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DE ABRIL DE 1957 557

porventura, neste assunto excesso de técnica, que, como tantas vezes sucede, se não coaduna bem com as realidades.
Por outro lado, raríssima será hoje a casa onde só ganha o chefe da família, o que parece obviar às necessidades apontadas pelo ilustre Deputado avisante.

O Sr. Carlos Moreira: - Lembro-me de que o Sr. Engenheiro Daniel Barbosa se referiu à necessidade que uma família tem de conseguir determinada quantia para se poder manter, mas a verdade é que hoje raríssimas são as famílias que se mantém apenas com o que ganha o respectivo chefe. Estão empregados os filhos, e muitas vezes a própria mãe.
E essa será a razão por que, apesar de todas as dificuldades, não apresentam tipo de pessoas de alimentação deficiente.

O Sr. Amaral Neto: - Tem-se dito várias vezes quanto é desagradável terem as mulheres de sair de suas casas para ganhar alguma coisa, já que os proventos do marido são insuficientes.
Parece, portanto, que, apesar da relativa, melhoria da situação, esta continua a ser má.

O Orador: - E V. Ex.a está convencido de que alguma vez deixarão de o fazer?

O Sr. Pereira de Melo: - Isso depende, estou convencido, do desenvolvimento industrial.

O Orador: - Ora observe V. Ex.a os Estados Unidos, de que, quanto ao desenvolvimento industrial, nada há a dizer; veja o que é que se lá passa.
De resto, parece que a aparência da nossa população, mesmo o citadina, não nos confirma na convicção de estar geralmente subalimentada, pois não só não tem esse aspecto, como apresenta com extrema frequência indivíduos gordos, especialmente as mulheres, que, apesar das suas preocupações estéticas, não conseguem evitar essa tendência, que manifestamente se não coaduna com a subalimentação.
Energia.-Sabe-se que não há progresso de qualquer natureza em países civilizados, e muito menos nos que pretendem desenvolver a sua indústria, sem energia, sobretudo sem electricidade. Que se tem feito pois neste importantíssimo sector? Não tem o Governo regateado o dinheiro para este objectivo primacial e os planos de fomento o revelam:

(ver tabela na imagem)

e em breve serão 3000 milhões, quando entrarem em funcionamento as barragens de Paradela e do Picote.

O Sr. Carlos Moreira: - Seria interessante que V. Ex.a nos dissesse qual a distribuição dessa energia em relação ao total do País.

O Orador: - Não chega a toda a parte, bem sei! Mas não acha V. Ex.a simplesmente admirável que de 1928 a 1956 se tenha conseguido fazer tanto?!
E não há dúvida de que apesar disso se continuam a envidar todos os esforços para conseguir ainda mais.

O Sr. Pereira de Melo: - Seria interessante, saber como e quem faz o consumo desse acréscimo de energia e qual o preço por que está a ser pago - se é superior ou inferior ao que se pagava.
Posso dizer que, com a política dos escalões na distribuição de energia em baixa tensão para usos domésticos, o resultado foi que os consumidores dos 1.º e 2.º escalões, dada a fixação destes em elevados volumes -30 kWh e 12 kWh, respectivamente, salvo erro-. passaram a pagar mais, isto é, dos 1$80 e 2$ anteriores passaram para 2$40 actuais no 1.º escalão: quer dizer: a pequena economia doméstica passou a ser sobrecarregada, quando deveria ser beneficiada.

O Orador: - Desse modo teríamos de chegar à conclusão de que estamos pior do que estávamos.
Mas continuando:
Outra fonte de energia indispensável e por que hoje se batem os povos são os combustíveis líquidos - numa palavra, o petróleo.
Através dum financiamento que se previa do 743 000 contos e que atingiu 693 000 contos em 1956, alcançaram-se os seguintes resultados:

(ver tabela na imagem)

Foi assim que nos foi possível escapar à aguda crise, determinada pela questão do canal de Suez.
Adubos azotados. - As nossas terras, pobres de azoto, consumiam-no, embora em pequena quantidade em relação às suas necessidades, com largo dispêndio de divisas. O progresso da técnica agrícola cada vez intensifica mais o emprego de azotados. O Estado resolveu, pois, incitar a sua produção e promoveu e auxiliou o estabelecimento de duas unidades, cuja produção se condensa no seguinte quadro:

(ver tabela na imagem)

Espera-se alcançar a produção de 200 000 t de sulfato de amónio e 80 000 t de nitroamoniacais em boas condições de preço.
Produção de pasta de papel, cartão e cartolina. - Num país de importante produção florestal - que, graças ainda á acção do Governo, aumenta constantemente (464 000 contos no último Plano) - era possível e conveniente introduzir a indústria de pasta do papel, que absorveria os excedentes da produção florestal.