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60 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 56

pressão, desprezando acordos e convenções, não respeitando compromissos assumidos.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - As deploráveis e confusas atitudes do Sr. Nehru assim o revelam à opinião pública internacional. Por um lado afirma não ter responsabilidades na invasão dos nossos territórios, e por outro ordena o isolamento completo de Dadrá e Nagar Aveli por forças de polícia e do exército e nega terminantemente a sua autorização para que tropas portuguesas ou simples agentes de autoridade atravessem o seu território para irem restabelecer a ordem naqueles territórios do nosso distrito de Damão.
E Nehru não desconhece o portuguesismo das populações do Estado da Índia. Sabe perfeitamente que os bandoleiros «libertadores», apesar de armados com material bélico e apoiados por forças armadas da União Indiana, foram recebidos pelos pacíficos Damanenses com a mais vigorosa reacção, até ao sacrifício da vida.
O Sr. Nehru tem conhecimento de que a população do Estado da Índia sempre revelou os mais inequívocos sentimentos de patriotismo.
Á sua primeira palavra de integração pronunciada no território indostânico, a resposta de milhares de indo-portugueses não se fez esperar.
No ano de 1947 - já lá vão decorridos sete anos -, quando o Sr. Nehru declarou pela primeira vez que a Índia Portuguesa haveria de pronunciar-se sobre a sua integração na República da União Indiana, cerca de vinte mil goeses responderam negativamente, com manifesta indignação por aquela ideia e com protestos da maior lealdade e amor a Portugal.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Na cidade de Goa, com admirável e espontânea prontidão, reuniram-se então duas dezenas de milhares de goeses, os quais se concentraram em frente do Palácio do Hidalcão para manifestarem ao governador-geral, Dr. José Ferreira Bossa, a sua repulsa pela ideia de Nehru e o seu inquebrantável desejo de para sempre se manterem portugueses.
Ora, Sr. Presidente, esta espontânea e extraordinária manifestação pública, realizada há sete anos pela população de Goa, avisou certamente o Sr. Nehru dos sentimentos patrióticos da gente goesa e do seu inquebrantável desejo de continuar a ser portuguesa. Pois, Sr. Presidente, apesar desta séria advertência feita pela população goesa, o Sr. Nehru fechou os olhos e não desistiu do seu propósito usurpador de anexar à recente União Indiana a gente e os seculares territórios portugueses do Estado da Índia.
Nehru está no perfeito conhecimento do patriotismo dos portugueses da nossa província da Índia, mas não quer atender à indicação deste sentimento tantas vezes por eles revelado.
Ainda recentemente se obteve uma prova segura do arreigado patriotismo da nossa população indiana quando da visita ministerial ao Oriente em 1952, a que já me referi.
As afirmações solenes que então fizeram os naturais da Índia Portuguesa; a maneira carinhosa e de viva simpatia como receberam aquele ilustre representante do Governo; as demonstrações de contentamento e de lusitanismo dos luso-indianos de Goa, Damão e Diu foram tais que aos metropolitanos causaram desvanecimento e ao Sr. Nehru deveriam ter desfeito dúvidas, se algumas ainda tivesse, sobre o patriotismo daquelas populações portuguesas.
Portugal foi então aclamado entusiàsticamente, durante toda a visita ministerial ao Estado da Índia, por cristãos, hindus, muçulmanos, parses e cojás no mesmo entendimento de unidade nacional, sentindo-se todos orgulhosos da mesma cidadania, de serem todos igualmente portugueses sem distinção.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - E a verdade é que a lusitanidade daquela província ultramarina nunca foi posta em dúvida pelos povos indostânicos. A nossa permanência em Goa, Damão e Diu, quer pelo cruzamento, quer pela obra civilizadora e cristã realizada durante séculos, criou uma fisionomia lusíada no povo que o diferencia completamente dos restantes povos indostânicos pela sua cultura e civilização.
É, pois, incompreensível a insistente e agressiva pretensão do Sr. Nehru e do seu Governo, tanto mais que já não estamos na época das extorsões de territórios e da anexação violenta de povos.
Nehru sabe perfeitamente que as populações do Estado da Índia são verdadeiramente portuguesas e delas não partiu a ideia da integração nem esse é o seu desejo. As populações da nossa secular província indiana sentem-se bem com a sua nacionalidade e com os reflexos da administração portuguesa, tendo horror aos flagelos da fome e da miséria que grassam em certas regiões e cidades da União Indiana. Haja em vista o estado famélico e miserável dos satiagrais que da União Indiana nos mandam como «libertadores» da nossa província; e, afinal, o que eles vêm fazer à terra portuguesa é libertar-se da fome que passam na União Indiana.
Risos.
O Sr. Nehru descobriu que os Goeses estão a ser escravizados pelo imperialismo português e precisam ser libertados de fora da União Indiana por estes miseráveis e esfomeados «libertadores».
Com esta miserável máscara procura ocultar os seus satânicos propósitos.
É preciso que se diga claramente quais são os seus verdadeiros propósitos, que se denunciam em toda a sua teimosa acção em querer anexar o território e a população daquela nossa província ultramarina.
O mundo ocidental há muito tempo já que se apercebeu da política feita pelo Sr. Nohru.
A sua intenção não é libertar Goa, pois o Estado da Índia vive há séculos na plenitude da sua liberdade.
Com a sua cortina de ramos de oliveira Nehru pretende outra finalidade muito diferente.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O seu fito é separar o Oriente do Ocidente. A sua infernal obcecacão é evitar a penetração no subcontinente indostânico dos princípios humanitários e cristãos dos países do Ocidente.
O Sr. Nehru vive dominado por esta ideia, que é acalentada e insuflada pelo comunismo dos moscovitas. E fica perturbado com a existência e com a sobrevivência de Goa portuguesa, de Goa considerada como Roma do Oriente.
Não desconhece o Primeiro-Ministro da União Indiana, Sr. Nehru, o domínio espiritual que S. Francisco Xavier exerce em milhões de almas, tanto da Índia Portuguesa, como da União Indiana, pela fervorosa fé que o santo inspira.
Observa o resultado da nossa acção missionária e civilizadora e os progressos apostólicos na Índia, ao mesmo tempo que o comunismo lhe impõe guerra ao