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21 DE NOVEMBRO DE 1952 1137

A central de Belver é especialmente citada, por ser a única que deverá entregar obrigatoriamente metade da sua produção anual à electroquímica e por ter sido aquela em que incidiu um estudo detalhado do custo de produção, feito pelas entidades oficiais, com o maior rigor, para este efeito: o fornecimento ao amoníaco.
Torna-se, porém, indispensável que seja elaborado um cálculo em bases idênticas para a indústria dos adubos azotados, a fim de que se estabeleça uma rentabilidade sã, tanto para os aproveitamentos hidroeléctricos como para as fábricas de amoníaco por eles alimentadas. Se assim não suceder, o capital privado perde a confiança, retrai-se e expatria-se, deixando cair sobre o Estado todo o peso dos encargos das futuras barragens, o que limita, grandemente a sua construção e provoca um manifesto atraso ao fomento do País.
Raul da Costa Couvreur.
Mário Gonçalves.

ANEXO IV

Parecer subsidiário da secção de Indústrias metalúrgicas e químicas

(Siderurgia)

A secção de Indústrias metalúrgicas e químicas da Câmara Corporativa, à qual foi agregado o Digno Procurador José do Nascimento Ferreira Dias Júnior, consultada sobre o capítulo IV «Siderurgia» do Plano de Fomento, emite o seguinte parecer subsidiário:

Consagrando afirmações muitas vezes repetidas e estudos dispersos que vêm de longa data, o Plano de Fomento veio demonstrar mais uma vez, em síntese clara e expressiva, no capítulo 4.º da parte I do seu relatório prévio, a importância da indústria siderúrgica como elemento imprescindível na futura expansão económica e social do País.
Sendo a siderurgia a base indispensável das indústrias metalomecânicas, e competindo a estas um papel essencial no desenvolvimento de todas as outras actividades produtoras, não poderá conceber-se logicamente a valorização económica da metrópole e do ultramar nos anos vindouros sem a constituição dessas indústrias fundamentais. Só pela instalação da siderurgia e pelo incremento, em condições favoráveis, das indústrias metalúrgicas e metalomecânicas poderá a economia nacional contar com grande parte dos fornecimentos de máquinas e equipamentos indispensáveis ao seu progresso, sem incomportável pressão na balança de pagamentos e desequilíbrios cada vez mais acentuados na balança comercial.
Verifica-se hoje em quase todos os países, incluindo os que já contam extensas tradições na. exploração da indústria siderúrgica, uma tendência acentuada para o aproveitamento de minérios de fraco teor de ferro e elevado teor de sílica, e outros elementos. Observa-se também em muitos casos o recurso a minérios, combustíveis ou sucatas importados, com o objectivo de atender primacialmente às necessidades cada vez mais avultadas de consumo de laminados nos respectivos mercados internos. Assim se procura evitar a carência de tais produtos básicos ou a sua importação por preços que atingem com frequência elevados níveis.
Demais, a experiência recente tem comprovado que os preços e as quantidades disponíveis para fornecimentos externos desses produtos estão muitas vezes sujeitos a oscilações que não permitem estabilizar em escala conveniente a laboração das indústrias dependentes da sua regular entrega e utilização.
Os capitais muito consideráveis a investir na. instalação da indústria siderúrgica justificam, u leni disso, todos os cuidados no estudo técnico-económico da solução ou soluções a adoptar; mas também não podemos, quando se considera o problema nas condições específicas do nosso país, deixar de encarar com voluntária e decidida prioridade todas aquelas que favoreçam a utilização dos nossos recursos em minérios de ferro, resíduos de pirites, sucatas, combustíveis e energia eléctrica.
Sabe-se sobejamente que o problema da siderurgia, pela importância fundamental que reveste para o nosso país e para o futuro da sua economia, foi já estudado em numerosos relatórios de engenheiros portugueses e estrangeiros, com grande dispêndio de trabalho e, em certos casos, de dinheiro. Mas sempre o foi por forma tão dispersa, que, através dos estudos realizados, não se conseguiu ainda traçar uma orientação definitiva para a sua realização.
No entanto, pelas experiência?, já realizadas em Portugal, pelo conhecimento de instalações a laborar com plena viabilidade industrial em vários países e produzindo gusa. ou lupa nu base de minérios inferiores aos nossos e de combustíveis semelhantes aos que podemos obter do subsolo nacional, podemos admitir seguramente que não será difícil definir, em curto espaço de tempo e sem hesitações, o caminho a seguir neste capital problema da nossa economia futura.
A utilização das magnetites de Vila Cova, em forno eléctrico Tysland-Hole o produzindo anualmente, de início, cerca de 20 000 t, com o emprego das disponibilidades previstas de 50 milhões de kilowatts-hora, já não depende de nenhum problema técnico a considerar e estudar préviamente, quer se apliquem como agente redutor os carvões vegetais nacionais em exclusivo, ou os carvões mistos, nacionais e importados. Existem em funcionamento na Europa dezenas de instalações desse tipo cujas condições, de laboração, tanto técnicas como económicas, podem facilmente ser verificadas e que não podem deixar dúvidas sobre o êxito de tal processo em Portugal.
Por outro lado, a utilização dos resíduos de pirites em fornos rotativos, produzindo gusa e cimento e tendo como matéria-prima básica as 120 000 t anuais de resíduos com o teor médio de 60 por cento de ferro de que o País pode dispor, também não pode suscitar grandes hesitações.
A demonstração da sua viabilidade está feita, não só pela experiência em escala industrial que a fábrica de cimentos de Alhandra levou a cabo em 1940-1043, empregando o processo Busset como pelo elevado número de instalações que recorrem hoje a tal processo em diversos países da Europa, incluindo a França, a Alemanha, a Dinamarca, etc. Nessas instalações siderúrgicas produz-se gusa em boas condições económicas, pelo processo aperfeiçoado Busset-Smidth, obtendo qualidades excelentes que permitem o emprego da matéria-prima nas indústrias do aço e até nas fundições, depois de preparada adequadamente para tal efeito.
Sabe-se que existem actualmente no nosso país fornos de cimento em número elevado e dispondo de capacidade superior às necessidades normais do consumo e possibilidades presentes de exportação. A adaptação de tais unidades fabris, nos casos reconhecidos, como mais convenientes, ao fabrico de gusa pelo (processo Basset-Smidth, além de não implicar o investimento de capitais muito avultados, permitiria uma exploração económica muito mais favorável de valores industriais