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62 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 56

Ministro e colonialista ilustre, pelo aviso prévio que acaba de apresentar acerca dos acontecimentos da Índia.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente: a tranquilidade, a paz do nosso espírito, povo pacífico, defensor da solidariedade universal, foram profundamente, abaladas por esses notáveis acontecimentos, oferecendo-nos ocasião e latitude bastante para mais uma vez mostrar ao Mundo e aos nossos indignos adversários, de uma forma inequívoca, a homogeneidade e patriotismo do povo português, reafirmar a sua unidade política e moral e a sua sólida estrutura espiritual e nacionalista. Sob as mais contraditórias razões, baseadas num falso direito, à sombra de afrontosas reivindicações e de injustificadas preocupações defensivas, pretendeu-se e tentou-se roubar ao nosso património, que mais de quatro séculos de civilização alimentaram, uma parcela do Oriente distante, onde vivem nossos irmãos e para cuja defesa correu muito sangue de portugueses de outras eras. A memória dos que ali tombaram agora, em holocausto à Pátria, na defesa dos sagrados direitos de Portugal, rendo as minhas homenagens bem sinceras e bem sentidas, prestando o preito de maior admiração pelo seu patriotismo, demonstrado na qualidade de sentinelas vigilantes da dignidade da Nação, que honrosamente caíram no seu posto.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O seu sacrifício não foi, graças a Deus, inútil, e seja-me permitido fazer neste instante o bosquejo histórico que no Porto fiz, junto à estátua do Infante D. Henrique, encarnação de pensador, de soldado, de monje e de profeta audaz, austero, frio, iniciador da nossa epopeia marítima. No sacrifício do sangue derramado se enxertou de novo, para a posteridade; a alma lusitana; essa alma que em Afonso Henriques se transformou em espada vitoriosa: em Nun'Álvares heroicidade guerreira; amor e sacrifício voluntário no Infante Santo; estudo inteligente e profundo no Infante de Sagres; vela gloriosa, altiva, animada pela Cruz de Cristo em Gil Eanes, Bartolomeu Dias, Vasco da Gama, Álvares Cabral e tantos outros. Essa alma que em Egas Moniz foi símbolo de honra e lealdade, génio político e audácia em Afonso de Albuquerque, verbo incomparável em António Vieira, estro eloquente em Camões. A alma que vive e palpita em todos nós; a alma imorredoura que reside e pulsa, no coração de todos os portugueses de aquém e de além-mar.
Vivemos durante esse período de intensa emoção e de espanto, de dor e de tragédia, horas de incerteza, de mágoa, de sofrimento, mas aí encontramos também o conforto da certeza de uma unidade inquebrantável, de fervoroso patriotismo, do mais prestigioso conceito mundial, da mais sólida determinação de defender e honrar as nossas tradições históricas. E, mais uma vez, podemos aquilitar da grandeza do espírito, de profundo senso político, sob uma clara e sábia orientação que aos interesses da Nação soube transmitir, nos momentos mais difíceis, esse extraordinário homem de Estado que a Providência nos deu - Salazar.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - O Presidente do Conselho, com a consciência plena da gravidade do momento e da responsabilidade da sua acção, afirmou-se, como sempre, o estadista na posse plena das mais altas qualidades e méritos que, elevando-se às culminâncias da difícil arte de governar, escreveu uma brilhante página para a História de Portugal, prestigiado e ressurgido pelo valor da sua inteligência fecunda e criadora. E agora que tivemos a subida honra dê o ouvir em plena Assembleia Nacional - maravilhosa oração, verdadeiramente modelar, tão cristalina na forma como profunda nos conceitos expostos- sobre a Índia, nós, portugueses como ele, só temos de admirar, louvar e apoiar a acção desenvolvida pelo Governo.
A atitude assumida perante a criminosa agressão dos agentes da União Indiana, em colaboração com alguns traidores luso-indianos, é posta em relevo nas notas enviadas, redigidas com aquela clareza e compreensão, impregnadas de um espírito de séria lealdade e de firmeza, a que não faltam a calma e a serenidade, apanágio dos fortes.

Vozes: - Muito bem!

O Orador:- Nesta época de decadência moral, em que a política dos povos é conduzida de forma obscura, com uma mistura de hipocrisia e mentira, é para nós, Portugueses, motivo de supremo orgulho verificar que os nossos destinos são orientados e dirigidos com plena sinceridade, lealdade e franqueza.
A admirável exposição do Sr. Presidente do Conselho é evidente demonstração de facto tão dignificante e honroso para Portugal. Verdadeira política de inteligência, de coração e de verdade. Que o Mundo, tão arredado do bom caminho, tenha ouvido as suas palavras e que delas colha a lição que encerram, para tranquilidade de todas as consciências humanas.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - As medidas tomadas para fazer face, dando resposta condigna, à agressão violenta, colocada dentro dos planos de absorção dos nossos inimigos, e a atitude a seguir em futuras e melindrosas conjunturas, de vigilância permanente, são firmemente apoiadas por nós, fortemente apoiadas pela alma do nosso povo, que nunca nega sacrifícios ou privações dos quais resulte a manutenção do prestígio e da integridade da Nação.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A história da Índia é a história da epopeia grandiosa de Portugal. Ali chegámos há quatro séculos e ali nos mantemos muito por interesses morais e pouco, ou quase nada, por interesse material, que nada representa. A Índia, pode bem dizer-se, é valor negativo na economia da Nação.
Foi Salazar que nos revelou a grandeza do nosso património ultramarino, ressurgido da letargia em que mergulhava, e mostrando-nos Portugal como pátria livre, soberana, independente, brilhando intensamente pelos fulgores resplandecentes da Fé que o Céu acendeu em Fátima, sagrado altar do Mundo. Com as suas compreensivas, sublimes, profundamente objectivas orações de 12 de Abril e 10 de Agosto e de agora soube patentear ao Mundo que a Índia é Portugal! - parcela de uma pátria que vive no coração e na alma dos que nasceram, foram criados e educados à sombra da bandeira das quinas.
As suas orações despertaram nos Portugueses, se mais é possível, o sentimento de dignidade nacional, revestindo-se as suas palavras de uma autoridade que todo o Mundo lhe reconhece: «O Mundo Português, nascido e criado à custa do abnegado esforço de tantos heróis, é uma realidade viva, forte, e os nossos interesses são puramente morais; primeiro de Portugueses, em se-