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11 DE DEZEMBRO DE 1962 1357

me coage a pedir, até ser importuno, que lhe acudam, que a socorram, que não consintam se afogue na semies-curidão do que ignora.
Três dos onze concelhos do distrito não beneficiam ainda de qualquer estabelecimento de ensino secundário, oficial ou particular: Vila de Rei, Oleiros e Vila Velha de Ródão.
Se a proximidade deste em relação à capital do distrito pode supor-se elemento que de algum modo facilite a uma pequena percentagem da respectiva população escolar o prosseguimento dos seus estudos, tanto o de Vila de Rei como o de Oleiros nem com tão pouco poderão contar!
A gente nova que os habita, se os réditos familiares lhe não permitirem a deslocação para outro meio, e nessa medida estarão 95 por cento dos pais, aos 10 ou 11 anos ela terá findado para sempre o seu anseio do melhor compreender e entender a sua própria- vida, o seu próprio destino.
A justiça social nos bens mais valiosos, que são os do espírito, não alcançou ainda essa juventude abandonada.
E em nome dela, é em nome das gerações que vão suceder-lhe, que peço ao Sr. Ministro da Educação Nacional a urgente, a imperiosa, a inadiável criação de escolas técnicas, industriais ou agrícolas naqueles concelhos.
Além destes, mais de 50 por cento dos restantes do distrito não dispõem de estabelecimentos de ensino secundário oficial, e os do ensino particular aí existentes, tendo de funcionar em regime industrial, por menor que seja o espírito lucrativo de seus proprietários, afastam desde logo da sua frequência a grande maioria da população escolar.
Rapazes e raparigas, cujos pais, trabalhadores rurais ou de ocupação quase equivalente, mal ganham para o escasso sustento, de elementares exigências, aliás, como poderiam aspirar à frequência de um colégio a troco de uma mensalidade que tantas vezes, só ela, é de per si superior ao ganho mensal familiar?
Aí o contraste dos que podem, e nem sempre serão os melhores, com os que não podem e que não deveriam perder-se e se perdem para as maiores tarefas da grei, sinto-o como o vivem quantos o contemplam: com desolação e, queremos desejá-lo, com esperança! A esperança de que termine quanto antes, a esperança de que a Nação possa contar com todos para as missões ingentes que o presente e o futuro põem ao nosso esforço e à nossa consciência.
E, por isso, eu sei que poderão, com alguma justiça, é certo, alcunhar-me de incomodativo, mas nem por isso deixarei de insistir: a escola técnica do Fundão teria já ultrapassado os 1000 alunos se fora criada quando pedida, não se alcançando que razões possam vir obstando ao seu aparecimento e à sua instalação, ainda que precária, mas imediata.
Porque assim se não tem entendido, porque assim se não tem decidido, ali continuamos a desperdiçar a nossa maior riqueza - a nossa juventude, condenada ao malogro nas suas mais legítimas e mais fecundas aspirações - as do seu crescimento intelectual-, o único que poderia conduzi-lo à integral realização da sua vocação e do seu destino.
Os concelhos de Idanha-a-Nova, Penamacor, Belmonte e Proença-a-Nova, porque sofrem de mal idêntico, carecem de igual remédio.
Certo que é no ensino profissional que estou a estruturar quanto requeiro.
E pela via de uma profissão evoluída e instruída que as grandes massas podem ir dar à cultura. Vão longe os tempos, felizmente, em que o trabalho se afigurava antagónico da cultura. Hoje deram-se as mãos. Se esta dispensa a especulação pela especulação, aquele foge de ser um aprendizado servil para se tornar no exercício de uma actividade a praticar mais com a energia mental do que com a força muscular.
Ainda bem.
Não vá ainda supor-se que o problema do ensino secundário está totalmente resolvido na própria capital da província. Infelizmente, nem aí.
E que uma tal questão não é estática, é dinâmica. As soluções, ao menos no seu lado quantitativo, e só deste euro agora, nunca são definitivas. Avançam continuamente ao impulso das forças sociais inevitáveis que, ano a ano, colocam à beira da juventude novas gerações.
E por isso Castelo Branco carece urgentemente de ver ampliado o quadro das suas instalações docentes com o liceu feminino, já tantas vezes lembrado e ainda não obtido.
O seu único liceu, com edifício inaugurado há cerca dei 15 anos, para 600 alunos, abriga 1500. dos quais 700 são rapazes e 800 raparigas.
Fosse ele de frequência masculina apenas e mesmo assim facilmente se compreenderiam os gravíssimos inconvenientes pedagógicos de ministrar o ensino a- 1500 alunos em estabelecimento estudado, projectado e construído para 600. Mas esse parece ser já mal corrente por esse País além.
Repare-se, contudo, que ali o agrava sobremaneira a presença de 800 alunas! Os inconvenientes e até os perigos da coeducação em tais condições atingem probabilidades chocantes, que só o denodado esforço do seu incansável reitor, Dr. José Catanas Diogo, e do diligente corpo docente que o acompanha vem evitando.
Por outro lado, a frequência feminina cresce ano a ano, o que afasta toda - a esperança de resolver o problema sem II criação do imprescindível liceu feminino. Aliás, aqui se juntam duplas razões - as da instrução e as da formação adequada que devemos à nossa juventude, a cujas exigências, em tal condicionalismo, não é possível atender como merece.
E se novas realizações não vierem alterar, como é de desejar e de esperar, o condicionalismo do ensino técnico nacional, não será arrojado profetizar que dentro de breves anos também aí a situação será idêntica à que ora oferece o ensino liceal.
O novo edifício da Escola Comercial e Industrial, aberto no começo do corrente ano lectivo, está a ser frequentado por cerca de 1400 alunos! Se o ritmo do crescimento anual for o registado em concelhos de menor população escolar que o de Castelo Branco, aquele número terá dobrado dentro de 6 anos, o que significará a necessidade de nova escola profissional.
Sem embargo de reconhecer-se o forte núcleo industrial da Covilhã e seu termo, certo é que a grande maioria da população activa da Beira Baixa se ocupa na agricultura e actividades afins.
Não existe, porém, ali, como também e infelizmente na quase totalidade das restantes províncias, uma simples e elementar escola agrícola.
Toda aquela fundamental actividade continua a ser dominada pelo tradicional empirismo. Certamente que há nele muito de útil e de aproveitável; não será, porém, com ele que poderemos levar a bom termo as reformas agrárias já decretadas e, em perspectiva. Não será, porém, com ele que poderemos levar o indispensável progresso às lides da agricultura. E que só a técnica será capaz de extrair da terra os produtos em quantidade que corresponda à finalidade de todas as reformas projectadas e legisladas.