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24 DE MARÇO DE 1953 1087

O Sr. António de Almeida: - Sr. Presidente: há cerca de um ano, o Sr. Ministro do Ultramar deu a conhecer à Nação o patriótico desejo do Sr. Presidente do Conselho de promover a construção em Lisboa do Palácio do Ultramar.
Tão jubilosa notícia foi acolhida em todas as parcelas territoriais de Portugal com caloroso entusiasmo e gratidão, não só pelo altíssimo significado espiritual e político desta oportuníssima realização, como ainda por virtude de o nosso ultramar ir dispor na capital de mais um excelente instrumento de activa propaganda e divulgação das suas imensas possibilidades, dia a dia mais prometedoras e carecidas de obreiros apetrechados com conveniente formação física, moral e intelectual.

Vozes:- Muito bem, muito bem!

O Orador:- No Palácio do Ultramar poderão reunir-se em fraternal convívio os servidores de além-mar, oriundos dali ou da metrópole, onde vieram robustecer-se corporal e moralmente, reforçando os seus sentimentos de indefectível amor à Pátria. Neste verdadeiro solar ultramarino, os agentes do progresso das nossas províncias de além-mar hão-de conhecer-se melhor, assim como os problemas de interesse para cada uma delas e para toda a Nação, criando-se mais sólidos laços afectivos e de índole económica, que, apertando-se com o tempo e as circunstâncias, muito virão a contribuir para a consecução do supremo objectivo dos portugueses de todas as eras: a comunidade lusíada, perene e indestrutível.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Ali, num edifício amplo e majestoso, digno da grandeza do ultramar e do histórico local em que irá ser levantado na Praça do Império, em frente do esplendoroso Convento dos Jerónimos -, encontrar-se-á convidativo conforto material, aliciante ambiente instrutivo e óptimo meio espiritual, três importantes fautores de atracção, tanto para os nossos compatriotas devotados à obra ultramarina como para os menos familiarizados com as questões de além-mar, de quem é urgente cativar a atenção e a curiosidade para torná-los comparticipantes esclarecidos na ingente cruzada colonizadora em que andamos empenhados.
Para esse efeito, em largos e apropriados salões, poderão expor-se temporariamente produtos ultramarinos de maior valor económico, projectos, fotografias e maquetas dos principais melhoramentos realizados, em curso ou em estudo, expressivos dioramas e outras formas de inteligente e sugestiva propaganda da terra, da fauna, da flora e das gentes que a povoam; se no Palácio do Ultramar, ao lado de exposições, amiúde renovadas ou substituídas e, por isso, actuais, vivas e palpitantes, houver ciclos periódicos de conferências e de simples palestras de divulgação (consoante o nível cultural da assistência a quem são dirigidas) e exibições de bons filmes com motivos de além-oceano, a empresa a levar a cabo pela nova instituição atingirá pleno êxito, cuja benéfica influência se fará sentir brevemente na formação da mentalidade ultramarina do nosso povo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Sr. Presidente: endereçando respeitosas saudações aos Srs. Presidente do Conselho e Ministros do Ultramar e das Obras Públicas, espero que dentro de poucos anos esteja construído o Palácio do Ultramar, cujo projecto, segundo creio, se acha bastante adiantado.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:-Sr. Presidente: já que aludi à construção de um grande edifício destinado a tornar ainda mais conhecidas e amadas na metrópole as terras de além-mar - para bem de uma e das outras -, não quero nem devo esquecer duas grandes obras públicas mandadas estudar pelo Sr. Comandante Sarmento Rodrigues e a erigir para organismos com o mesmo fim: o Instituto de Medicina Tropical e a Escola Superior Colonial. Se a construção do primeiro vai iniciar-se dentro de poucas semanas, quanto ao segundo não demorará muito tempo a conclusão do respectivo projecto, em elaboração no prestimoso Gabinete de Urbanização do Ultramar.
O lançamento da primeira pedra do edifício do Instituto de Medicina Tropical realizou-se, no ano passado, com a assistência do Sr. Presidente da República, por ocasião das solenes comemorações dos cinquentenários da sua fundação e da do Hospital do Ultramar. Faço votos para que as cerimónias da celebração do cinquentenário da criação da Escola Superior Colonial - a ocorrer em 18 de Janeiro de 1956- se efectuem no futuro edifício deste estabelecimento de ensino superior.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- E se com os melhoramentos mencionados o Governo puder, em ocasião não distante, fundar e dar arrumações convenientes aos Museus do Ultramar e da Marinha, bem agradecidos lhe ficarão todos os portugueses de hoje e da posteridade.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Sr. Presidente: porque as obras que acabo de apontar visam objectivos culturais e pretendem concorrer para a consolidação da unidade nacional, não concluirei as minhas considerações sem anotar dois factos de grande merecimento no crescente e frutuoso intercâmbio da juventude metropolitana e ultramarina. Refiro-me à recente vinda ao continente dos filiados angolanos da Mocidade Portuguesa e à próxima ida à Guiné Portuguesa dos membros do Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Os rapazes da Mocidade Portuguesa de Angola - alguns dos quais pisaram pela primeira vez terra europeia -, depois de terem visitado o torrão natal dos seus maiores e os lugares onde nasceu e se enraizou Portugal e onde se pelejou e rezou pela sua independência e se criaram, desenvolveram e retemperaram as virtudes da grei, deslumbrados pela sedutora paisagem e pelo indomável progresso material da metrópole, enternecidos com o afectuoso carinho que em toda a parte lhes dispensaram, este jovens regressarão a Angola, sem dúvida, mais portugueses e orgulhosos da sua ascendência lusitana, agora melhor instruídos sobre o prestígio da Pátria-Mãe, que viram, admiraram e de que sentiram a pujança da vitalidade social, política e económica.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador:- Esta feliz iniciativa do Sr. Governador-Geral de Angola, logo possibilitada pelo entusiástico patrocínio do Sr. Comandante Sarmento Rodrigues, será mais um elo, poderoso e forte, da cadeia eterna da solidariedade nacional.
Brevemente partirão para a Guiné Portuguesa, em avião militar cedido pelo Sr. Ministro da Defesa Na-