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26 DE NOVEMBRO DE 1952 4-(11)

mente normal fazer-se na medida apenas do interesse jornalístico da notícia, é feito entre nós com um desenvolvimento e uma profundidade que não tem par em qualquer imprensa estrangeira de nosso conhecimento.
Com efeito, ao labor ímprobo e intenso e à gestão notabilíssima do Governo e da Assembleia Nacional na elaboração de diplomas legais e regulamentares que se tornam necessários para uma progressiva melhoria da vida social e da administração do Estado corresponde a imprensa, não só com o comentário que se lhe augura justo e útil, mas até transcrevendo na íntegra, com o possível destaque, os diplomas mais importantes, que frequentemente ocupam várias páginas de um mesmo número do jornal, isto em detrimento de outro noticiário também com interesse jornalístico e de publicidade paga, que tem de ser posta de parte - e esta é a principal fonte de receita para ocorrer aos enormes encargos que oneram as empresas, tanto mais quanto é certo estarem os jornais sujeitos a um número máximo de páginas que podem utilizar.
Não obstante as circunstâncias apontadas, a imprensa procede como acabei de referir, deliberada e voluntariamente, convencida de que, assim, melhor serve os interesses nacionais. E é isto, e só isto, que especialmente pretendo acentuar.
Nem a minha insuficiência, como o mais humilde representante que ainda teve este organismo - tiveram esta qualidade, antes de mim e nela brilharam o espírito gentil de Eduardo Schwalbach e o perfeito homem de bem que foi o cónego Pais de Figueiredo, dos quais guardo saudosa memória, sempre viva no meu coração, e os meus dilectos e admirados amigos Srs. João Pereira da Rosa e Augusto de Castro -, nem a minha insuficiência, dizia eu, me inibe de cumprir este dever, pondo em destaque, nas breves palavras mie acabei de proferir, o contributo importante e construtivo dado ao País pelas empresas jornalísticas que constituem o Grémio Nacional da Imprensa Diária.
Estou certo de que, muito mais do que eu disse acerca da minha representação, poderiam todos e cada um dos Dignos Procuradores afirmar em relação às respectivas actividades. Todas as corporações e organismos dignamente representados nesta Câmara cumprem indeclinàvelmente os seus deveres. E, assim, todos vamos carreando materiais para a consolidação e o engrandecimento da organização corporativa portuguesa.
Sr. Presidente: atravessa a humanidade um dos períodos mais agitados e graves que regista a História.
Uma teoria bélica constante e ininterrupta tem abalado o Mundo desde tempos imemoriais. Guerras e invasões, cada vez mais truculentas e ferozes, em ritmo crescente, qual cavalgada apocalíptica, espalharam a morte, o terror e a fome.
No princípio do século actual, quando o génio do homem criara, já condições de que seria lícito esperar relativa quietude e melhoria das condições de vida, a ambição desmedida dos homens fez desencadear a guerra mundial de 1914-1918, que também a nós portugueses afectou duramente em vidas e bens; e no curto período de uma geração - consequência quiçá de erros dos homens responsáveis na elaboração das condições de paz do Tratado de Versalhes - eclodiu a segunda guerra mundial de 1939, ambas de consequências tão funestas como nunca anteriormente se haviam verificado.
É ainda no rescaldo desta guerra que nações o povos vivem e sofrem...
E - paradoxo cruel! - parece que as condições de paz traziam consigo os germes propícios à eclosão das guerras.
Com efeito, é lógico atribuir à cláusula da rendição incondicional imposta a um dos países beligerantes vencido, cuja situação geográfica lhe dava condições especiais para se opor um dique às arremetidas moscovitas contra o Ocidente e a civilização cristã, a situação desconcertante e aflitiva em que o Mundo se debate, Mundo em que impera a desconfiança, a incerteza do futuro, o medo irreprimível de que, de um momento a outro, deflagre um cataclismo que tudo subverta. E, para além de uma cortina intransponível, povos e nações encontram-se em estado de prisioneiros, inteiramente privados de vontade própria, de autodeterminação, subjugados irremediavelmente pela prepotência e pelo terror.
Ante este triste panorama só uma solução se impõe: a união dos povos de civilização ocidental, que aliás está sendo afanosamente procurada pelos governantes e da qual há-de sair um bloco irresistível que o inimigo não poderá transpor.
Não somos, evidentemente, imunes ao que só passa lá fora. Os perigos que ameaçam os outros povos podem chegar até nós.
Mas é consolador verificar que, em meio de um mundo revolto, todo o Portugal, não só metropolitano, como insular é ultramarino, vive numa atmosfera de paz, onde reina a ordem e o trabalho frutifica, onde o progresso se acentua numa obra maravilhosa, sempre e cada dia maior, patente a todos que não queiram fechar os olhos à evidência dos factos, sob a superior orientação do Homem excepcional e verdadeiramente digno com que a Providência nos dotou e cuja obra de reconstrução nacional tem merecido, até às mais destacadas figuras da crítica, da literatura e da política internacionais, os mais calorosos encómios, a maior admiração e justo apreço. A inteligência fulgurante, a clarividência divinatória do Sr. Presidente do Conselho, a razão que sempre demonstrou ter nos passos mais críticos que o nosso país atravessou durante a guerra, são o melhor penhor da segurança de Portugal e da defesa dos perigos internos e externos que possam ameaçar-nos.
Sr. Presidente: disse um dia o conselheiro de Estado António Cândido, príncipe dos oradores portugueses de há meio século, cuja palavra fluente e cintilante reboou por esta sala e cujo espírito, por certo, paira ainda nela: «o capital da verdadeira dignidade forma-se, na maior parte dos casos, com sacrifícios, fadigas e privações bem dolorosas».
Na verdade, foi à custa de sacrifícios, fadigas e privações bem dolorosas que se formou a verdadeira dignidade de Salazar, que, de há muito e precisamente por isso, já se não pertence, porque é património moral da Nação.
Confiemos, pois, em que, sob a orientação superior de Salazar e a direcção suprema de S. Ex.ª o Sr. Presidente da República, estão bem defendidos os destinos e a honra da Nação.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. José da Silva Baptista: - Sr. Presidente: mais por imperativo de consciência do que pelo convencimento do mérito que possam ter as minhas simples palavras, ouso erguer a voz nesta nobre Câmara para afirmar as melhores esperanças nos destino da organização corporativa.
Grandes são já os serviços por ela prestados à Nação, apesar de surpreendida, na sua primeira fase, por graves e complexos problemas derivados da última guerra.
Nem sempre o desempenho das árduas missões que lhe foram confiadas e para as quais não estava devidamente preparada terá merecido apoio ou franco aplauso,