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24 DE MARÇO DE 1953 1085

afirmando que só se tem feito nessa zona uma obra de «fachada». Não exagerei.
Desejo agora ser mais preciso. Tudo ali parece gravitar em redor do Casino.
E o que e o Casino? Pouco mais do que uma tavolagem. Quer dizer: aquela região encantadora da nossa terra, com um clima privilegiado, com belezas naturais que não receiam confronto com as mais belas do Mundo, parece viver, simplesmente, exclusivamente, para o jogo e do jogo, isto é, do uma mazela social.
Mas o Casino será, afinal, só isso?
Do ponto de vista monumental, nada - um barracão; sob o aspecto de conforto, uma pobreza; sob o de centro de diversões, basta citar o cinema - e não há outro na zona dos Estoris, que não seria permitido hoje em qualquer aldeia, num local onde o principal divertimento consiste em alimentar um terrível vício.
Afirma-se que houve necessidade de regulamentar o jogo, para evitar o mal maior da sua difusão clandestina, e se tornou forçoso consentir que na zona dos Estoris fosse permitido o exercício de tão triste actividade pela concorrência de estrangeiros. Concedo.
E afirma-se também que o jogo é uma fonte de receita importante, que na o é para desprezar.
Isto é que já não me parece aceitável.
Será necessário para a vida do País tal caudal de riqueza argamassada em lama e amargura?
Não se recolheriam maiores proventos do que do jogo se a região dos Estoris fosse transformada, de facto, numa zona de turismo? Pelo que ali se verifica, de abandono do turismo, no significado alto que lhe atribuímos, a verdade é que muitos pensam que parece ser o Casino, o jogo, que esmaga todas as iniciativas no sentido de fazer dos Estoris a mais bela estância de turismo de Portugal: que muitos julgam que tão maravilhosa região não é mais do que um feudo nas mãos de forças que sufocam tudo e que pode desviar da tavolagem tudo o que para ela não seja canalizado.
Tratar-se-á afinal, simplesmente, duma luta entre o bem e o mal? Seja como for, porque não podemos considerar que o óptimo é inimigo do bom e somos forçados, quantas vezes, a transigir com o que menos desejamos, não consintamos, todavia, no abandono a que tem sido votada a região dos Estoris.
É preciso que não se diga e pense que ela existe só porque há jogo no Casino.
É preciso que se diga a verdade. E a verdade dos Estoris está no seu clima maravilhoso, nas belezas naturais som par que ali se desfrutam, está nas boas almas que ali vivem e que ainda há pouco nos deram o espectáculo emocionante da sua fé e do seu portuguesismo em seus cânticos e orações em redor da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima.
O Governa decidirá, e, como sempre, seguindo o caminho que os interesses sagrados da Nação impõem.
Eu creio nele!
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Délio Santos: - Sr. Presidente: chamei, no começo desta legislatura, a atenção do Governo para o estado lamentável em que se encontravam as instalações da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. E solicitei então do Governo, na impossibilidade de se construir imediatamente um novo edifício próprio para essa escola, que se fizessem ao menos obras na sala nobre onde D. Pedro V ia assistir às lições do antigo Curso Superior de Letras, para que pudéssemos receber com dignidade os visitantes estrangeiros.
O Governo ouviu o meu apelo e atendeu as diligências realizadas pelo antigo director Prof. Matos Romão.
A sala dos Actos Grandes foi completamente remodelada. O seu aspecto hoje é digno. Há pouco tempo realizaram-se ali, com a solenidade conveniente, provas de doutoramento e de concurso.
Mas não foi essa sala a única a sor melhorada. Remodelou-se a sala dos professores e do conselho; abriu-se uma escada de acesso para as aulas do 1.º andar, destinada a substituir a antiga escada, estreita, velha e quase impraticável; melhorou-se muito o aspecto do claustro e do jardim; aumentou-se o número de salas, etc.
Entretanto o Governo anunciou para este ano o começo dos trabalhos relativos à construção de um novo e definitivo edifício da reitoria da Universidade de Lisboa, da Faculdade de Letras e da Faculdade de Direito, como partes integrantes da Cidade Universitária.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Eu não podia deixar passar esta oportunidade de terem sido concluídas aquelas obras e de estarem iniciados estes trabalhos sem que expressasse nesta Assembleia e neste mesmo lugar, no qual, em nome da escola onde ensino, formulei aquele pedido, os mais profundos agradecimentos, em nome dos professores e alunos da Faculdade de Letras e em nome de toda a Universidade, que encontra nas atenções do Governo fonte de novos estímulos para o trabalho e redobrada inspiração na tarefa patriótica que pretende levar a cabo no campo da educação.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Sempre considerei que o dever do Deputado ao ocupar este lugar é, não só reclamar junto do Governo as medidas que o interesse nacional exija, como reconhecer e agradecer os altos serviços que este, porventura, preste ao País.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Bem haja, pois, o Governo por se ter enfim lembrado com interesse da esquecida Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e ter decidido dar um novo impulso à construção dos edifícios da Cidade Universitária da capital do Império, e este agradecimento traduz o sentir dos alunos, dos professores e da cultura nacional.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Simões Crespo: - Sr. Presidente: longos anos de abandono deixaram nas obras públicas um vazio difícil de preencher.
Construiu o Governo numerosos edifícios liceais por todo o País e muitos outros foram ampliados e as suas instalações melhoradas, mas a obra não está completa.
Na Guarda funciona o Liceu num edifício cedido pela Câmara Municipal, em 1927, creio eu, quando ainda ninguém pensava na construção de novos edifícios.
Nessa ocasião era a única possibilidade que se apresentava de permitir a matrícula a tantos alunos que a requeriam.
O antigo edifício não tinha condições para o funcionamento dos serviços do Liceu nem capacidade suficiente para o número de alunos matriculados.