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242 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 176

caminho; tenho fé em que elo terá o maior e o mais benéfico alcance no engrandecimento e no progresso do nosso país.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Maria da Silva: - Sr. Presidente: já tive ocasião de afirmar nesta Assembleia que o País progrediu nestes últimos vinte e cinco anos mais do que em duzentos e cinquenta anos atrás.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E quando digo País incluo os nossos vastíssimos territórios espalhados pelo Mundo, formando como que um bloco único, que constitui o Portugal de Salazar.
Sim, Sr. Presidente, este novo Portugal, prestigiado, restaurado e rejuvenescido, é uma obra milagrosa do maior génio da política portuguesa, que se chama António de Oliveira Salazar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Tenho por este maior obreiro da reconstituição nacional uma muito profunda admiração.
Mas quem há nesta Casa capaz de tecer elogios a Salazar sem repetir o que portugueses e estrangeiros e até os maiores estadistas do Mundo falaram dele?
É geral a opinião entre portugueses de que o nosso muito querido Presidente do Conselho é o maior estadista de Portugal de todos os tempos.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Apareceram, é certo, em alguns períodos da nossa história outros grandes estadistas, mas nenhum outro como ele durou tanto tempo mo Poder e fez tanto para Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Nenhum outro como ele, depois da época das conquistas e descobrimentos, dispensou tanto carinho às populações dos territórios do além-mar e nenhum outro como ele tomou tanto a peito o desenvolvimento dos nossos territórios espalhados pelo Mundo.
É evidente que um homem só não poderia ter empreendido e levado a cabo tantas o tão extraordinárias coisas como as que se realizaram durante o período do Estado Novo, por ele criado.
Mas Salazar soube escolher de entre os melhores portugueses habilíssimos cooperadores, que com ele têm trabalhado, com afinco, na insana tarefa de tornar Portugal cada vez maior e melhor.
Ocorreram-me estas ligeiras considerações a propósito de ter sido trazido à apreciação desta Assembleia o Plano de Fomento sexenal, que não é senão um aditamento de novos empreendimentos às realizações já efectivadas, mas desta vez abrangendo num plano único todos os territórios portugueses - do Minho a Timor.
Pelo que se está passando nesta Assembleia se verifica que muitos dos meus ilustres colegas já usaram da palavra para apresentar sugestões, no intuito de concorrer para que a execução do Plano resulte profícua para o País.
Foi por isso que pedi também a palavra para dar o meu depoimento, que será muito curto, mas sincero.
Como VV. Exas. sabem, Macau é a mais pequenina de todas as nossas províncias ultramarinas.
E constituída pela península de Macau e pelas ilhas da Taipa e de Coloane.
A península de Macau, sem coutar as duas mencionadas ilhas, que também são maneirinhas, abrange apenas a superfície de pouco menos, de 5,5 km2, ou, para ser exacto, 5,422 km3.
Ela está situada na foz de dois rios - o das Pérolas e o do Oeste.
Devido à sua excelente posição geográfica, formando um dos vértices do triângulo Macau-Hong-Kong-Cantão, ela tem progredido e avançado.
Acompanhando em menor escala o formidável movimento comercial destas duas grandes cidades, Macau serve apenas de centro distribuidor para a vasta e rica região do delta do rio do Oeste.
Como se sabe, Macau foi desde a sua fundação, em 1557, até à conquista de Hong-Kong pelos ingleses, em 1841, o único entreposto comercial europeu entre a China e o Japão.
Depois do aparecimento do excelente porto de Hong-Kong e de a navegação ter passado a ser exercida por barcos a vapor de grande calado, o comércio de Macau começou a decair, e é desde então que os comerciantes de Macau vêm intercedendo junto do Governo da metrópole para melhorar o seu porto, ou seja o porto interior, o único que existia e que servia a toda a navegação da província.
O que a minha terra aspirava era que o canal de acesso a esse seu único porto fosse dragado e aprofundado, para poder ser demandado por barcos de maior calado.
Foi este o objecto do estudo dos nossos melhores engenheiros, desde o tempo de Adolfo Loureiro.
Mas o que se fez não foi o que a população de Macau desejava, nem o que os antigos engenheiros projectaram.
Construiu-se um outro porto artificial, entre 1924 e 1927, no pior local que se podia escolher, varrido por ventos desabridos e tufões implacáveis, com molhes de abrigo que ficam submergidos nas marés altas dos tufões.
Eu era nesse tempo membro do antigo Conselho Legislativo, como um dos representantes do Leal Senado da Câmara de Macau.
Nessa altura era inútil a manifestação da minha discordância, porque as obras de construção do citado porto já estavam em curso.
Mas hoje, que ocupo apagadamente o lugar de representante da Nação, eleito pelo círculo de Macau, julgo ter a estrita obrigação de avisar os insignes superioras dirigentes do Estado Novo de que, na minha humilde opinião, se não deve gastar mais dinheiro para acudir àquele novo porto artificial, que - deixem-me dizer com a maior franqueza e lealdade - nenhuma utilidade tem para a minha terra.
Se ele for posto em condições de receber navios de grande calado, gastando outros tantos milhões de patacas, não trará, a meu ver, qualquer benefício para Macau e a sua conservação será caríssima, em virtude do seu constante assoreamento, visto estar muito próximo da foz de dois rios.
Esta conclusão é lógica e não é preciso ser-se técnico para a ela poder chegar.
Com o magnífico porto de Hong-Kong ao nosso lado, não é de esperar que navios de alto calado desviem a sua navegação para Macau, que é pequena demais para ter dois portos, devendo contentar-se apenas com o seu porto interior, que tem servido sempre a navegação e o comércio daquela nossa distante província.
O movimento comercial de Macau nos anos de 1949 e 1950, sem qualquer auxílio do porto exterior, atingiu o alto valor anual de mais de 620 milhões de patacas, ou seja mais de 3.000:000 de contos.