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240 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 176

produção, há-de conseguir um grande passo no caminho do almejado fim.
Por isso mesmo se compreende que apenas tenham representação nele, no que diz respeito à agricultura, as obras hidroagrícolas, o povoamento florestal e a colonização interna, porque são estas também em nosso entendimento as iniciativas que em maior grau e importância podem promover o desenvolvimento deste sector da actividade nacional.
Não negamos a manifesta necessidade, até mesmo a necessidade imperiosa de, como se sugere no parecer da Câmara Corporativa, se encetar em larga medida uma campanha de produtividade agrícola.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O próprio diploma o reconhece ao falar na necessidade de intensificação da assistência técnica à lavoura e na de «completar a intervenção do Estado com uma acção mais intensa em certos aspectos da actividade normal dos serviços».
Talvez a forma mais eficaz de realizar esta campanha de produtividade fosse, na verdade, a sua inclusão no Plano com investimentos apropriados; mas, se tal não se puder conseguir, que ao menos ela se realize em toda a extensão permitida pela organização dos serviços e pelas verbas orçamentais.
Sr. Presidente: concluída, como se diz, a conquista dos terrenos aproveitáveis para cultura, considerando-se portanto completo o trabalho de aproveitamento em extensão, não há outro recurso senão o de procurar aumentar a produtividade da terra, o que só se poderá conseguir mediante a adopção de melhores processos de cultivo e de medidas conducentes a aumentar a sua fertilidade.
Assim se compreende perfeitamente que as obras do hidráulica agrícola estejam previstas no Plano e nele ocupem o primeiro lugar, a que se seguem os trabalhos do povoamento florestal e de colonização interna, igualmente necessários para o melhor aproveitamento das nossas riquezas e para fixar o maior número possível das nossas populações, desta maneira se fazendo também face ao chamado problema demográfico, criado pelo constante aumento do nosso saldo fisiológico.
Parece-nos, portanto, que o diploma de fomento que esta Assembleia está apreciando merece, na parte relativa à agricultura, os maiores aplausos pelas realizações que prevê e pelas dotações que lhe atribui.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: referi há pouco a importância das obras de hidráulica agrícola, destinadas a aumentar a riqueza da terra, e implicitamente o valor excepcional que para a economia da Nação tem este elemento que é a abundância de água.
Este factor, este elemento não é apenas necessário para a irrigação dos nossos campos: é também indispensável para o desenvolvimento das chamadas indústrias básicas, indispensável afinal para a resolução de todos os problemas ligados à valorização da terra, ao nosso progresso material, ao aumento da nossa riqueza.
O aproveitamento dos nossos recursos hidráulicos está, por isso, na base de toda a política destinada a promover este progresso e este acréscimo de riqueza.
Será com o aproveitamento da energia hidroeléctrica que o País poderá dar à sua economia e à sua produção aquele impulso que é necessário para o melhoramento das nossas condições de vida.
Com justeza se diz no parecer da Câmara Corporativa que o abastecimento de energia eléctrica é e a mais palpitante questão tratada no Plano».
De facto, a electricidade é um elemento de primordial importância na vida de hoje, e a tal ponto que pelo seu grau de consumo se costuma avaliar do índice de bem-estar e de progresso das mações.
Reconhecendo esta verdade, o Governo, que está sempre atento ao interesse nacional, iniciou há muito a ingente tarefa de aproveitar a energia dos nossos rios, colaborando na realização de alguns aproveitamentos hidroeléctricos, tais como: Castelo do Bode, Venda Nova, Cabril e outros, obras magníficas e grandiosas, que ficarão a atestar para o futuro o esforço de uma geração.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Também neste aspecto muito deve o País ao Estado Novo, e, não obstante, apenas estão aproveitados cerca de 10 por cento dos nossos recursos.
Também neste capítulo estamos longe, mesmo muito longe, de alcançar os fins em vista.
É, pois, necessário que, .sem demora, sem desanimes e sem hesitações, se prossiga mo caminho já traçado, tanto mais quanto é certo que se entende serem os investimentos feitos com estes aproveitamentos aqueles de que há a esperar mais segura remuneração.
Prevê o Plano os seguintes aproveitamentos hidroeléctricos: Cabril (já em curso), Salamonde, Caniçada e bacia hidrográfica do Douro (1.ª fase).
A Câmara Corporativa discorda em parte deste programa, fazendo realçar a falta de inclusão dos aproveitamentos dos sistemas do Cávado, em Paradela, e do Zêzere, em Bouçã, parecendo-lhe ainda inviável, no decorrer de tempo a que o Plano diz respeito, o aproveitamento do Douro.
Quanto à Bouça e Paradela, entendemos que há a maior conveniência em realizar estes aproveitamentos, visto tratar-se de obras que são complemento de outros aproveitamentos já realizados ou em curso, e que por esta razão têm a vantagem de melhorar as condições económicas dos respectivos sistemas.
A central a construir na Bouçã - local situado ao norte do distrito de Leiria, que represento nesta Assembleia, e nos limites da comarca de Figueiró dos Vinhos, da minha naturalidade - tem ainda a vantagem de produzir energia a preço inferior ao das outras duas centrais que constituem o sistema do Zêzere: Castelo do Bode e Cabril.
A estas vantagens acrescem as seguintes: a manifesta conveniência de manter em actividade o quadro do pessoal e o equipamento organizado pelas empresas - que já deram as suas provas e dos quais é, portanto, legítimo esperar, dada a experiência já colhida, maior capacidade e eficiência na realização das obras -, a pequena extensão de linha necessária para ligação à rede e ainda a circunstância favorável de se prever a conclusão da barragem do Cabril em 1954, o que permitirá a secagem do leito do rio, facilitando assim o início dos trabalhos.
Concluídas as obras do Cabril, todo o equipamento e o pessoal seriam facilmente deslocados para a Bouçã, dada a pequena distância dos dois locais - cerca de 15 km.
Não se vê, portanto, motivo para que não seja incluída no Plano, antes tudo aconselhando a que se proceda sem demora às respectivas obras, que ficariam ainda a constituir mais um elemento de valorização daquela região do distrito de Leiria, e até mais um motivo de atracção turística para esta zona, que a Natureza dotou com belezas incomparáveis, que devem ser realçadas pela acção do homem.
Conciliando assim o interesse, que poderemos considerar local, com o verdadeiro interesse nacional, con-