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760 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 211

mais largo consumo daqueles combustíveis, será bem pequeno e de inteira justiça. Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Sr. António Maria da Silva: - Ontem, quando foi submetido a reclamação o Diário n.º 207, ainda eu não tinha lido esse Diário, e, por isso, não pedi a palavra para rectificar o que estava escrito na minha resposta ao ilustre Deputado Sr. Dr. Mário de Figueiredo.
Estão aqui frases no Diário que eu próprio não compreendo, além de outras palavras que estão aqui a mais e que eu gostaria que fossem eliminadas.
Se esta questão não fosse tão importante para a terra que represento, eu não pediria a palavra para solicitar alterações ao Diário, pois não costumo fazer isso.
Por exemplo, há aqui uma frase que diz: «S. Exa. sabe muito bem mais que eu». Ora eu não disse isso.
Eu disse que «S. Exa. sabia mais que eu». Desaparece a palavra «bem».
A 1. 37, onde se diz: «Não mais haverá, pois, escudos, nem angolares, nem rupias, nem coisa nenhuma, desde que haja uma expressão legal nos termos que se pretende», deve ler-se: «Não haverá, pois, nem patacas, nem angolares, nem rupias, mas escudos apenas».
A 1. 49, onde se diz: «Continuarão a fazer aquelas contas que só nos prejudicarão», deve ler-se: «Passarão a fazer umas contas de câmbio que só nos prejudicarão».
Eram estas as rectificações, pelo menos, que eu teria feito no Diário n.º 207.
Tenho dito.

O Sr. Tito Arantes: - Sr. Presidente: pedi a palavra unicamente para fazer uma ligeiríssima nota à margem de dois acontecimentos registados pela imprensa de ontem e de hoje, e que, sendo absolutamente dispares, suscitam, como é natural, também comentários absolutamente opostos.
A primeira referência que desejo fazer diz respeito à conferência da imprensa realizada pelo Sr. Ministro da Economia.
Considero da mais alta vantagem política o estabelecimento deste contacto entre os governantes e a Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Só há que louvar, por isso, o Sr. Dr. Ulisses Cortês, nosso ilustre companheiro nesta Casa, por ter reatado a sua tradição de conceder periodicamente entrevistas à imprensa, onde faz o ponto acerca dos assuntos mais importantes que correm pelo seu departamento.
Estas palavras de satisfação e de louvor são no caso presente tanto mais devidas quanto é certo que, com aquela clareza, rigor e sinceridade que são seu timbre, o Ministro da Economia pôde apresentar com igual nitidez perante a Nação o panorama da vida económica nacional no ano transacto, nos seus principais sectores, como pôde também dar-lhe a visão do que será, se Deus permitir, a actividade do seu Ministério durante os próximos meses.
Quer quanto à análise do passado, quer quanto às perspectivas do futuro, só temos que nos congratular pela exposição feita pelo Ministro, que num período internacional, grandemente conturbado, tem sabido, com rara segurança, independência e inteligência, dirigir as actividades englobadas no seu departamento do Estado.
Cuido interpretar os sentimentos desta Assembleia significando a S. Ex.ª o nosso agradecimento e a nossa admiração.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - O outro ponto que desejaria anotar não tem, como já disse a V. Ex.ª nenhum ponto de contacto com o que precede.
É um simples fait divers, que terá passado despercebido a muita gente, mas sobre o qual me parece vantajoso chamar a atenção de todos, para que reflictam, não no próprio facto em si, que é quase ridículo, mas naquilo que ele significa, naquilo que ele esconde atrás de si.
Trata-se duma notícia pequenina que veio ontem em alguns jornais acerca dos chamados «amigos do Farrusco», aquele grupo de rapazes da rua que há uns meses atrás andou com o retrato nos jornais porque tinha tido a generosa ideia de abrir uma subscrição para salvar a vida do seu cão colectivo, que fora apanhado pela sinistra carroça municipal.
Com este feitio sentimentalão dos portugueses, logo os simpáticos pequenos foram homenageados de várias formas e feitios.
Pois bem, a notícia ontem vinda a público era no sentido de que os amigos do Farrusco, passando dos animais às pessoas, tinham tomado a iniciativa de se dirigir à Embaixada dos Estados Unidos para instarem pelo indulto do casal Rosemberg, condenado à pena última, pela independente justiça da livre América, como traidor à pátria.
E, para tal efeito, convidavam as outras crianças lisboetas para se reunirem hoje à tarde. Local da reunião: o Jardim da Estrela. Não podia, com efeito, escolher-se ambiente mais inocente, mais puro, mais infantil - com árvores, lagos, baloiços, flores, arquinhos.
Contudo, pareceu-me bastante extraordinário que aquele grupo de garotitos, formado à roda do cãozinho da sua rua, se interessasse tanto pela política internacional, a ponto de saber que do outro lado do Atlântico havia um casal de espiões que fora condenado à morte pelo crime de alta traição, e que tivesse espontaneamente tomado a deliberação de se interessar pelo seu indulto ...
Em O Século de hoje -jornal dirigido por alguém a quem me une a mais sólida amizade e que sempre se distinguiu, desde os tempos já esquecidos da Legião Vermelha, pela sua coragem, moral e física, na luta anticomunista- se dá, porém, a explicação do caso.
Afinal, os «meninos» que na véspera tinham aparecido no jornal dizendo fazer parte do grupo dos amigos do Farrusco não faziam parte de tal grupo!
Os autênticos, os pobres e simpáticos garotitos da rua desconheciam em absoluto a démarche realizada em nome deles por dois garotões, à roda dos 15 anos, que tinham aparecido no jornal, pretendendo aproveitar-se da aura de simpatia popular que cercou os jovens salvadores dum cão e escolhendo para ponto de reunião um dos jardins mais aprazíveis e ridentes de Lisboa...
Este é o facto, contado em toda a sua singeleza.
Mas atrás dele todos sabemos o que se esconde:
Estes «meninos» têm atrás de si uma organização que não cansa e não perdoa.
Aproveita todos os ensejos para fazer a sua propaganda - e tão depressa recorrem à bomba e ao atentado pessoal, como recorrem às crianças inconscientes e à poesia dos jardins, ou às mulheres, que atiram para a frente nas suas manifestações, para serem as primeiras a ser feridas pela força pública, que, quando atacada, se defende!
Para eles os julgamentos são sumários: resumem-se muita vez a um tiro na nuca, dado após uma «autocrítica», ou uma «confissão espontânea», ou mesmo sem nada disso.
Nunca ninguém pensou em apelar para qualquer poder moderador duma sentença proferida pelos da sua seita!