O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

15 DE DEZEMBRO DE 1955 205

repouso vegetativo absoluto. A própria formação climace da Durilignosa tem o seu repouso vegetativo absoluto ou relativo no Verão (carência hídrica).
2) Está por isso, certo que a agricultura de sequeiro seja inverno-primaveril, com tendência para o emprego de formas precoces.
3) Por outro lado, o equilíbrio da exploração só pode conseguir-se através do regadio. Este, no Sul, tem maiores possibilidades, derivadas do maior coeficiente heliotérmico, donde resulta maior produção possível por unidade de superfície e, portanto, necessidade de menores áreas em proporção;
4) A distribuição das chuvas mostra haver períodos de excesso de água temporários. Este facto prejudica ou impede o desenvolvimento invernal das plantas anuais e acentua a carência hídrica de Verão das plantas vivazes, por diminuir a profundidade do seu sistema radicular (diminuição da capacidade utilizável efectiva, diminuição da fertilidade!);
5) Portanto, necessidade urgente de proceder ao enxugo das terras ocupadas por culturas de sequeiro;
6) Para as terras de regadio a necessidade de enxugo, é evidente .para que o regadio possa ter bom rendimento e fazer-se com economia de água.

3) ENXUGO. - Não quer dizer «deitar água fora». Pelo contrário, toda a água de enxugo deve ser armazenada e voltar a entrar no ciclo biológico da paisagem: evaporação espontânea das superfícies de água livre, transpiração de plantas com sistemas radiculares profundos ou superficiais e rega.

4) FERTILIDADE. - A água só faculta rendimento económico quando exista o necessário fundo de fertilidade, que, no entanto, não é fácil elevar sem introduzir o regadio e, assim, aumentar a capitação de gado.

Conclusão - Os benefícios do regadio só se manifestam lentamente, ao menos nos seus resultados últimos e duradouros. É, pelo contrário, prejudicial forçar a elevação rápida do rendimento com rega intensa sem fundo de fertilidade correspondente. Lavagem, empobrecimento, erosão.

5) REVESTIMENTO DAS COSTAS. - Ligado aos problemas anteriores da fixação da água no solo, e, assim, ao enriquecimento dos lençóis freáticos o do enxugo, encontra-se o problema da defesa das encostas. De facto antes de pensarmos em enxugar as terras baixas temos de diminuir a afluência das águas de terrenos mais elevados. O problema é portanto, de primeiro tornar mais lento e em regime diferente o escoamento das águas pluviais e só depois tratar de escoar o excesso de água.
Além do combate sistemático à erosão, fixando a água no solo e da construção de albufeiras para o armazenamento da água, outro problema geral pode encarado - a regularização das margens e caudais dos cursos de água naturais.
A regularização das margens feita de modo a evitar a sua erosão, utilizando os revestimentos vegetais que as fixarão, além das obras de engenharia civil que se imponham nalguns casos. Só assim se conseguirá, igualmente, o repovoamento piscícola dos nossos cursos de água.
Quanto à regularização dos caudais, basta citar o exemplo do que sucedeu no Tejo, em que a construção das barragens do Castelo do Bode. Belver, etc., permitiu já a rega com água bombada do Tejo de terrenos mais a jusante de que anteriormente.
Cremos mesmo que o projecto do vale do Sorraia sofre por esse motivo alteração apreciável, pois que, pelo menos, a Luziria Grande de Vila Franca de Xira deixará de ser regada pela água armazenada nas barragens previstas naquele projecto, para passar a sê-la por água proveniente directamente do Tejo.
Mas com efeito mais louro, embora não menos seguro, regularização virá a obter-se também pelo melhor abastecimento de toalhas freáticas, com enorme diminuição das perdas de água por evaporação.

(6) O PROBLEMA DA EROSÃO. - Há por isso necessidade urgente de revestir as encostas, não só das altas serras, mas também de muitos cabeços alentejanos - com vegetação adequada.
Note-se que esta pode ser:

1) Povoamento florestal, mas em condições de exercer, a protecção em vista.
II) Matos explorados convenientemente, ao menos como forma de transição.
III) Pastagens permanentes devidamente, tratadas e regulamentadas.
IV) Culturas forrageiras invernais suficientemente rápidas para protegerem o solo na época das maiores chuvas.

7) AUMENTO GERAL DO FUNDO DE FERTILIDADE. - Só assim se conseguirá aumentar o fundo de fertilidade em todo o País e não continuar a roubar uns milhões de hectares para beneficio de uns escassos milhares. O que fica dito permite-nos ver o problema, difícil, é um facto do nosso fomento agrário em condições, porém, de um maior optimismo. E dentro do vário que se apontou para apoiar a melhoria das condições económicas da agricultura nacional, quero destacar a possibilidade do melhor aproveitamento dos lençóis freáticos, enriquecidos pela nacional restauração do equilíbrio da natureza.
É toda o capítulo da rega o hoje em lugar de relevo a rega por aspersão, sistema que em poucos anos levará à cultura intensiva, em Itália, cerca de meio milhão de hectares, economizando-se água (25 a 50) por cento nas dotações nacionais). permitindo ampliar os benefícios a terras não sistematizadas ou de difícil e cara regularização para o regadio pelos processos clássicos, ou ainda a terras marginais das inúmeras várzeas e terras altas das nossas regiões de sequeiro.
Poderão ser, assim, conquistados para a cultura a baixo custo, e rapidamente, milhares do hectares no Norte, Centro e Sul do País, destruindo-se progressivamente o carácter aleatório das nossas culturas arvense, arbórea arbustiva.
Será assim também verificável a possibilidade de ir intercalando, entre as grandes manchas de sequeiro do Sul, territórios irrigados capazes de enriquecer o complexo agro-pecuário. Se assim, em última análise, se proceder, tornar-se-á também praticável a possibilidade de fixar em zonas de baixa densidade demográfica, e em condições de boa remuneração de trabalho, muitos milhares de portugueses.
Concluindo: a sábia política financeira de Salazar permitiu-nos, na realidade, realizar, nestas últimas três décadas, o esforço monumental a que estamos assistindo, de construir uma nova economia, solidamente estruturaria, única forma de se conseguir a verdadeira felicidade dos povos.
Como também a sua miraculosa antevisão dos grandes problemas internacionais, rasgando horizontes e esclarecendo aqueles míopes que, como meteoros, têm