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460 DIÁRIO DAS SESSÕES N.° 201

O proprietário da campina tem bem acesa no seu espírito uma vontade forte de progredir e de arrancar à terra tudo o que ela possa ùtilmente proporcionar.
O seu desânimo resulta, em muitos casos, da falta dos indispensáveis recursos financeiros, que lhe permitam fazer uma exploração economicamente mais reprodutiva e lhe possibilitem os meios de poder renovar e modernizar as arcaicas e deficientes instalações agro-pecuárias.
No que se refere à assistência financeira, não se compreende que os proprietários da campina de Idanha-a-Nova se encontrem em manifesta situação de inferioridade em relação aos demais lavradores do País, pois não beneficiam das vantagens e facilidades concedidas pela Junta de Colonização. Interna, pelo simples motivo de desenvolverem a sua actividade agrícola em zona de rega. Este facto, além de representar uma flagrante desigualdade, constitui sério entrave à expansão de iniciativas e de investimentos absolutamente necessários à ambicionada intensificação cultural.
As precárias condições agrológicas e climatéricas da zona beneficiada, que, aliás, se reflectem nos resultados pouco lisonjeiros do posto experimental de culturas regadas da campina, exigem estudos profundos acerca das espécies culturais mais adequadas ao regadio, uma eficiente assistência técnica e financeira aos proprietários e a certeza da colocação dos produtos a preços remuneradores para que as respectivas explorações possam prosperar.

O Sr Pinto de Mesquita: - Não há incremento do elemento humano!

O Orador: - Exactamente! Para satisfação destes legítimos anseios, a Associação de Regantes e Beneficiários de Idanha-a-Nova, reunida em assembleia geral em 30 de Março do ano passado, animada pelo desejo de bem cumprir o seu mandato e de colaborar com os serviços agrícolas, enviou a S. Ex.ª o Secretário de Estado da Agricultura uma bem fundamentada exposição, na qual é apontada a fornia lenta e deficiente por que está a fazer-se o aproveitamento do regadio.
A exposição em causa - que deve certamente estar a despertar as melhores atenções e estudos nos respectivos serviços oficiais - afirma a necessidade de um melhor aproveitamento da obra no âmbito nacional e, exprimindo o pensamento e o sentir de todos os regante, declara, confiada e disciplinadamente, que estes não esperam do Estado o papel que lhes compete, mas unicamente a colaboração indispensável para que a obra, cuja iniciativa e execução lhes pertence, possa alcança os resultados que honestamente dela podem esperar.
As justas reivindicações formuladas visam o progresso económico e social de uma importante e vasta zona agrícola do País; por isso devem merecer a maior atenção e carinho do Governo, e particularmente do Sr. Eng.° Quartin Graça, ilustre Secretário de Estado da Agricultura, que, com acertada visão, com o brilho da sua inteligência e a larga experiência de técnico dos mais consagrados, tem realizado ao serviço da agricultura nacional uma obra da maior repercussão para a vida do País.

O Sr Proença Duarte: - Muito bem!

O Orador: - Pena é que o seu apaixonante interesse o esclarecido conhecimento dos problemas da terra se encontram limitados pela gerência restrita de uma Secretaria de Estado e se não dispersem com absoluta autonomia e largueza de acção por um Ministério da Agricultura ...

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - . . . onde S. Ex.ª poderia mais exuberantemente evidenciar o seu grande talento e a lavoura portuguesa se sentiria mais amparada, mais prestigiada e mais firme no trabalho profícuo de engrandecimento e valorização da economia nacional.
Por isso me abalanço a sugerir mais uma vez, nesta Câmara, a restauração do Ministério da Agricultura.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A petição dos regantes da campina da Idanha, apesar de repleta de lamentações sinceras e de sugestões revestidas da maior actualidade, embora denunciando muitos aspectos da situação de incerteza e desalento com que se debate a lavoura daquela zona, não refere ainda tudo quanto é preciso realizar para um melhor aproveitamento dos produtos da terra, para o progresso daquela importante e vasta região beiroa e para a prosperidade das suas populações.
A política de «bem-estar rural», inscrita na Lei de Meios para 1961 com o salutar objectivo de levar as luzes do progresso a todos os pontos do País e melhorar as condições de vida a todos os portugueses, constitui fundada esperança de que, além de solucionar os problemas de natureza agrícola do. concelho de Idanha-a-Nova, outras providências serão tomadas a bem do desenvolvimento de uma extensa e valiosa zona, que, sendo atravessada por uma estrada internacional, apresenta condições desportivas de caça e pesca e encerra valores históricos, paisagísticos e etnográficos que poderão assegurar-lhe um lugar de grande mérito no conjunto económico e turístico nacional.
A planificação de unia política de «bem-estar rural» só alcançará pleno êxito desde que se promova em ritmo mais acelerado a electrificação geral do País.
É essa electrificação que aguarda impacientemente toda a zona de rega da campina da Idanha, para que nela se possam instalar pequenas e grandes indústrias que tornem mais fácil a transformação e a colocação dos produtos agrícolas, impulsionando assim a prática de outras culturas de mais segura rentabilidade e mais apropriadas às condições agro-climatéricas do regadio.
Não faz sentido que a populosa e pitoresca freguesia de Ladoeiro, situada em pleno coração da campina e onde se encontra instalada a sede da Associação de Regantes, permaneça mergulhada na mais desoladora escuridão e que as assembleias gerais daquele importante organismo oficial se realizem à luz pálida e bucólica dos candeeiros de petróleo.
Todavia, a electrificação não deve circunscrever-se apenas à área limitada da campina, mas antes deve estender-se às valiosas freguesias de Zebreira e Salvaterra, que outrora foram povoações de um prosado florescente, como o atestam os seus curiosos pelourinhos ...

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - ... a Segura, fronteira aberta ao tráfego rodoviário e graciosa aldeia raiana, que, vaidosa, vê rolar a seus pés as águas cristalinas do Erges, o qual, ao mesmo tempo que divide territórios nacionais, constitui refrescante traço de união entre Portugal e Espanha - duas valorosas e vigilantes sentinelas peninsulares, empenhadas nos mesmos sentimentos de defesa dos valores tradicionais e morais.
Também as típicas aldeias de Rosmaninhal e Toulões, que fazem parte da mesma espinha dorsal, constituída