O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

13 DE ABRIL DE 1961 553

O que cruamente expus é suficiente para VV. Ex.ªs avaliarem da premente necessidade de acudir a esses pobres operários, que aguardam com ansiedade solução para a sua cruciante situação.
Enviaram uma exposição pormenorizada a S. Ex.ª o Ministro das Corporações, sempre solícito na defesa dos fracos e na aplicação da justiça social que informa a doutrina, do Estado.
E urgentíssimo achar solução que atenue a desgraça dessa, gente, e por isso termino com o pedido expresso pelos mesmos operários no final da sua exposição: ou manter em laboração a, secção de Draga, sob qualquer regime que não conduza, ao seu imediato encerramento, ou, se isso for impossível, que a entidade patronal assuma as responsabilidades do desemprego forçado de todos os operários que não podem deslocar-se para S. João da Madeira, com todas as consequências legais ou morais.
Ao ilustre Ministro das Corporações confio a solução urgentíssima do caso, que deve merecer todo o carinho, por se tratar de tão humildes operários, que auferem salários de miséria e aguentam a sua triste sorte com a maior resignação.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. José Sarmento: - Sr. Presidente: como português e ocidental, não posso calar mais tempo a minha indignação e repulsa pelos miseráveis e traiçoeiros ataques que, dos mais variados países, nos têm sido dirigidos. Como Deputado pelo círculo de Vila Real, sinto que atraiçoaria á boa gente da minha região se nesta Assembleia não proclamasse, em nome dela e no meu, que estamos prontos a todos os sacrifícios para repelir, por todos os meios ao nosso alcance, tudo aquilo que possa atingir a integridade da nossa pátria.
Portugal, no decorrer da sua tão longa e maravilhosa história, atravessou períodos críticos em que grande foi a risco de afundamento nacional; no entanto, todos eles foram atravessados e o povo português continua hoje firme e decidido a manter a integridade nacional. Tenho, por isso, a certeza, de que nesta viragem da história universal Portugal resistirá mais uma vez à grande crise que agora se inicia.
As crises do passado português foram principalmente motivadas por males internos, que dificultavam a aglutinação de todos os portugueses contra os inimigos da Pátria. Apesar disso, com a ajuda, de Deus e da parte sã da Nação, conseguimos vencê-los. Hoje a situação é bem diferente.
Por um lado, ainda existem traidores, e dos piores, que preconizam, aliados com os inimigos da Pátria, atentados terroristas como armas de guerra psicológica. Nesses atentados já se sacrificaram, com a mais requintada crueldade e hediondas mutilações, crianças e mulheres.
Perante tais processos, tenho a certeza de que todos os portugueses, que não sejam profissionais do crime ou sádicos tarados, se unirão num só bloco em volta do Governo na defesa da Pátria. Assim, tenho a certeza, poderemos vencer a grande crise que agora se desenha.
Felizmente há já muito que a lepra dos preconceitos democráticos (parlamentarismo, partidarismo, sufrágio universal, descontinuidade governamental, etc.), que vão desagregando as nações ocidentais, foi entre nós banida. Durante perto de um século, teimosamente tentámos cingir-nos a esse conjunto de ideias a priori que constitui o modelo democrático. A experimentação demonstrou, à custa das ruínas provocadas e do sangue vertido, que esse modelo não corresponde a qualquer possível realidade.
Por isso com lógica o abandonámos e enveredámos por uma senda assente em realidades político-sociais baseadas na experimentação, e não em ideias a priori vazias de significado real.
Estamos, portanto, em melhores condições para resistir ao embate ideológico do mundo comunista do que certas grandes e poderosas nações que, corroídas pela lepra dos preconceitos democráticos, abdicam e entregam Iodas as suas posições-chaves ao mundo comunista.
Sr. Presidente: o que se passa neste momento em todo o Mundo, e em particular naquelas partes que mais nos interessam, obriga-nos a profunda, reflexão.
De um lado vê-se um conjunto de povos comunistas unidos para a conquista do Mundo através da destruição da civilização ocidental. Se actualmente divergências existem entre eles, reduzem-se sobre a escolha do processo mais eficaz para a destruição do mundo ocidental. Um preconiza a guerra, o outro considera-a inútil. Infelizmente, se os grandes do mundo ocidental não arrepiarem caminho, o domínio mundial, sem guerra, pelo mundo comunista será em breve um facto.
E o que se vê do outro lado?
Um conjunto dividido de grandes nações orientadas por ideais democráticos que lhes não permitem enfrentar e deter a onda comunista. Dessas nações destacam-se, pela sua riqueza económica e pelo seu poderio militar, os Estados Unidos. Qual tem sido a eficiência da sua actuação na chefia da defesa da civilização ocidental? Infelizmente para nós, e para todo o mundo não comunista, toda a sua política tem tido como consequência um avanço do mundo comunista sobre as posições ocidentais.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Quais as causas de tais fracassos?
Deficiências natas do povo americano.? Não me parece; todos os povos têm qualidades e defeitos, e as qualidades dos Americanos superam bem os seus defeitos. Atribuo em grande parte as causas desse fracasso aos preconceitos democráticos que estão na base da sua formação.
Como luminosamente foi destacado há dias pelo Sr. Deputado Armando Cândido, dessa política resultam a entrega à Rússia, logo a seguir à guerra, das posições-chaves da defesa da Europa, depois foi a entrega do continente asiático à China comunista, em seguida a entrega do Norte de África à influência comunista, depois o abandono da Hungria, em seguida as incríveis complacências é sucessivas abdicações perante o momento fidelista, inicialmente acarinhado pelos próprios Americanos. E agora, para cúmulo da sua inacreditável política externa, o ataque feito na O. N. U. a Portugal, coligando-se com o seu maior inimigo, a Russia. E de facto de pasmar tanta falta de visão e deslealdade perante um aliado e amigo. Julgarão os Estados Unidos que a entrega do Centro de África, com o seu litoral, à influência comunista poderá deter a onda do imperialismo russo? Quanto mais se lhe der para devorar mais se estimula a vontade de comer.

O Sr. Virgílio Cruz: - Muito bem!

O Orador: - Julgarão ainda os Estados Unidos que as bases que temporariamente lhes cedemos nos Açores já perderam todo o seu valor estratégico e que a posição da Península nada representa para a defesa do mundo ocidental?