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312 DIÁRIO DAS SESSÕES N. º179

domínio onde mais preciso é, não se faz, e muitas vezes faz-se onde, pela força das circunstâncias, há-de falhar, como é o caso das aptidões gerais dominadas ou influenciadas por aspectos subjectivos da mente e dependentes muitas vezes do interesse e de outros factores análogos, que os testes correntes não medem.

Esto é outro dos defeitos da nossa mecânica escolar a que se. torna necessário corrigir, para que melhore o rendimento dos alunos e a escolha dos profissionais.

Outra dificuldade que é preciso remediar deriva das ideias preconceituosas o erradas da maioria dos pais acerca do valor real e económico das profissões técnicas que não exigem formatura. Criou-se um falso prestígio a favor dos licenciados nas várias Faculdades e escolas superiores da Universidade Clássica, mas isso não corresponde muitas vezes as exigências da vida real.

O Sr. Mário de Figueiredo: - Que não corresponda às exigências da vida real, sim; agora que não corresponda às realidades é que se torna aborrecido para os diplomados.

O Orador: - Muitas vezes os alunos afastam-se das escolas técnicas porque os pais, ignorando o assunto, desejam ter filhos doutores, mesmo que o diploma lhes não sirva para nada, embora se aborreçam depois quando os jovens diplomados não ganham dinheiro por meio de um diploma inútil.

Estes preconceitos prejudicam os profissionais e trazem até grande prejuízo para a economia do País.

É necessário empreender uma campanha para os destruir. É necessário primeiro educar os pais, para melhor podermos depois educar os filhos.

Outro elemento importante para o qual chamo a atenção do Governo é o da necessidade da organização de um dicionário de profissões, dicionário a publicar periodicamente e que tenha por função:

1.º Fornecer elementos para a organização dos cursos profissionais realmente necessários no nosso país;

2.º Para se ver estatisticamente o que existe de mão-de-obra habilitada para cada lugar;

3.º Fazer estimativa quanto ao futuro para dar indicações úteis aos indivíduos que queiram tirar cursos, ajudando-os a escolher carreiras com consciência da seriedade do facto e probabilidade do bom êxito na escolha.

Para concluir: ao tentar organizar um escol de profissionais competentes, nos ramos das indústrias a criar no a desenvolver, devemos estar atentos às lições que, nos podem dar outros paises, como a Suíça, quando criou a sua indústria de relojoaria; a Suécia, com a indústria do aço; a Bélgica, com a indústria, de construções navais; a Holanda, com a indústria de materiais eléctricos, etc., ter a consciência de que, para os ultrapassar nas formas do actividade em que isso for possível em Portugal, teremos, como fase prévia, de ser capazes de os alcançar no nível de perfeição e de rigor atingido por eles.

Apesar de não haver uma palavra sobre estes assuntos nem no relatório do Governo, nem nos pareceres da Câmara Corporativa, sinto-me na obrigação de chamar para eles a atenção de todos, porque são de uma importância tal que as minhas palavras não poderão exagerar. Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente : - Como a Assembleia sabe, a proposta de lei de autorização de receitas e despesas para 1953 deve estar aprovada, irrevogavelmente, até l5 do corrente mês.

Em virtude disso, sou forçado a marcar, a partir amanhã, sessões da parte do manhã, para apreciação precisamente dessa proposta de lei.

Amanhã, portanto, haverá, às 10 horas e 30 minutos, sessão, cuja ordem do dia será a apreciação da referida proposta de lei.

Sábado e segunda-feira há igualmente sessões matutinas, com a mesma ordem do dia; de tarde haverá sessões, para continuação da discussão da proposta do lei relativa ao Plano de Fomento Nacional.

Está encerrada a sessão.

Eram 10 horas e 15 minutos.

Srs. Deputados que entraram durante a sessão:

António de Sousa da Câmara.
Carlos Mantero Belard.
Daniel Maria Vieira Barbosa.
D. Maria Leonor Correia Botelho.
Mário Correia Teles de Araújo e Albuquerque.
Srs. Deputados que faltaram à sessão:
Alberto Cruz.
António de Almeida.
António Augusto Esteves Mendes Correia,
António Calheiros Lopes.
António Carlos Borges.
Artur Rodrigues Marques de Carvalho.
Avelino de Sousa Campos.
Carlos Vasco Michon de Oliveira Mourão.
Henrique dos Santos Tenreiro.
Herculano Amorim Ferreira.
João Carlos de Assis Pereira de Melo.
Joaquim de Moura Relvas.
Joaquim de Pinho Brandão.
José Cardoso de Matos.
José Gualberto de Sá Carneiro.
José Pinto Meneres.
Luís Filipe da Fonseca Morais Alçada.
Luís Maria da Silva Lima Faleiro.
Miguel Rodrigues Bastos.

O REDACTOR - Luís de Avilles.

IMPRENSA NACIONAL DE LISBOA