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202 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 109

cimento, em bases sólidas, da convertibilidade das moedas, digamos, para um mais activo intercâmbio multilateral das várias e variadas economias do Velho e do Novo Mundo.
E, se assim não fosse, teríamos de assistir a um canhar infalível para a ruína da civilização ocidental ou, então, para um degrau a descer e a conduzir ao mesmo triste fim, pela formação, no mundo da economia da civilização ocidental, de dois blocos distintos - o da tradicional zona do esterlino e o da jovem zona do dólar.
Mas não será, como disse muito bem o nosso ilustre colega Dr. Alberto de Araújo, apenas na libertação do comércio que se fundamentará o progresso económico do Ocidente, especialmente dos países agrários não evoluídos ou pouco evoluídos, mas sim na profunda revisão do modo de ser pautal, extirpando todas as peias e óbices que dificultem o movimento natural das trocas.
Mas quanto a este aspecto estamos ainda muito longe do desejado, o que não será de admirar se atendermos que ainda não conseguimos nós próprios levá-lo a cabo dentro das próprias fronteiras.
Hoje, mais do que nunca, será assim de aplaudir que os homens responsáveis das várias nações acordem nas formas de orientar as actividades económicas no sentido da completa integração das economias nacionais no campo internacional.
E só então é que a produtividade, a rendabilidade e o plenn emprego serão socialmente meios de conseguir, em bom nível, o bem-estar geral dos diferentes povos.
Procurar, ao invés, fazer viver indústrias ou agriculturas om regime de estufa, trabalhar a terra em condições de a cansar pôr destruição da fertilidade, despertar desequilíbrios da natureza que apressem, por esclerose, o envelhecimento das vias circulatórias fluviais, arrasar mais florestas para conseguir matéria-prima para novas indústrias ou para outros fins, sem se atender à necessária compartimentação e equilíbrio da paisagem, ou destruir pela pesca de arrasto os fundos oceánicus, onde se acoita preciosa fauna marítima, ou ainda pulverizar até ao minifúndio ou ampliar até ao limite máximo do latifúndio os horizontes da exploração agrária, são tudo formas que, mais tarde ou mais cedo, conduzirão a humanidade a níveis de existência perigosamente baixos. E, como já disse e agora acentuo, é nesses baixos níveis que germinará, com acentuado vigor, não o trigo, mas sim o joio.
A economia norte-americana é presentemente, quanto a inúmeros aspectos, fecundo exemplo de urna boa coordenação de actividades agrárias e industriais tendentes a criarem condições de progressivo aumento do nível de existência dos povos. E não se diga que não tem havido também neste grande país, que é quase um continente em extensão, ameaças, como outrora, de violentas crises financeiras e económicas semelhantes à que gerou os tristes tempos de 29.
Porém, os actuais meios de previsão económica têm permitido fazer proginóslico rápido dessas crises e assim combater a tempo influxos deflatórios ou inflmatórios, e a própria resistência da sua estrutura económica e social tem facultado também reduzir ao mínimo os efeitos do inevitável arfar de uma economia de um tão grande volume.
Isto nào significa, porém, que mesmo na América do Norte não haja ainda muito a fazer para melhor estruturação das suas actividades económicas e de uma sociedade que abrange no seu seio mais de 6O milhões de homens das mais variadas raças.
A par do muito que já há feito no campo da racionalização industrial e agrícola, a criação de uma melhor harmonia da paisagem tem de ser continuada com firmeza para a segurança do futuro.
Assim, a notável realização do Tenessi terá de ser continuada pela do Missuri e seguidas estas por outras iniciativas capazes de restabelecerem o equilíbrio da natureza, que o homem imprevidente dos primeiros tempos da colonização e do que se lhe seguiu na esteira destruiu profundamente.
É este exemplo que devia ser seguido, à escala europeia, neste velho continente, sem preocupação do destruir o que a tradição radicou como diferenciação nacional.
Porém, não devemos deixar de dizer que hoje se partirá, para essa tarefa, de uma posição muito mais difícil que antes da última grande guerra, pelo artificio da separação das duas Europas, que quase vêm a coincidir com as Europas A e B do economista francês Delaisi.
Já não falando das regiões industriais decepadas da Alemanha, basta lembrar, na verdade, a perda para o conjunto ocidental da quase totalidade das regiões de cereais panificáveis das terras negras da Rússia e dos Balcãs e dos melhores territórios florestais da Europa.
Não é preciso, porém, fazer observação mais do que perfunctória para se verificar que, infelizmente, é diminuto o caminho percorrido no sentido desejado.
A anarquia que ainda reina neste campo é quase geral. Salvo algumas tentativas meritórias feitas principalmente no campo da investigação agronómica e florestal sobre a égide da F.A.O. para a melhoria dos cultivos, e de alguns, mas poucos, acordos de carácter industrial, envolvendo principalmente indústrias extractivas, mas que não abrangem, de qualquer forma, o todo europeu, e ainda recentemente a valiosíssima iniciativa a que Portugal aderiu e a que o ilustre Ministro das Comunicações tem dado o mais inteligente apoio e iniciativa tendentes à padronização do material ferroviário sob a égide da Eurofima, e de um pool verde que, infelizmente, passou ràpidamente a amarelo, tudo o mais que se verifica é exactamente o contrário desta sensata orientação.
Veja-se, por exemplo, o que se passa com uma das principais indústrias europeias - a dos automóveis ligeiros e de carga -, e o nosso país é excelente repositório, quanto à composição do parque de material rodoviário, dessa insensatez, a de uma indústria produtora de um sem-número do tipos e marcas, a que correspondem milhões de unidades. No dia em que nào for possível conseguir, por dificuldades de guerra ou outras, o normal abastecimento du sobresselentes para as inúmeras marcas deste variado material, então se poderá verificar o valor da delapidação realizada.
E não será conclusão análoga a que se tirará da observação do que se está passando com a indústria das máquinas agrícolas e dos tractores? E o que se verifica ainda, salvo raras excepções, com os aproveitamentos hidráulicos e hidroeléctricos das bacias hidrográficas que se projectam pelos territórios de vários países nào será igualmente sintoma alarmante dessa falta completa de coordenação das economias nacionais?
País como o nosso, cuja exportação se baseia, fundamentalmente, em produtos da terra e do mar, e retirados os primeiros, em grande parte, de um meio ingrato e alguns deles considerados hoje como produtos de luxo, como não devemos estar, na realidade, apreensivos pelo caminho insensato que a Europa está trilhando, sem condutores à altura do tempo que passa!
As nações com uma economia agrária da índole da nossa tèm sido conduzidas, assim, por necessidade de sobrevivência, no sentido de uma luta pelo auto-abastecinvento de produtos alimentares, fundamentais, obtidos estes a todo o custo e por qualquer preço. E esta situação é, como é fácil de compreender, a mais difícil para se