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7 DE MARÇO DE 1963 787

tenção e defesa Já tradição e da ordem, instauradores e colaboradores directos da Revolução Nacional, doutrinadores do bom combate, embora por vezes arredios por discordâncias (concedamos mesmo que injustificadas), opositores da doutrina e acção política a quem o tempo e a grave desorientação do Mundo levaram a corrigir posições de hostilidade - todos esperam ser atendidos por uma medida de justiça ou de largo e compreensivo espírito de pacificação.
Bem sei, Sr. Presidente, que resultam fatalmente para o Tesouro Público encargos mais ou menos volumosos, mas o homem, graças a Deus, para nós, portugueses, e para os nossos mais altos dirigentes, ainda é o primeiro valor a servir e a salvar.
Bens materiais, engrandecimentos, progresso, estão ao serviço do homem, porque ele é a maior criação de Deus.
Confio em que o Governo da Nação, sempre atento à seriação dos problemas, não deixará de promover a revisão deste assunto, que, pela justiça de que se reveste e pela sua projecção, sem dúvida a muitos releva.
Dará, assim, satisfação moral a alguns, a muitos atenuará a dureza e inópia da sua vida material, e contribuirá poderosamente para a pacificação cada vez mais indestrutível dos portugueses.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sousa da Câmara: - Sr. Presidente: subo a esta tribuna com o desejo de apoiar vivamente o ilustre Deputado Paulo Cancela de Abreu.
Faço-o com profunda satisfação e por duas razões: primeira, porque a causa que defende tem o meu inteiro aplauso, e creio que ela traduz bem a linha de conduta nobre e generosa da Assembleia Nacional.
Depois, porque a sua personalidade de paladino incansável, sempre pronto a entrar na liça em defesa de causas justas, batendo-se com entusiasmo por tudo quanto reputa capaz de enobrecer o País, evidenciando-se galhardamente como um bom exemplo de são parlamentarismo, incita-me a formar a seu lado, buscando a honra de ser seu companheiro nestas diligências que faz a bem da justiça e da Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O discurso do Sr. Deputado Paulo Cancela de Abreu, que tivemos a ventura de ouvir ontem, é uma exposição brilhante, traduzindo um trabalho exaustivo, de seriedade intangível, construída com uma laboriosidade paciente e dedicada, não erguida ao acaso sobre factos discutíveis, mas solidamente, irrefutavelmente apoiada em elementos precisos, rigorosos, de veracidade provada.
Muitos e bons serviços tem prestado o Deputado Paulo Cancela de Abreu ao País e à Assembleia Nacional. Creio não exagerar, porém, afirmando que este será um dos maiores, um dos que mais demoradamente se lembrará, que facilitará ao Governo a realização da obra de justiça, que decerto está no coração de todos nós.
As boas e generosas palavras do Deputado Paulo Cancela de Abreu devem ter provocado muitas lágrimas em olhos amargurados. Não lágrimas de tristeza, mas de alegria...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... por haver quem interpretasse os sentimentos de infelizes com tanta compreensão e delicadeza.
Do seu belo discurso deve ter nascido uma nova confiança, esperando-se que o entendimento e a união de todos os portugueses sejam cada vez maiores e melhores.
O discurso do Deputado Paulo Cancela de Abreu colocou-me, porém, em grande dificuldade, para poder dar a minha ajuda. E que aquele nosso ilustre colega esgotou o assunto! Tratou-o tão amplamente, com tal soma de dados, deu-lhe mesmo tão impressionante emoção, que se torna difícil a situação dos que hão-de intervir neste debate.
A situação já era gravo para mini, se eu tivesse falado ontem, logo a seguir à realização do aviso prévio. Mais grave se tornou hoje, depois do discurso do nosso ilustre colega Carlos Moreira. Ao apresentar numerosos factos, de tão grande interesse para a apreciação do assunto que nos preocupa, comentou-os com tanta profundidade e saber que eu sinto não poderei manter o mesmo nível na minha intervenção. Chego a pensar neste momento que andaria acertadamente se me reduzisse ao silêncio. Talvez essa fosse a melhor maneira de dar a minha cooperação, sem correr o risco de prejudicar ou ofuscar, num discurso inábil, infeliz, o brilho de todo o debate.
Não apoiados.
Saibam, Srs. Deputados, que não tenho ilusões a respeito da pouca ou nenhuma força das minhas palavras. E não se cuide que é uma falsa modéstia que dita tal juízo. A verdade é que me vou convencendo, à medida que os anos passam, quando vejo inúteis tantos esforços que tenho realizado, paxá apoiar ideias, obras ou princípios, que Deus não me fadou para dizer as palavras que convencem - que trazem na sua sonância e significado o poder de atrair ou esclarecer, essas que arrasam dificuldades, que, com lógica penetrante, em argumentação cerrada e definitiva, levam os auditórios a concordar.
Evidentemente, não me queixo senão de mim! Ninguém tem culpa de, nessas situações, eu não haver encontrado as fórmulas convenientes, as frases mestras, as palavras límpidas e cristalinas, que saiam fora da banalidade, que possam chamar as atenções, que consigam remover obstáculos e abrir caminho às soluções desejadas.
Poderão afirmar os meus amigos que eu cometo a falta frequente de fugir a falar, de cultivar demasiado o silêncio, de não vir à barra discutir os assuntos que devo conhecer.
Creio não terem razão! Penso que, por muito que abusasse da vossa paciência, pronunciando numerosos discursos, não daria mais virtude ou mais influência às palavras o continuaria a verificar com desgosto a ineficácia das minhas intervenções. Julgo-me afortunado por ter resistido, muita vez, à tentação de falar, quando possivelmente muito pouco poderia dizer com novidade e quando provavelmente não chegaria a elucidar a Assembleia. A Assembleia ganhou portanto com essa minha atitude e eu evitei a sensação penosa de causar um auditório benévolo.

Vozes: - Não apoiado.

O Orador: - Estas breves palavras dirão que, ao subir à tribuna, vencendo a minha relutância para falar, quando sei haver outros, de maior brilho e competência, possuidores de linguagem mais eficaz, tenho ponderosos motivos.
Realmente, um, e bem forte, é prestar homenagem ao Deputado Paulo Cancela de Abreu; outro, o de reconhecer a grande importância do problema em discussão, afigurando-se-me que ele é de tal transcendência, tem tais repercussões, pode ser de tão marcada influência na sociedade, que justifica a mobilização de todas as boas vontades. Devo confessar sinceramente que para o