Câmara Corporativa dando o seu inteiro acordo à ampliação e modernização cia refinaria de Cabo Ruivo.

Adubos azotados

1) A posição actual

Está fora de discussão o interesse que representa para qualquer país a indústria dos azotados, e o propósito, evidenciado no Plano, de acrescentar o equipamento de tal indústria encontra, nesta secção pleno assentimento. Só o pormenor poderá levantar divergências de opinião.
De facto, a indústria, dos azotados, tal como hoje se encontra equipada (não esquecendo que 1952 foi o seu primeiro ano de laboração), está ainda longe de satisfazer as necessidades do País. Se excluirmos a cianamida cálcica, que não é obtida a partir do amoníaco e cuja fábrica ainda está em montagem, encontraremos que foi de 144 000 t a importação que se fez em 1951 de sulfato de amónio e nitratos, enquanto as nossas duas fábricas de amoníaco (Estarreja e Alferrarede), dispondo hoje de uma potência eléctrica conjunta de 37 000 kW, são capazes de produzir em sulfato de amónio, supondo um ano de chuvas normais que permita dar-lhes 6 000 horas de utilização anual (ordem de grandeza do máximo que se encontra pela Europa), são capazes de produzir - repete-se - apenas umas 63 000 t. Se, como se espera, estas duas fábricas aumentarem a sua potência de electrólise em õ 000 kW cada uma a sua produção poderá subir dentro de dois anos, supondo a mesma utilização, para cerca de 80 000 t - 36 000 em Estarreja e 44 000 em Alferrarede -, implicando um consumo de 280 milhões de kilo-watts-hora de energia de -nove meses. Foi este o número que se considerou nas previsões de consumo da energia eléctrica.
Interessa naturalmente, concluída esta 1.ª fase das duas fábricas, cuidar de novo aumento da sua capacidade de produção, para tirar todo o proveito que pode dar a concentração do fabrico, de que resulta melhor utilização das instalações e maior diluição dos gastos gerais. Esta doutrina é, aliás, válida para todas as instalações industriais, em grau maior ou menor.
Não é prudente, dentro dos seis anos do Plano, isto é, enquanto não estiver em laboração uma central do Douro, pensar no aumento da potência, eléctrica destas fábricas além da que ficou indicada, porque as disponibilidades de energia não são muito folgadas. Já no quadro das indústrias-base que figurou no relatório da proposta de lei de fomento e reorganização industrial, de Maio de 1944, se não foi além de 330 milhões de kilowatts-hora como consumo desta indústria. Os nossos recursos não são ilimitados (poderão computar-se em 10 000 milhões entre energia permanente e temporária) e há que coutar com outras indústrias electroquímicas ou electrometalúrgicas que certamente não deixarão xle se instalar no futuro.
Por outro lado, a escolha do método electrolítico para estas primeiras unidades resultou, além do mérito próprio que analisaremos adiante, do facto de que à data do seu licenciamento não havia, outros recursos nacionais conhecidos para, produzir hidrogénio e se, pretendia pelas razões que bem se compreendem, dar aos azotados condições de estabilidade de preço e de abastecimento. Mas, dentro, destes princípios, não faria sentido que esta indústria dependesse exclusivamente da energia hidroeléctrica, em parte temporária, para a produção do hidrogénio, sabido que a energia disponível é fortemente variável de ano para ano e que as limitações de consumo, quando necessárias, começam em toda a parte pelas indústrias electroquímicas, não só porque são grandes consumidoras e com a sua paragem se consegue o máximo de benefício com o mínimo de perturbação social, mas ainda porque, exigindo a natureza da sua actividade a aplicação de tarifas: de energia muito reduzidas, há certa compensação em as tomar como volantes do consumo. Sempre o trabalho da electrólise foi considerado temporário, pela impossibilidade de ser de outra maneira, entre nós como no resto da Europa; e a ideia de preencher este vazio com hidrogénio de outra origem nasceu naturalmente...
Na época em que estes assuntos se ventilaram entre nós só as lignites da Batalha ofereciam condições conhecidas de gasificação, mas a sua pequena quantidade dificilmente justificava o estabelecimento da indústria baseada nelas. Hoje dispõe a técnica de outros recursos, que nos permitem encarar novas soluções: as lignites de Rio Maior, cuja existência averiguada é de 25 milhões de toneladas, e as antracites durienses, estas ainda com dificuldades técnicas, aliás comuns a todas as antracites. As lenhas, em que se falou muito no início, oferecem também uma técnica duvidosa e têm o inconveniente grave de sofrerem loucas e irreprimíveis flutuações de preço.
Entre as matérias importadas contam-se o carvão de coque, o fuel-oil e, como última solução aparecida, os gases de cracking da refinaria da Sacor: O coque, o mais clássico gerador de hidrogénio nos países que o produzem, nunca foi considerado nos primeiros projectos, por ser produto de importação e ser mesmo impossível de obter nessa data, porque sé estava em plena guerra; mas ainda depois disso ele não tem reunido a unanimidade das opiniões quanto à conveniência do seu emprego. O fuel-oil, como a antracite, não é solução habitual, porque o seu êxito ainda não parece seguro na produção de gás de síntese; e acrescem as reservas já formuladas para o coque.

2) O hidrogénio electrolítico

Antes de enunciar a solução que se preconiza quanto ao futuro da indústria dos azotados, é conveniente fixar algumas ideias sobre as virtudes relativas das duas vias de produzir hidrogénio - electrolítiça e química -, dado que o hidrogénio químico tem sido algumas vezes apresentado, não como solução prevista para vir oportunamente colaborar na produção de amoníaco, mas como inovação que vem fazer concorrência ao hidrogénio electrolítico. O próprio relatório do Plano não foge a anunciar que ele virá reduzir o preço médio do adubo.
A noção de que o hidrogénio electrolítico é mais paro do que o hidrogénio químico nasceu nos países do centro da Europa e na América do Norte, onde a produção de hidrogénio, pelas condições naturais, é feita quase exclusivamente por via química. O aproveitamento de subprodutos, como gases de fornos de coque, gases de