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847 3 DE JUNHO DE 1950

Mas em Fevereiro de 1056 realiza-se o XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética e Krustchev é o novo chefe e o movimento comunista português procura logo mostrar v subserviência perante o novo secretário-geral, como se reconhece pelos artigos escritos nos n.os 209, 211 e 212 do Avante! Em todo o caso, o movimento antinacional procura ainda esconder os ataques que 110 XX Congresso se fizeram contra Estaline. Mas é inútil essa tentativa; no Avante! da 2.ª quinzena de Julho de 1056 já é clara a nova posição perante o novo ditador do império moscovita. E, assim, escrevia-se:
«O camarada Estaline não era um comunista modesto ... Estaline violou a legalidade socialista e permitiu que um bando de criminosos chefiado pelo traidor Béria (Béria, que o Avante! anteriormente tanto tinha, incensado) se servisse de uma tese falsa para cometer toda uma série de crimes e aniquilar bons militantes do partido e cidadãos soviéticos honrados, etc.»
Com a morte de Estaline terminou o período táctico do comunismo internacional que ficou sendo conhecido com u nome de «período de guerra fria»; isto não significa que ela ainda hoje nau se mantenha, embora com outros aspectos s designações. Mas os dirigentes do Kremlin, a pretexto da destalinização e da coexistência pacífica, estabeleceram um novo rumo táctico em que. procuram desagregar as potências ocidentais pela formação de amplos movimentos de unidade política e sob a direcção camuflada dos respectivos partidos comunistas locais. Essa nova táctica revolucionária foi iniciada pouco tempo depois da morte de Estaline e plenamente defendida por Krustchev no XX Congresso do Partido Comunista Russo.
Em Portugal o movimento comunista inaugura, também, logo que recebe instruções nesse sentido, um período táctico semelhante ao «de unidade ampla». Para esse «feito é convocada, em, Agosto de 1950, uma reunião clandestina do comité central, que os comunistas designam por TI Reunião Ampliada, a partir da qual começa de facto a viragem decisiva. Até essa data, como foi dito, os comunistas mantiveram uma política, de dureza dentro do movimento oposicionista; todos aqueles políticos oposicionistas que não estivessem resolvidos a aceitar o seu comando eram, como vimos, insultados na imprensa clandestina. A posição do movimento comunista português perante os netos eleitorais era sempre a mesma: abstenção! E todos os que não concordassem com esta posição eram denunciados como «inimigos do povo» e «agentes do fascismo ou do imperialismo norte-americano».
Depois da VI Reunião Ampliada a táctica modifica--se por completo. «O partido preconiza desde então a ida às eleições», e para ter êxito esta nova política aconselha um largo entendimento entre todas as correntes antinacionais, «com vistas á condução da batalha eleitoral».
«Que as massas populares, em especial a classe operária, se Lancem ardorosamente na batalha eleitoral», diziam, e «se organizem em comissões eleitorais nas cidades, nas vilas e aldeias, nas fábricas e nos campos, em toda a parte. A criação de uma vasta organização de massas constitui a mais sólida base de apoio de uma campanha eleitoral séria», afirmam os seus órgãos clandestinos.
«Que se trave desde já luta acesa pela mais ampla liberdade de propaganda e reunião durante a campanha eleitoral e pela fiscalização das eleições pula oposição».
«Que as massas populares se lancem abertamente na luta por reivindicações económicas e políticas de toda a espécie».
A reivindicação aparece assim unicamente como um simples método de agitação, e não como objectivo de obter qualquer melhoramento social. E, como era de esperar, começam também sensíveis corações neutralistas a pulsar em uníssono ao ritmo marxista. E em que condições se estabeleceria a desejada unidade?
Estas condições foram determinadas na reunião clandestina do comité central de Maio de 1956, após, como se disse na sua imprensa clandestina, «a luminosa análise do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética ter trazido uma contribuição decisiva», eufemismo, que significa apenas normas totalmente impostas por Moscovo.
Mas como seria possível atrair claramente os democratas oposicionistas não comunistas a este a vá s to movimento de unidade.» depois dos insultos que lhes foram dirigidos nas colunas do Avante!? O próprio Avante! reconhece que «a unidade não seria fácil, mas era necessária» (Avante!, 2.ª quinzena de Fevereiro de 1957). Para isso, o movimento antinacional tenta:
a) Desenvolver toda uma dialéctica de atracção - e é interessante a este respeito citarem-se algumas, das inúmeras palavras de ordem que aparecem na imprensa comunista para captar ingénuos e inocentes:

«A todos os democratas! A todos os anti-salazaristas! A união faz a força, o que divide enfraquece!» (Avante! n.º 226, 1.ª quinzena de Janeiro de 1957).
«Hoje e sempre lutaremos pela unidade nacional» (Avante! n.º 230, 1.ª quinzena de Março de 1957).
«A unidade da classe operária é uma necessidade histórica» (Avante! n.º 232, l.ª quinzena de Abri de 1957).
«Não nos deixemos arrastar para uma luta entre monárquicos e republicanos. Unamo-nos uns e outros contra Salazar» (Avante! n.º 237, 2.º quinzena de Junho de 1957).
«Por um bloco eleitoral anti-salazarista. A unidade é necessária. Organizemos a luta eleitoral. Em cada distrito uma só lista da oposição contra Salazar» (Avante! n.º 238, 1.ª quinzena de Junho de 1957), etc.
b) Fazer, por outro lado, uma «autocrítica» à sua actuação passaria, afirmando que errou e que esse erro se deve em grande parte ao «culto da personalidade», que em Portugal se traduziu pelo «culto do secretariado» e ainda pela «falta de direcção colectiva».
Nas «conclusões e decisões do comité central» na sua reunião clandestina nos princípios de 1907 e publicadas em O Militante de Fevereiro desse ano pode ler-se:
«O comité central conclui que no nosso partido existiu, a par do culto da personalidade em geral, o culto do secretariado em particular».
E esse artigo conclui que foi o culto da personalidade do secretariado o maior responsável pela atitude intransigente do partido perante os democratas, oposicionistas não comunistas desde 1948. São estes os primeiros acenos de amor ao demo-liberalisino republicano e monárquico.
Afirma-se mais nesse manifesto:

I) «Coube ao partido comunista da "União Soviética o grande mérito de contribuir decisivamente para a eliminação do culto da personalidade e das suas consequências ao descobrir e denunciar as raízes históricas e ideológicas deste fenómeno estranho do marxismo-leninismo. O grande mérito de armar ideologicamente os partidos comunistas e o movimento operário internacional contra esta grave deformação dos princípios do marxismo-leninismo coube ainda ao partido comunista da União Soviética com a discussão tra-