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1352 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 57

as insígnias tia Ordem de Mérito Agrícola e Industrial, galardão que, enaltecendo a sua memória, também honraria as mãos de quem o conferisse.
Chamado a ocupar um lugar nesta Assembleia, estou certo que sempre o desempenharia com a elevação, com a dignidade e com a limpidez intelectual que foram o timbre de toda a sua vida.
Por tudo isto, Sr. Presidente, de Lisboa até à aldeia natal, o seu corpo inanimado, fazendo a última viagem por entre árvores aprumadas como mãos erguidas e à beira do mar que embalou os seus sonhos de menino, foi recebendo as homenagens com que a gente grada e a gente humilde, o rico e o pobre, pretenderam aquecer-lhe a algidez do túmulo e tornar menos pungido o negrume da sua morte.
Féretro simples, como simples fora toda a sua vida ...
Nem crepes decorativos, nem os ritos mais solenes da liturgia, nem excessivas flores a engrinaldarem o ataúde.
Apenas recolhimento sentido, preces fervorosas e lágrimas sinceras ...
Naqueles despojos já não havia o sorriso do amigo que comove, nem a mão do pai e do esposo que acaricia, nem o talento do profissional que ilumina.
Mas ainda rebrilhava, como um clarão, o prestígio do seu exemplo, a translucidez da sua vida e o lume acalentador da. sua enobrecida bondade.
Por isso, de entre a multidão que o chorava sobressaía, de olhos tristes como círios, a mancha negra do povo anónimo, desse povo agradecido a quem ele tantas vezes mitigou a fome ou despontou os espinhos do sofrimento.
Deus chamou pela sua alma; o seio da sua terra, que também é segunda mãe. recolheu comovidamente o seu corpo.
E entre a terra e o céu perdurará a sua memória como um sulco luminoso unindo a saudade que deixara à imortalidade a que subira.
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!
O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Sousa Rosal:-Sr. Presidente: anunciou em Faro, no dia 16 do mês findo, o director-geral da Aeronáutica Civil a decisão do Governo de mandar iniciar imediatamente a construção do aeroporto do Algarve, bem como a previsão da sua abertura à exploração na Primavera de Í964.
Com ele se reforça e alarga a infra-estrutura nacional da Aeronáutica, se melhora a segurança da navegação aérea, pelas condições climáticas excepcionais de que goza a região onde vai ser implantado, o se facilita o desenvolvimento turístico do Algarve, o qual, dadas as suas perspectivas, será manancial certo de riquezas e de intenso convívio internacional, que nesta hora incerta temos a mais alta conveniência em cultivar com o melhor da nossa natural simpatia.
Este melhoramento, que ultrapassa as fronteiras do regional, era, desde há muito, legítima e premente aspiração do Algarve, e a qual mantive sempre viva nesta Assembleia, desde que aqui tive assento.
A razão do Algarve, e a minha insistência em aventá-la, está felizmente satisfeita e provado o seu acerto no passo que se vai dar.
Neste momento, em que essa querida aspiração toma foros de realidade, julgo ser obrigação, que cumpro com o maior prazer, por gentil delegação dos meus estimados colegas pelo círculo de Faro, trazer até aqui os ecos de contentamento dos meus comprovincianos ao Governo, designadamente ao Sr. Ministro das Comunicações, e a quantos contribuíram efectivamente para que o aeroporto do Algarve passe a ser mais um facto a assinalar a marcha ininterrupta e operosa da política de engrandecimento do nosso poder económico.

O Sr. Rocha Cardoso: - Muito bem!

O Orador: - É com o mesmo sentimento de independência e espírito de justiça com que transmiti os pedidos e reclamações formulados pelo Algarve, a propósito das vicissitudes que ornamentaram o longo período da sua gestação, que aqui estou a agradecer e a louvar.
Abre-se com ele, para o turismo internacional, que tão interessado anda em conhecer e viver as excepcionais condições. naturais do Algarve, que andam na. boca do Mundo, a porta aérea que com tanto empenho solicitava.
Amanhã será a vez de anunciar a abertura da porta terrestre, que, voltada para Espanha, está apenas entreaberta a um trânsito incómodo e inseguro e terá de ser aberta de par em par, fácil e segura, com o lançamento da ponte sobre o Guadiana por Ayamonte - Vila Real de Santo António, por força da pressão exercida pela multidão turística que anda pela Andaluzia, da ordem dos cinco milhões, e que em grande parte entraria, por via dela, no Algarve e se espalharia por todo o País com uma propaganda bem orientada e servida por melhores comunicações ferroviárias e rodoviárias entre o Sul e o Norte do País.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O Orador: - Depois só ficará por franquear a sua porta marítima, e essa por Lagos, por ser a mais natural, com a construção de um molhe-cais no seu magnífico, amplo e seguro porto, colocado na região mais linda das suas costas rendilhadas.
Com ele possibilitava-se a atracação de barcos de turismo de toda a espécie e tonelagem e a consequente inclusão do Algarve na escala das rotas dos cruzeiros marítimos, que só por falta de acesso o não está sendo, como se ouve dizer com insistência.
De outra maneira não poderá entrar na região algarvia, sem atropelos e condicionalismos impertinentes e enfadonhos, o número de turistas que está sendo previsto pelos que estão atentos ao desenvolver do fenómeno turístico que por toda a parte se processa e, particularmente, ao que se passa na vizinha Espanha e a que me referi, com certo desenvolvimento, nesta Câmara na sessão de 1 de Março do corrente ano.
Este é apenas um dos aspectos a encarar no planeamento do turismo no Algarve, que não me canso de submeter à consideração do Governo, com a mesma persistência com que o fiz durante treze anos para o aeroporto do Algarve. Outros, não menos básicos, como os da urbanização, instalações hoteleiras, comunicações entre os pontos turísticos e saneamento, estão postos, não com menos acuidade, ao nosso entendimento, a desafiar a nossa capacidade de realização.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -A afirmação feita pelo secretário nacional da Informação em Faro. seguidamente às declarações do director-geral da Aeronáutica Civil sobre a construção do aeroporto do Algarve, de que se trabalhava para que. o Algarve possa acolher, dentro de cinco anos, 500 000 turistas, constitui uma garantia de que se vai entrar num período de sério e intenso trabalho a favor do fomento do turismo da região, tanto mais que foi pronunciada