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6 DE ABRIL DE 1957 592-(5)

molde a operar uma verdadeira revolução agrária em proveito de todos.
O emparcelamento na propriedade disperso, no Centro e Norte do País; o uso mais intensivo de água, no Sul e em diversas zonas do Norte; o crédito orientado para obras de reproduzo garantida; o auxílio mais substancial em construções de imediata influência na produção agrícola e pecuária, como silos e nitreiras, e outros meios de progresso; a existência de escolas práticas de agricultura, em conjugação com campos experimentais que mostrem, em termos económicos, as possibilidades de acréscimo nos rendimentos; mais intensiva arborização na propriedade privada, e outras medidas conducentes a maiores produções, como níveis de preços convenientemente estudado:;, que, sem ferirem o equilíbrio social, remunerem mais equitativamente o trabalho rural, poderiam, em poucos anos, operar profundas modificações no nível de vida e até no modo de ser das sociedades agrícolas.
Embora na enunciação pareçam simples todas estas medidas, não se julgue que elas são de fácil aplicação.
A mentalidade nacional ainda em muitos casos vive de ideias atrasadas. Não se apercebeu da transição económica e social que se está operando no presente momento em tudo o Mundo e dos perigos, até de natureza política, que podem resultar para a Nação no caso de não ser feito um esforço sério e vigoroso no sentido de acompanhar o desenvolvimento das novas ideias.
As próximas gerações têm neste aspecto da vida portuguesa, uma grande obra a realizar. O estudo, a observação, o entusiasmo e a certeza de chegar a bom termo são factores de relevo para a executar.

Outras actividades de projecção económica

11. Não se entrará este ano no estudo das actividades industriais, e em especial das indústrias transformadoras.
Trabalhos que virão a lume em prazo curto, conduzidos por economistas e industriais, procurarão, sem dúvida, deduzir do conjunto de elementos que estão a ser recolhidos alguns princípios e normas que melhorem o estado precário daquelas actividades.
Há, porém, um aspecto da vida económica que necessita de ser arquivado nestes pareceres, dada a sua crescente importância. O problema foi brilhantemente tratado por diversas vezes na Assembleia Nacional e vieram então à superfície vários elementos a mostrar a sua influência na economia interna.
Se na verdade for conduzida com energia e orientação prática, a indústria do turismo pode alargar consideràvelmente a sua projecção na economia nacional.
Presume-se que esta indústria já hoje pesa com um saldo positivo da ordem dos 300 000 contos na balança de pagamentos.
Considerando a tendência nos últimos anos do Português para viajar, este saldo positivo representa uma contribuição muito sensível na actividade económica, no continente, ilhas e ultramar, sobretudo em Moçambique. Mas essa contribuição pode ser ainda consideràvelmente realçada: e não será impossível, no estado actual das condições do Mundo e no conhecimento em numerosos países das nossas condições de paz, de clima e até de diversidade de belezas panorâmicas, elevá-la a somas que se aproximem do milhão de contos.
Neste aspecto, como no agrícola, há ainda um longo caminho a andar, e o tempo para o percorrer não permite encurtamentos desnecessários.
O turismo é uma indústria que não depende só do país que a explora.
O relator das contas, por força da sua própria situação no meio social, esteve em contacto durante os últimos vinte e oito anos com actividades relacionadas com o turismo. Pôde observar, por experiência longa e variada, que envolve grande parte do que há feito em matéria de alojamento, a sensibilidade de pequenos erros ou incompreensões nesta matéria.
Uma vez desviada a corrente que alimenta o turismo, é difícil restabelecê-la. Há imponderáveis, que resultam de influências de natureza psicológica sobre quem visita o País, susceptíveis de afastar definitivamente e de produzir até efeitos que influam na corrente de visitantes já estabelecida.
Esta indústria, como outras, necessita de planificação. E erro supor que o alojamento, embora de importância primacial, é condição decisiva para a manutenção da indústria, ou que a propaganda, por si só, resolve problemas que, na verdade, dependem da própria organização interna.
Um sistema rodoviário adequado às necessidades de rápida transferência do turismo motorizado da fronteira para os centros de interesse, sobretudo a capital, uma rede do bons hotéis de diversas categorias convenientemente escalonados, preços dentro das possibilidades das várias classes sociais, serviço adequado nos alojamentos e facilidades de movimentação entre as diversas estações de interesse histórico, panorâmico, de repouso e saúde, e outras circunstâncias relacionadas com o bem-estar do visitante são elementos fundamentais para estabelecer uma corrente turística de relevo na economia interna.
Poucas indústrias poderão em tão pouco tempo assumir posição de tanta importância com tão pequeno capital de 1.º estabelecimento, dadas as condições do turismo moderno, que tende para o uso de recursos próprios em matéria de alojamento.
O surto verificado nos dois últimos anos, evidenciado nas estimativas do saldo positivo da balança de pagamentos, que subiu de menos de 150 000 coutos em 1954 para perto de 300 000 contos em 1956, revela as possibilidades de rápida ascensão de uma das indústrias mais interessantes no momento actual e mostra as suas possibilidades no equilíbrio da vida económica interna.

12. Parecerá um pouco incongruente ou descabido tratar na introdução ao parecer das contas públicas de assuntos relacionados com a agricultura e o turismo.
Em volumes anteriores cuidou-se de outros problemas relacionados também indirectamente com a administração pública, e se este ano se dá relevo especial a agricultura e à indústria do turismo é porque uma e outra se encontram mais estreitamente relacionadas do que na aparência indicam as suas características. Uma e outra estão, além disso, estreitamente ligadas aos recentes trabalhos orientados no sentido de criar, pouco a pouco, um vasto mercado comum nos países europeus.
A balança do comércio é amparada substancialmente pelas exportações de origem agrícola e florestal, que representam a maior percentagem. O desenvolvimento do turismo, pela deslocação de pessoas que provoca.
pode ajuntar às exportações visíveis de matérias-primas e origem agrícola e florestal uma parcela apreciável de entradas invisíveis que se emprega no consumo de produtos também de origem agrícola, na sua grande maioria. E, neste último caso, o preço unitário do produto consumido é bem superior ao preço unitário do produto exportado, não obstante, em parte, este ser constituído por mercadorias de qualidade ou de outras que, nos últimos tempos, subiram a valores altos, como no caso da cortiça.