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198 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 109

(...) navios da importante frota bacalhoeira que ali tem o seu porto de armamento.
E que, sendo o calado dos navios, quando regressam da pesca, superior à altura de água nu barra, há necessidade de os mandar a Leixões para descarregar parte do peixe.
Esta operação de entrada em dois portos, descarga de bacalhau em Leixões e transporte ein camionetas por estrada até às secas em Viana, acarreta um excesso importante, de despesas e traz uma depreciação ao bacalhau de cerca de 10 por cento, por aumento dos refugos resultantes de avarias sofrias na movimentação.
Segundo elementos que me foram fornecidos, os encargos provenientes da arribada a Leixões foram:

Em 1952:
Despesa efectuada - 366.127$.
Bacalhau descarregado em Leixões - l 937 500 kg.

Em 1903:
Despesa efectuada - 598.041$.
Bacalhau descarregado em Leixões - 3 027 841 kg.

Em 1954:

Despesa efectuada. - 500.119$.
Bacalhau descarregado em Leixões - 2 473 641 kg.

Parece, portanto, que a necessidade da utilização das docas secas de Viana, a conveniência de evitar o agravamento das despesas dos armadores dos navios de bacalhau, cuja vida não parece muito próspera, e ainda a possibilidade de contribuir para a resolução do problema social, que graves aspectos oferece nas terras do Norte, garantindo o pão a cerca de mil pessoas que trabalham nos estaleiros, seriam, se outras não houvesse, razões de, peso para determinar a maior urgência nas obras de aprofundamento do canal da barra.
Por isso, e na minha qualidade de Deputado por Viana, ouso pedir a melhor atenção das estâncias superiores para as difíceis condições que oferecem o porto e a barra de Viana do Castelo, consciente de que; S. Exa. o Ministro das Comunicações, como bom minhoto que é, dedicará ao assunto o maior carinho e determinará sem demora as providencias para que se cumpra o plano preconizado pelo Governo com a urgência que o caso requer.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. António Rodrigues : - Sr. Presidente: a cidade da Guarda tem importantes problemas a resolver.
Entre todos, justo é destacar o do abastecimento de água, tão angustiante se me afigura.
A Organização Mundial da Saúde vem alimentando uma campanha tendente ao fornecimento de água potável a todos os aglomerados populacionais.
O Governo, câmaras municipais e juntas de freguesia do País inteiro têm considerado esse problema entre oa mais urgentes a satisfazer, dando-lhe especial relevo nos seus planos de actividade. E os resultados obtidos estão bem patentes aos olhos de todos: as distribuições domiciliárias, com água abundante e pura, multiplicam-se, e chafarizes e marcos fontanários surgem por toda a parte.
Só na Guarda o mesmo iproblema está longe de encontrar solução capaz, antes se vem agravando ano após ano, até que ultimamente assumiu aspectos gravíssimos. Por mais doloroso que isso me seja, não posso deixar de os referir do alto desta tribuna, sob pena de trair a missão que me foi confiada.
Devo, no entanto, afirmar que pouco importa saber a quem imputar responsabilidade.
O que é preciso, antes de tudo, é acabar com o facto estranho de ainda haver uma cidade, capital de distrito, que nào tem água suficiente para o consumo dos seus habitantes. A manter-se o actual estado de coisas, a chamada «cidade da saúde» só ironicamente poderá usar esse titulo.
Como haver saúde sem água? Como haver saúde com águas inquinadas, coloridas e fétidas?
E tudo isto foi possível na Guarda no último período de estiagem.
No sanatório e prisào-sanatório ali existentes cerca de mil doentes de todo o País vão procurar cura ou alivio para a sua doença, que exige sérios cuidados.
Como são possíveis estes cuidados sem água em abundância? Como é possível racioná-la em estabelecimentos daquela natureza ou fomecer-1ha em pequenos depósitos, como já se procedeu? E a Guarda a «cidade da saúde»? Não me atrevo a responder. Limito-me a formular o desejo de que aqueles doentes não venham a contrair ali doenças, em vez de curarem a de que são portadores.
A cidade da Guarda é justamente considerada uma «sala de visitas» de Portugal.
Assim deve ser, sobretudo para os estrangeiros que entram no País por Vilar Formoso.
Mas, a tal respeito, ocorre-me perguntar: como receber visitas sem água que permita o necessário saneamento da cidade, a rega das suas árvores e jardins e o abastecimento perfeito de hotéis e pensões?
Um dos nossos grandes hoteleiros dizia que o turista pode desculpar uma má refeição, mas exige que possa tomar um banho quente, a qualquer hora.
Tem havido a preocupação de tornar possível esta exigência no Hotel de Turismo. Convém, porém, nào esquecer que nem todos os turistas se instalam nele, e que a grande maioria se hospeda em pensões, onde tudo faltaria, se não fosse a dedicação das suas gerências. Convém também não esquecer que não é aconselhável dar a uns com abundância, até às portas da prodigalidade, e deixar que aos restantes falte um mínimo absolutamente necessário.
E não se vá supor que estou a exagerar, pois numerosas casas, no último Verào, nào tiveram 1 l de água na sua rede durante semanas consecutivas.
Os seus habitantes foram obrigados a recorrer a fontes, a quilómetros de distância, ou a esgotar os poços dos quintais, em delicadas condições higiénicas.
A Câmara Municipal não podia ficar indiferente a este estado de coisas e procurou, por todos os meios, acudir aos clamores que lhe chegaram, principalmente dos bairros novos, em que a situarão era mais aflitiva. Como os bombeiros que lutam desesperadamente no combate a incêndio devorador, utilizou toda a água que encontrou, sem curar de saber, é certo, as consequências terríveis que daí podiam advir.
Assim, foram lançadas na rede de distribuição águas de poços em exploração, que veio a saber-se estarem inquinadas, conforme análise feita no Instituto Superior de Higiene. A quantidade de terras que essas águas arrastavam tornavam-nas, por vezes, inutilizáveis e nào podiam deixar de prejudicar a já velha rede; mas era preciso fornecer alguma água, boa ou má, pura ou não. E, como esta solução ainda não bastasse, na camioneta dos serviços de limpeza, durante algumas horas do dia, era improvisado depósito para abastecimento dos menos favorecidos.