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25 DE ABRIL DE 1957 771

foi verificado viável sem afectar a estética do edifício, permitirá vida liceal razoável até que seja possível, criando uma secção feminina, descongestionar as actuais instalações.
O plano de escolas primárias foi estudado e revisto in loco. Foram previstas facilidades n conceder ao ensino particular, principalmente ao primário, no intuito de aliviar as despesas com a instrução pública, a cargo da Junta Geral.
Não esqueceu o Sr. Dr. Rebelo de Sousa os desportos, e, dentro das fracas possibilidades financeiras de que dispõe, subsidiou agremiações desportivas locais, tendo prometido auxílio importante para a pesca desportiva, dado o interesse que aquele desporto terá no fomento turístico da região.
A cultura tem merecido também ao Ministério da Educarão Nacional muito carinho. Assim, podemos ter boje a certeza de que o nosso cancioneiro popular se não perderá, graças a uma bolsa no Pais, concedida pelo Instituto de Alta Cultura. Também em virtude de uma equiparação a bolseiro será possível fazer a reedição das obras de Gaspar Frutuoso, revista pelo manuscrito original, e, possivelmente, a elaboração de uma história do distrito. E no campo musical, devido à intervenção da Administração, veremos este ano completada no distrito de Ponta Delgada a obra magnífica e cheia de interesse que é a recolha da música popular, já em parte realizada em S. Miguel por mão de mestre.
Este assunto da recolha do folclore musical português merecia por si .só algumas palavras nesta Casa. mas deveria disso encarregar-se alguém com competência no assunto, que não possuo.
O que representa o folclore para o estudo das nacionalidades e o que vale como meio de formação espiritual das populações é matéria hoje incontroversa, e eu nada saberia dizer que não fosse banalidade, mas não fujo ao desejo de afirmar aqui que certamente o Governo vai agir com a rapidez necessária, porque toda a demora pode ser fatal.
De facto, agora, que a electricidade está a levar ao País inteiro rok and roll e outras especialidades internacionalizantes e que mesmo actividades bem intencionadas deturpam a verdade e inquinam as melhores fontes, pode de um momento para o outro perder-se muito precioso documento. Matéria-prima abundante, cheia de interesse, e especialista competentíssimo que temos serão certamente aproveitados em obra de espírito, cujo valor se não mede por contos de rui- e que bem merece, e tanto for preciso, o sacrifício, durante uns anos, de alguns bens materiais.
O Sr. Subsecretário, cujo interesse pelos problemas do espírito foi bem sentido naquela terra, não só auxiliou o distrito de Ponta Delgada com muitos benefícios que não esquecem mas também deixou lá, com muitos problemas resolvidos, uma recordarão de simpatia que não se apagará facilmente da lembrança dos Micae-lenses.
Sempre na ordem de ideias que vem a nortear as minhas palavras, surge agora oportunidade de me referir à viagem à terra que aqui represento do Sr. Subsecretário de Estado da Agricultura, a quem manifesto o muito apreço que tenho pelo seu valor e a quem retribuo com sincera amizade e reconhecimento as provas de confiança que me tem dado e o esforço que vem dispensando aos interesses das ilhas de S. Miguel e de Santa Maria.
Em presença das possibilidades da terra açoriana e do campo em que se desenvolve a actividade daquele membro do Governo, a visita do Sr. Eng. Vitória Pires havia fatalmente de ser uma das que maiores reflexos teriam na economia do distrito de Ponta Delgada.
Felizmente o tempo permitiu que o avião percorresse a ilha de S. Miguel no sentido leste-oeste sobrevoando-a pela parte central, dando assim, a par do panorama maravilhoso que naquelas condições se desfruta, uma ideia exacta de quanto há ainda para arrotear nas montanhas e planaltos que constituem a espinha dorsal de S. Miguel e da dificuldade de acesso, por falta de via- de comunicação, que tornem economicamente possível o aproveitamento das terras micaelenses ainda incultas.
É importantíssimo de facto, o aproveitamento dos incultos de S. Miguel, porque neles está bastante matéria tributável e muita ocuparão para os rurais.
Rapidamente posso recordar alguns factos que daquela visita resultaram. Foram concedidos pela Junta Nacional dos Produtos Pecuários à administração local dois subsídios, um no valor de 280 contos, para compra de animais reprodutores de raça que foi julgado conveniente ensaiar, outro de 60O contos, para a instalação de um posto zootécnico; os serviços florestais vão ser dotados do material pesado necessário para poderem executar os planos estabelecidos dentro dos prazos fixados sem perturbar a vida agrícola nas zonas onde trabalham; a Junta de Colonização Interna está intensificando o auxílio aos particulares em obras de grande valor e, facto de relevância para S. Miguel, vai criar, por agora, a título experimental, no regime de colonização interna, vinte casais silvo-pastoris, iniciando-se assim uma parte da população rural nu vida, que se há-de desenvolver à margem de florestas nascentes, quer as provenientes da actividade oficial (perímetro florestal), quer as criadas pela iniciativa particular.
A ilha de Santa Maria muitos benefícios advirão da minúcia com que foi observada. Terá um engenheiro agrónomo residente, porque assim foi considerado indispensável.
A erosão dos solos marienses, calamidade que caiu sobre cerca de 2õ por cento da área da ilha, com maior ou menor intensidade, e pós aquela terra no caminho de rápida perda total, foi logo após a visita do Sr. Eng. Vitória Pires, objecto de estudo detalhado por distinto especialista, de cujo relatório se conclui a viabilidade de salvar com relativa facilidade a quase totalidade da terra atingida pelo desgaste de águas e ventos. Verificada a possibilidade material de atacar o mal, vão iniciar-se brevemente os trabalhos de recuperação, pura que Santa Maria possa ter plena confiança nos resultados; bastará dizer que a orientação e a execução de uma das obras de maior vulto e projecção na vida económica daquela ilha que ali podia ser realizada foi entregue à Direcção-Geral dos Serviços Florestais. Posso afirmar que só pela solução de um problema de tamanha monta, e que tanto tem preocupado as administrações locais, o Sr. Subsecretário bem merece o reconhecimento do distrito de Ponta Delgada.
Ainda o problema da seca sistemática, de tão graves consequências para a produtividade do solo mariense, foi motivo de estudo por especialistas e chegou-se à conclusão da impossibilidade do aproveitamento para fins agrícolas de nascentes e águas superficiais; parece, no entanto, viável a utilização de poços em muitas regiões, e a sua construção vai ser fomentada.
Para não me alongar demasiadamente, vou somente referir-me ao esforço realizado paru organizar o plano de fomento agrário do distrito. Logo depois da partida do Sr. Eng. Vitória Pires, chegaram a Ponta Delgada os engenheiros agrónomos encarregados de elaborar o plano de estudo para u determinação das possibilidades agro-pecuárias e florestais das nossas duas ilhas e estimar a despesa que aqueles trabalhos acarretariam.