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1086 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 227

O edifício cedido pela Câmara, mais tarde adaptado, ficou em condições satisfatórias para o ensino das 12 turmas que então ali funcionavam.
Hoje, porém, há no Liceu da Guarda 24 turmas. O número dos seus alunos, que no ano escolar de 1943-1944 era de 413, em 15 turmas, é agora de 796, o que representa um aumento de 100 por cento em dez anos.
É escusado dizer que não é possível, nestas condições, pôr os serviços de ensino a funcionar satisfatoriamente.
O Liceu da Guarda precisa, pois, de ver melhoradas as suas instalações, seja por ampliação do actual edifício, seja pela construção de um novo edifício.
Paralelamente com este, outro problema de instrução interessa ser resolvido na Guarda. Refiro-me à criação de uma escola técnica.
O distrito da Guarda é o único distrito do continente em que não há uma escola técnica. As condições de vida da população rural do distrito da Guarda são precárias. A terra é pobre, e o trabalho árduo e tenaz dos homens não chega para lhe fazer dar fortes rendimentos.
O parecer sobre as contas que aqui está sendo apreciado mostra justamente que o movimento demográfico da região não acompanha o do resto do País. Há que procurar trazer à região elementos de vida, e a escola de ensino técnico pode ser um dos mais valiosos a que de momento é permitido aspirar. Alunos não faltarão.
O Liceu da Guarda, excluídos os das cidades de Lisboa, Porto e Coimbra, é o quarto no número de candidatos ao exame de admissão, depois de Santarém, Faro e Viseu.
Em 1949 requereram exame de admissão no Liceu da Guarda 323 candidatos e este ano 398.
O número total de alunos inscritos no ensino oficial e particular passou de 707 no ano escolar de 1943-1944 para 1 379 no ano findo.
Muitos destes alunos encontrariam no ensino técnico a possibilidade de uma carreira lucrativa, que o ensino liceal lhes não faculta.
No Decreto n.º 36409, de 11 de Julho de 1947, prevê-se a criação no distrito da Guarda de duas escolas de ensino técnico, uma em Gouveia e outra na sede do distrito.
Gouveia é, na verdade um importante centro industrial, e no seu concelho também, em Sampaio e Moimenta, funcionam indústrias de grande valor.
Próximo, no concelho de Seia, há a assinalar os centros industriais de S. Romão e Loriga. Parece, pois, bem natural que ali venha a instalar-se uma escola técnica.
No distrito da Guarda ainda, em Manteigas e na Guarda, funcionam importantes fábricas de lanifícios.
Já o proprietário de uma destas fábricas legou em tempos, para a criação de uma escola técnica, uma quantia que ao tempo teria sido um importante auxílio e que não foi até agora utilizada.
Hoje, reconhecida a necessidade da ampliação do edifício do Liceu, parece que é a oportunidade de se estudar se não será de aconselhar a construção de novo edifício para o Liceu e do instalar no actual a escola técnica, a cuja criação legitimamente aspiram os habitantes da Guarda e do distrito.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:-Terrenos disponíveis não faltam para instalação de oficinas, enquanto que, dada a disposição especial em planta do actual edifício do Liceu, a ampliação deste só poderia fazer-se com a construção de novos corpos quase isolados do edifício e dos serviços centrais.
Deixo, pois, à consideração dos Srs. Ministros da Educação e das Obras Públicas este assunto, de tanto interesse para a Guarda e seu distrito, na certeza antecipada de que SS. Exa. o tomarão na conta que merece. Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Melo Machado: - Sr. Presidente: peço desculpa a V. Ex.ª e à Câmara de em tão grande aperto de tempo e de assuntos, vir ainda ocupar a vossa atenção neste período de antes da ordem do dia. Mas a verdade é que os elementos que eu tinha solicitado com vista a esta intervenção só no sábado passado chegaram às minhas mãos.
O concelho de Vila Franca de Xira já em 1894, sendo presidente da respectiva câmara o grande lavrador que foi José Pereira Palha Blanco, homem que deixou na lavoura e em todo o País um rasto de respeito e de consideração pelos seus merecimentos, pelas suas virtudes e pela sua obra, reclamou a instituição de uma escola industrial.
Não creio, Sr. Presidente, que ao tempo essa reclamação fosse perfeitamente explicada senão como uma antevisão notável de futuras necessidades, mas posso afirmar que neste momento todos nós sabemos que esse pedido insistente que o mesmo concelho faz é absolutamente justificável. Ninguém que circule na linha do Norte ou passe pela estrada Lisboa-Porto deixará de ter observado o espantoso desenvolvimento industrial daquele concelho.

Vozes: - Muito bem~!

O Orador:- VV. Ex.ªs poderão verificar com facilidade que há no concelho de Vila Franca de Xira uma enorme multiplicidade de indústrias, que vão desde a de fiação de tecidos e de algodão até às de estamparia de tecidos, fabrico de cimentos, lavagem, penteação e cardação de lãs, conservas, descasque de arroz, refinação de azeite e de óleos de peixe, cerâmica, oficinas gerais de material aeronáutico, produtos lácteos, cortiças, sabões, adubos, etc. Não é preciso referir mais para justificar a necessidade imperiosa da criação em Vila Franca de Xira de uma escola industrial, que, aliás, já está prevista no Decreto n.º 36 409.
O que eu peço daqui aos Srs. Ministros da Educação Nacional e das Obras Públicas é que urgentemente, tão urgentemente quanto possível, fazendo-se a utilização, se necessário for, de um edifício oferecido pela Câmara Municipal respectiva, comece a funcionar essa escola, dando àquele concelho e àquela região o contributo indispensável para que tenhamos, se quisermos efectivamente ter, uma indústria. Para isso é preciso que lhe preparemos os operários com os conhecimentos suficientes para poderem ser úteis trabalhadores.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Não tenho dúvidas, Sr. Presidente, de que, se observarmos atentamente as importações de géneros agrícolas, poderemos considerar que tudo quanto se faça para o seu desenvolvimento provocará um benefício de 100 por cento. Mas também não tenho dúvidas, Sr. Presidente, de que, se quisermos - e suponho que queremos e devemos fazê-lo - desenvolver a nossa indústria, é indispensável preparar os operários de amanhã.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.