O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

558 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 198

Com um dispêndio, por parte do Plano de Fomento, de 63 000 contos pôs-se em funcionamento esta indústria, cujos resultados se podem avaliar através dos números seguintes:

(ver tabela na imagem)

Está igualmente em curso a indústria de siderurgia. Ela tem apaixonado a opinião por causa da sua localização, o que, aliás, foi trazido vivamente a esta Assembleia. O que interessa essencialmente é que possa ser montada com eficiência e utilidade para o País, e nisso se esforça o Governo, através do Ministério da Economia.
Reparem VV. Ex.as que estas três indústrias movimentam para cima de l milhão de contos, o que tem o seu significado social e pode explicar que de 1938 a 1955 o rendimento nacional tenha subido 53 por cento, a uma média de 3 por cento por ano, o que não é nada mau.
Que diríamos do aumento da nossa marinha mercante, da nossa frota de pesca, de tantas outras coisas que se têm feito e financiado, não certamente no sentido e empobrecer o Pais, mas de o enriquecer e desenvolver?
E não tivemos para cada um destes empreendimentos atitudes críticas e derrotistas?
Mesmo na agricultura, que tem de obviar à necessidade de abastecer a população, que cresce incessantemente (50 000 indivíduos em cada ano), temos de concordar que. realizou um esforço, inglório talvez para a sua própria economia, mas notável para a economia geral.

Vozes: - Muito bem!

(ver tabela na imagem)

O Orador: - O nosso ilustre colega autor do aviso prévio traçou-nos o quadro da economia agrícola com intensa verdade.
Essa situação é verdadeiramente dramática e requer cuidados constantes e aturada atenção dos governantes, a busca ansiosa de soluções urgentes.
O desenvolvimento industrial do Pais não se confina às indústrias-bases que o Governo tem impulsionado, antes por toda u parte têm surgido iniciativas que justificam e têm tornado possíveis as exposições industriais realizadas, com notável relevo, pela Associação Industrial Portuguesa.
Este desenvolvimento industrial é já sensível na falta de braços que provoca nas regiões agrícolas circundantes dos núcleos industrialmente mais evoluídos, o que nos forçará a pensar na mecanização agrícola, se não queremos ver agravada a sua situação económica, muito particularmente grave neste momento.
Creio que o surto industrial terá de ser balizado e orientado em termos de se não despedaçarem os bens nele empregados e de permitir uma concorrência indispensável e útil, tolhendo, porém, os exageros, que tudo deitam a perder.
O condicionamento, tal como o temos praticado, nunca foi da minha inteira simpatia, mas não posso deixar de referir-me à evidente utilidade do ordenamento e condicionamento, de que é exemplo notável o que foi imposto aos industriais de camionagem de passageiros, cujos resultados estão à vista: uma série de empresas, algumas de grande vulto, todas servindo com utilidade manifesta o País e todas prósperas, progredindo no aperfeiçoamento dos veículos que empregam.
A concorrência desregrada, por vezes estúpida e invejosa, nunca teria permitido este sucesso, com que afinal todos ganharam - os interessados e o público.
A base económica do País será ainda por muito tempo agrícola, e importa, por essa razão, não a deixar cair, em termos de pôr em perigo o próprio surto industrial que tentamos.

Vozes: - Apoiado!

O Orador: - Mas o esforço que estamos realizando aqui no continente e além nas províncias ultramarinas precisa de vingar, e para vingar carece de ser ordenado e apropriadamente dimensionado, multiplicando-se esses esforços constantemente e não se adormecendo precisamente quando se toca o sucesso.
Ao olhar-se o panorama político do Mundo não pode deixar de se observar que através da rádio e do cinema se dá uma interpenetração de ideias, de hábitos e de costumes, que conduz a uma lenta mas segura internacionalização, a qual. infelizmente, se faz no menos bom sentido. Têm-se assim perdido os trajos regionais, adultera-se o gosto pela música nacional, tomam-se os hábitos e atitudes que não são os mais correctos, antes descambam, como a música, para um primitivismo lamentável, para uma cadência de batuque, que não eleva, antes humilha. Parece isto inevitável, e as suas consequências ir-se-ão agravando à medida que a expansão dos meios niveladores se tornar maior.
Estaremos, pois, a caminho dum internacionalismo capaz, ao fim e ao cabo, de derrubar fronteiras e de exterminar nacionalidades?
Creio que não. Pudemos verificar agora que uma vintena de anos de dominação soviética -a mais despótica, a mais cruel, a mais amoral- não lograram extinguir, domar ou vencer o carácter das nações, o espírito de independência dos países subjugados, tal