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506 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 99

gueses e promover a sua expansão nos diferentes mercados consumidores.

Vozes: - Muito, bem, muito bem!

O Orador: - À organização conseguiu dominar alguns problemas que provocavam a anarquia que reinava na indústria.
Foi estabelecida uma rigorosa e cuidadosa fiscalização da qualidade das conservas, impossibilitando formas menos correctas de negociar; impôs-se um mínimo de disciplina nas operações de venda; criava-se a «marca nacional», procurando-se, sem violências, abrir caminho para a redução de inúmeras marcas, sem qualquer valor ou interesse comercial, e concentrar as vendas de maneira a permitir, no futuro, uma propaganda eficiente nos principais mercados e conseguir maior estabilidade nos preços e maior expansão das conservam portuguesas. A indústria passava a dispor de unia nova fórmula de crédito, através da emissão de warrants, mediante depósito das conservas em armazéns gerais, e que logo tiveram franca aceitação na banca privada.
Os resultados alcançados nos primeiros anos podem classificar-se de brilhantes, pois restabeleceu-se a confiança perdida, nos maiores centros importadores melhorando sensivelmente as cotações, e criaram-se maiores possibilidades de expansão para as conservas de peixe.
Foi também possível lançar uma obra valiosa de previdência e de auxilio social.
Os industriais, com má compreensão dos seus próprios interesses, desenvolveram uma campanha para que do órgão executivo da organização não fizesse parte qualquer industrial ou exportador.
Arrastava-se assim o Consórcio para uma tal organização burocrática e com carácter semi-estadual.
Com a guerra mundial surgiu naturalmente uma procura- intensa de conservas de peixe, para o abastecimento dos exércitos e das populações, e os preços subiram constantemente, passando a indústria a viver uni momento de acentuada, prosperidade. Mais tarde, a guerra da Coreia e, depois, o conflito do canal de Suez vieram dar novo alento à indústria e a possibilidade de fecharem com razoáveis lucros os seus balanços.
Pouco a pouco, os industriais foram-se desinteressando da organização criado, para a sua defesa e fórum também afrouxando os comandos da direcção.
Os últimos anos têm sido abundantes de pescado, principalmente no Norte do País. As exportações ata conservas mantêm-se em alto nível, mas os industriais, abandonados a si próprios, regressam ao seu velho individualismo e renovaram-se formas desastrosas de comerciar, que de há muito deveriam ter desaparecido.
A indústria volta a sofrer de uma crise grave e encontra-se, porventura, em situação idêntica àquela em que se debatia em 1932, e sente-se que se impõe de novo uma enérgica intervenção do Governo, para repor a indústria nas condições de poder exercer convenientemente u sua actividade, já que não é legítimo abandonar à sua sorte uma indústria que continua a situar-se em lugar primacial no nosso comércio de exportação, da qual vivem mais de duas dezenas de milhares de pescadores e operários fabris e na qual se encontram investidos vultosos capitais.
Sente-se que não foi a organização, ao menos na sua estrutura inicial, que fracassou, embora haja culpas, e bastantes, que por muitos devam ser repartidas.
Como a indústria de conservas de peixe, a produção e o comércio do vinho do Porto encontravam-se igualmente cerceados, em 1032, das maiores dificuldades. Os preços na produção baixavam constantemente, chegando-se a vender por 150$ cada pipa de 550l, o que correspondia a $28 por cada litro de vinho produzido na região demarcada do Douro. Era a ruína dos produtores e a miséria para os trabalhadores.
A exportação do vinho do Porto mantinha-se em alto nível, mas a multiplicidade de marcas, a diversidade de tipos e a feroz concorrência nos mercados externos aviltavam os preços, criando a confusão, se não o desinteresse, nos compradores habituais. O comércio tentava ressarcir-se dos prejuízos comprando, cada vez por menos preço, o vinho na produção.
Por outro lado, a baixa de preços repercutia-se directamente na qualidade dos vinhos a exportar, o que reduzia progressivamente o interesse dos compradores habituais.
Nesta desorganização do comércio e na concorrência, desregrada todos perdiam e ia-se criando o descrédito da própria, marca, que desfrutara de um prestígio relevante no mercado internacional.
Entendeu-se que nada de duradouro se conseguiria com medidas de emergência, ainda que pudessem atenuar algumas das dificuldades que atormentavam as actividades interessadas nu produção e no comércio do vinho do Porto. Impunha-se, essencialmente, revalorizar a qualidade, defender o prestígio tradicional da marca e promover as condições necessárias à sua maior expansão nos diferentes mercados consumidores.
Com esta orientação se criaram sucessivamente a Casa do Douro, organização sindical dos produtores de vinho na região demarcada do Douro, o Grémio dos Exportadores, agrupando obrigatoriamente todos os comerciantes e exportadores, e, finalmente, o Instituto do Vinho do Porto, ao qual se outorgavam poderes especiais, sob o patrocínio e a intervenção do Estado.
O Instituto, gozando de personalidade jurídica, disporia de autonomia administrativa e financeira e de poderes necessários para actuar, com grande flexibilidade na acção, na defesa dos interesses que lhe ficavam subordinados.
Faziam parte da direcção um presidente, de Livre escolha do Ministro,- assistido por um produtor e um exportador, todos com indiscutível competência e com prestígio nas actividades que representavam.
O trabalho desenvolvido pelo Instituto, sob o competente comando do Eng.º Costa Lima, ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... nos primeiros anos que se seguiram à sua constituição, é digno dos maiores louvores e conquistou um prestígio indiscutível, não só por parte das actividades interessadas como igualmente nos seus contactos internacionais.
Lamenta-se, com desgosto, que o trabalho realizado e os êxitos alcançados não viessem a ser convenientemente valorizados para a continuidade da sua acção, e que tivesse sido travada a sua autonomia administrativa e adormecido o entusiasmo inicial.
Lançada a campanha do trigo em 1929, pelo grande Ministro da Agricultura Linhares de Lima, ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - ... alargou-se grandemente a cultura do trigo e condições agro-climáticas excepcionalmente favoráveis levaram a produção do trigo, na campanha de 193.1-1932, a limites até então desconhecidos, excedendo as necessidades normais do consumo interno.
A lavoura, entregue a si própria, encontrava-se à mercê da indústria de moagem, que, por seu lado, lambem não estava preparada para armazenar as quantidades de trigo disponíveis para venda. A concorrência no