O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

848 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 114

çada no XX Congresso e a publicação da «Resolução sobre a eliminação do culto da personalidade e das suas consequências, cujo estudo atento se recomenda a todos membros do nosso partido».

II) «... o comité central do partido comunista, português aprova a declaração da comissão política do comité central do nosso partido que reafirma a sua confiança, no partido comunista da União Soviética e no seu comité central ante a sua posição leninista e mostra o seu reconhecimento pela sua preciosa contribuição ao movimento operário internacional e au nosso próprio partido ao denunciarem o culto da personalidade e as suas consequências e. au rectificarem-se algumas das suas teses que não eram acertadas»
III) «Coube ainda ao XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética o mérito de não ter ensinado a compreender o erro dogmático ...»
Não se pode ser mais claro, de novo, sobre o comando que o partido comunista da União Soviética continua-a exercer em todos os movimentos dos comunistas portugueses.
E esta autocrítica foi a fornia hábil de se efectuar a viragem para a política de atracção dos oposicionistas demo-liberais. Foi o estender e o primeiro apertar de mão.
E como epílogo de um período táctico não se hesitou, como, de resto, é costume, em lançar às feras, como principal responsável pelo desvio, o Prof. Rui Luís Gomes, que, a como representante dos sectores mais radicais das forças democráticas, não podia, como não pode realmente, agrupar à sua volta todas as correntes políticas interessadas numa mudança de regime», segundo se diz em O Militante n.º 91. Em necessário, de facto, ampliar os horizontes do paraíso soviético até onde pudessem caber tantos democratas desejosos da paz social oferecida pela Rússia a todos os contrários ao culto da personalidade.
E assim se alargou o ambiente de recepção para mais umas centenas de candidatos suicidas.
O movimento comunista planeava assim o estabelecimento de «uma nova posição em relação aos próximos actos eleitorais», de harmonia com a qual, este movimento antinacional pudesse «aceitar a ida às eleições sem exigência prévia de condições mínimas», sendo ainda fundamental que se estabelecesse um largo entendimento entre todas as correntes oposicionistas, com vista à condução da batalha eleitoral. A criação de uma ampla frente eleitoral à volta de um programa mínimo, abarcando não somente os democratas da esquerda e da direita,- era assim a directriz da nova táctica do comunismo internacional.
E para tal era preciso que se desenvolvesse uma luta activa por reivindicações económicas e políticas de toda a espécie.
Surgiram assim palavras de ordem da seguinte índole:

Luta pelo aumento imediato de salários, jornas e vencimentos.
Luta contra os elevados impostos.
Luta contra os monopólios.
Luta pela elevação do bem-estar material do povo português.
Luta contra a censura.
Luta por uma amnistia imediata a todos os presos políticos e sociais.
Luta pela defesa da paz.

Sérgio Vilarigues, sob o pseudónimo de Amílcar, afirma que esta condição seria decisiva para elevar a combatividade das massas populares e para enfraquecer e desagregar a infra-estrutura nacional, garantindo assim a participação de uma larga massa de indivíduos no acto eleitoral.
Para realizar estes diabólicos desígnios o movimento decidiu, como disse em Janeiro de 1957, dissolver o desacreditado M.N.D. (Movimento Nacional Democrático), encabeçado pelo Prof. Rui Luís Gomes, instituído em Fevereiro de 1949, após a queda do Movimento de Unidade Democrática (M.U.D.).
Como; porém, o partido não poderia manter-se nem agir sem organização nem quadros, era necessário também estabelecer nova estrutura e enquadrar os seus elementos militantes. Assim, foi logo preconizada a formação de «comissões eleitorais nas cidades, vilas e aldeias, nas fábricas e campos, e em toda a parte», no decurso do espaço de tempo que medeia entre Outubro de 1957 e a campanha presidencial do Verão de 1958.

Foi assim que, num manifesto comunista publicado nessa altura, se dá notícia dos funcionários da nova estrutura orgânica das forças antinacionais.
Assim propunha-se:

1.º A imediata constituição de comissões cívicas eleitorais em todos os distritos;
2.º A promoção, em breve prazo, de assembleias distritais oposicionistas para a aceitação dos candidatos da oposição;
3.º A urgente organização dos serviços eleitorais de cada distrito;
4.º A constituição dê unia comissão cívica eleitoral nacional, formada por um candidato de cada uma das listas da oposição que forem apresentadas ;
5.º A oportuna convocação pela comissão cívica eleitoral nacional de uma assembleia oposicionista do escalão nacional.
Estas palavras constituem matéria elucidativa para definir as características indiscutivelmente comunistas do movimento oposicionista que haveria de arregimentar tantos e tantos demo-liberais das esquerdas e das direitos.
Terminada a campanha de 1907, o movimento comunista prepara-se para a nova campanha eleitora] de 1958, para ele a mais importante, pois tratava-se de conseguir êxito no golpe de Estado constitucional. A táctica continua, porém, a ser a mesma. Mas agora aparece um elemento novo - um militar já conhecido pela inconstância das suas ideias políticas, mas que tinha dentro da sua carreira exercido funções de algum vulto no País e no estrangeiro. E, assim, no decorrer do período de preparação eleitoral, e mais tarde no decorrer dele, realizou o movimento comunista um hábil trabalho de Aglutinação das forças dispersas do demo-liberalismo português.
Porém, num manifesto reproduzindo uma declaração da comissão política do comité central do movimento comunista, datada de 7 de Fevereiro de 1958, e intitulada «Ao povo português, sobre as eleições à presidência da República», a candidatura do referido militar ainda era severamente condenada, pelo movimento comunista, denunciando-a até como uma manobra de divisão das forças salazaristas.
Assim, podia ler-se nesse documento:

«O general Humberto Delgado é o tipo de candidato que não interessa às forças da oposição. Ele tem sido desde sempre adepto de Sal azar e defensor do regime fascista. Igualmente tem insultado e caluniado publicamente a democracia ...».

«Nestes últimos meses, depois do seu regresso dos Estados Unidos, onde ocupou altos cargos de confiança dos Governos norte-americano e Português, o general
Humberto Delgado foi empossado de novo em altos