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2042 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 81

à Assembleia Nacional o eco ainda bem vivo da histórica visita do venerando Chefe do Estado, em Julho último, ao distrito de Angra do Heroísmo.
Testemunha do que foram esses dias de sublimação entusiástica da mais sincera fé patriótica, só pretendo, contudo, por um lado, acentuar a grandeza moral resplandecente na alta dignidade do ilustre visitante e o afectuoso carinho manifestado no franco acolhimento de uma população, medular e secularmente firme, e até heróica, no amor da Pátria, e, por outro lado, pôr em relevo algumas ilações que daí se podem tirar relativamente à unidade nacional, espiritualmente considerada.
Com efeito, há-de perdurar para sempre a lembrança da grande bondade e irradiante simplicidade - devotadamente inclinada para os maiores como para os mais pequenos - posta pelo supremo magistrado da Nação, coerentemente ao serviço da sua elevada missão, com a transparente consciência da origem, em última análise, divina do poder de que está investido para assegurar a realização dos destinos de Portugal; e há-de igualmente ficar inesquecível a recepção, também simples e sem artifícios, mas fervorosa, com que aquelas gentes souberam por toda a parte logicamente vitoriar o Chefe do Estado, com a arreigada consciência do indiscutível acatamento devido à autoridade máxima da grei, que de Deus vem, estabelecida em ordem ao bem de todos os que a constituem, para prosseguimento efectivo da vocação oito vezes centenária desta nação «fidelíssima».
Daquela memorável visita de S. Ex.ª o Presidente da República ressaltam, assim, nítidos, através da consciência aludida - e de modo deveras edificante, em face da desorientação que vai por esse Mundo -, alguns preciosos factores da unidade nacional, os quais só podem derivar da coerência e do respeito para com as bases em que o Criador assentou a sociedade humana e para com o ideal cristão com que o redimiu e a cuja expansão chamou, com especial predilecção, o povo português (coerência e respeito que têm de começar, como é de razão, por parte dos que estiverem mais altamente colocados).
Tais factores parecem-me susceptíveis de sintetizar nestas palavras: autoridade rectamente exercida e confiante acatamento dos súbditos, tudo em diligente consciencialização da vivência cristã na ordem temporal.
Mas foi sempre assim, Sr. Presidente, foi sempre assim caracterizada a verdadeira unidade nacional portuguesa: de ardorosa intenção objectiva superior, sob a fórmula de «serviço de Deus e do rei» ou outras equivalentes, transcendendo os homens e o tempo, projectando-se na eternidade; foi sempre assim no passado, com D. Afonso Henriques, D. João I, o grande infante, D. João IV .... e assim terá de ser hoje e no futuro, para o ser de verdade!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Aliás, todos sabemos, até pelos tristes ensinamentos da História Universal, incluindo designadamente a contemporânea, que, sem embargo de todos os requintes da civilização material, os princípios morais e sobrenaturais permanecem absolutos, inalteráveis e intangíveis! sob pena de se cair no caos. Por isso, não pode haver verdadeira ciência, nem economia, nem progresso, nem política, nem respeito pela pessoa humana, nem liberdade, nem justiça, nem paz. nem prosperidade nacional, em Deus, nem contra Ele e a sua moral e o seu Cristo!

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Pelo que respeita à vibração dos povos do distrito de Angra do Heroísmo, sumamente honrados com a visita do venerando Chefe do Estado, não seriam mesmo de esperar sentimentos diferentes dos que referi e os evidenciam como valioso elo da unidade nacional. Descendentes dos melhores portugueses do século XV, que foram povoar as ilhas, até então inabitadas, guardando, como poucos, intactas as virtudes ancestrais, intimamente ligados a passos decisivos da vida da Nação, como a resistência heróica aos castelhanos, a restauração da independência (que foram, nos Açores, os primeiros a proclamar), as lutas entre D. Miguel e seu irmão, e até, na actualidade, o estabelecimento da tão falada base aérea das Lajes - pode sempre confiar-se no seu intemerato e indefectível portuguesismo.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - É que as ilhas daquele distrito (como as restantes ilhas açóricas) são, com as do arquipélago da Madeira, as primícias abençoadas da dilatação da «Fé e do Império», e, como tais, bem pode dizer-se, repetindo a expressão de um grande orador, que são uma estância de Os Lusíadas a cantar!
Tenho dito.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

rdem do dia

O Sr. Presidente: - Continua o debate sobre o aviso prévio do Sr. Deputado Cancella de Abreu acerca de acidentes de viação.
Tem a palavra o Sr. Deputado Águedo de Oliveira.

O Sr. Aguedo de Oliveira: - Sr. Presidente: a minha intervenção de hoje reporta-se a um capítulo que várias estatísticas misturam no mesmo saco, que os depoimentos não destacam e que os estudos da especialidade não isolam convenientemente, deixando-o no limbo.
Refiro-me aos malefícios dos veículos de carga, manobrados sem piedade nem respeitos humanos.
Todos podemos ver, por forma ofensiva, grandes camiões de carga excedendo as velocidades que as suas chapas proclamam, tomando a estrada toda, não respeitando as mãos, entrando nas curvas com a desculpa das cargas, mas conduzidos desabaladamente, semeando o pânico e o infortúnio.
Se há fiscalização nas estradas, se os responsáveis por tudo isto viajam como nós simples mortais, eles não vêem o que todos vêem a todas as horas, ou, se vêem, não providenciam, ou, se providenciam, as suas providências são apenas letra morta.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A minha intervenção nada tem que ver, pois, com os condutores avisados e prudentes.
Nada tem que ver com os camionistas que cumprem os seus deveres e vão cônscios das suas responsabilidades.
Nada tem que ver com as empresas, proprietários o patrões que ordenam e agem para que a lei se cumpra e a vida alheia, nas estradas seja respeitada e poupada.