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110 DIÁRIO DAS SESSÕES Nº 136

que se refere ao alto custo de vida, em consequência, em parte, das taxas, impostos e alcavalas que oneram alguns dos artigos importados e essenciais à subsistência pública. E há neste capítulo factos que devem merecer a atenção imediata do Governo. Recentemente, quando se distribuiu o contingente de bacalhau, as ilhas não foram consideradas. E, como não é fácil adquiri-lo nos mercados externos, corre sério risco de faltar na Madeira um produto de consumo tão generalizado, e isto na época em que mais escasseia o peixe e diminui a produção local de carne.
Quanto ao azeite, dá-se também uma estranha anomalia. É que, segundo as tabelas oficiais, o azeite enviado para a Madeira tem um agravamento médio de preço de cerca de 1$50 por litro. Quer dizer, há um preço de azeite para o continente e outro para os ilhas, como se estas fossam terra estranha e não fizessem parte integrante da própria metrópole.

O Sr. Carlos Moreira: - Não são só as ilhas, mas também Angola e Moçambique.

O Orador: - Já não bastam os fretes, os seguros, as taxas, etc. Ainda se fixa um preço superior ao normal para um produto tão essencial à subsistência pública.
Deixo o assunto à esclarecida atenção e ao alto espírito de justiça de S. Exa. o Secretário de Estado do Comércio.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Augusto Simões: - Sr. Presidente: no domingo que foi o dia 29 de Novembro, há pouco findo, teve lugar nesta Lisboa grandiosa, nossa magnificente e bela capital, um conjunto de tocantes cerimónias cujo alto significado muito me apraz referenciar, porque com elas se deu um nobre exemplo de solidariedade humana que merece ser exaltado por não ficar aquém de tantos outros que, trazidos a esta Casa, aqui foram justamente apreciados.
Integraram essas cerimónias a comemoração do dia dito do «almeida», nome pelo qual são tradicionalmente conhecidos os cantoneiros do serviço de limpeza da capital, prestante grupo de mais de 1500 servidores que pela Câmara Municipal de Lisboa foi há muito criado e é mantido em plena actividade.
Os valiosos e imprescindíveis serviços que estes humildes componentes da infra-estrutura municipal vêm prestando e as suas próprias pessoas, por tão integrados nas normalidades da vida actual, onde quase só contam n« grandes coisas e os grandes vultos, têm passado despercebidos em chocante anonimato, que só agora alcançou certo banimento com as cerimónias referidas.
Fica a dever-se o acto de justiça que foi a exaltação desses honrados trabalhadores ao espírito de iniciativa que floresce no jornal. A Comarca de Arganil, probo e conhecido mensageiro da linda região do Centro, o qual, por ter assegurada e certa a audiência nos lares beirões espalhados pelas sete partidas, melhor se apercebeu da vida destes homens, quase na sua maior parte oriundos dos concelhos de Arganil, Góis e Pampilhosa da Serra.
Então dinamizou-se a iniciativa, a que não faltou a inultrapassável devoção à causa dos humildes do padre José Vicente, bondoso sacerdote da ridente princesa do Alva, que é a linda vila de Coja, do concelho de Arganil, região de estuantes belezas, onde a vista se enternece ao contemplar a gama policromada do conúbio das águas e do arvoredo.
A imprensa de Lisboa, o grande e nobre ramo da prestigiosa imprensa portuguesa, sempre pronta a colaborar nas apropriadas manifestações de justiça social, deu o seu apoio precioso, sendo especialmente significativa e valiosa a acção desenvolvida pelo jornal A Voz.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Por seu turno, não quis ficar também à margem deste notável acontecimento a Câmara Municipal de Lisboa, cujo ilustre presidente, Sr. Brigadeiro França Borges, com o alto aprumo da sua elevada estirpe, quis ter sentados à sua mesa, nesse dia de tão comovente apoteose, esses humildes obreiros da Câmara, que, com tão alta distinção, experimentaram uma indizível felicidade, cuja lembrança jamais se lhes esvairá, como bem viva ficará para sempre em seus corações uma gratidão sem limites.
No decorrer da magna assembleia dessa festa, ao Sr. Presidente da Câmara Municipal de Lisboa foi dada pormenorizada conta da situação bastante penosa em que vivem esses serventuários.
Foi devidamente esclarecido que, com salários modestos, e, mesmo assim, deles privados, talvez pelo império do condicionalismo legal, aos domingos e dias feriados, experimentam as dificuldades de manutenção que bem facilmente se adivinham.
Tal situação, porém, não está de nenhuma maneira dentro dos primados da compreensiva justiça que presidiram ao reajustamento dos vencimentos dos servidores do Estado e aos dos corpos administrativos.
Por amor dessa justiça se atenuaram muitas situações de chocante desencontro, restabelecendo-se ou melhorando-se sensivelmente o equilíbrio necessário à dignidade da vida.
Não quererá, por certo, a Câmara Municipal de Lisboa, cuja preocupação já claramente demonstrou ser a de aferir toda a sua importante acção pelos rígidos padrões do bem comum, deixar de ter como uma das suas preocupações de primeira linha a da melhoria da situação destes seus humildes servidores, cuja missão, ingrata e difícil é, sem embargo, verdadeiramente imprescindível.
E que a considerará resulta da nobre atitude agora tomada de se associar, de tão expressiva e fidalga maneira, a festa há pouco realizada, a qual ficará a marcar uma imperecível lição de solidariedade, em que, como aqueles que tão galhardamente a organizaram, não podem deixar de atentar todos quantos se dizem enfeitiçados pela causa sagrada dos humildes.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Como Deputado pelo distrito de Coimbra, ao qual pertence a grande maioria dos mencionados servidores, daqui dirijo ao ilustre presidente da Câmara a Municipal de Lisboa, com a homenagem que lhe é devida pela muita elegância da sua fidalga atitude - já posta em relevo -, o meu pedido para que a Câmara da sua eficiente presidência reveja a situação dos cantoneiros dos serviços de limpeza da capital e a melhore tanto quanto se lhe torne possível. Assim fará justa e compreensiva administração.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Bartolomeu Gromicho: - Sr. Presidente: cumpro neste momento o grato dever de me referir e pôr em devido destaque as cerimónias e comemorações festivas realizadas em Évora recentemente à volta do 4.º centenário da fundação da Universidade henriquina.
Foi a Câmara Municipal de Évora que lançou a iniciativa da comemoração centenária do célebre e bri-