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14 FEVEREIRO DE 1964 3193

solos e climas de fraca capacidade, compreendendo-se que, em parte, os preços de mercado acusem os efeitos das produções verificadas nestes casos. As consequências são a maior carestia dos produtos agrícolas o a criação de fortes rondas diferenciais, que dão origem, por vezes, a avultados lucros nos casos de boa localização das culturas em face das condições mesológicas. Esta circunstância só é possível em economias especialmente limitadas, mas é insustentável quando visada a competição internacional, através da unificação de mercados mais vastos.

Com a característica de que sendo as culturas mais protegidas - ou menos desprotegidas - diferentemente localizadas, essa diferente localização conduzia a desigualdades regionais acentuadas. Poderia, no caso português, concluir-se que haveria á contrapartida de um melhor nível de vida geral nos regiões mais protegidas, mas os indicadores disponíveis não permitem essa conclusão. E talvez o que tenha evitado um desequilíbrio dessa espécie fosse a extensificação cultural ter tomado também grande amplitude ao sul do Tejo.
É interessante, porém, apontar que a evolução da produção cerealífera mostra que em relação no período anterior à guerra, 1935-1939, o milho, o centeio e a batata, que certamente não se situam entre os produtos mais acarinhados, apresentam evolução perfeitamente comparável à do trigo.

[VER TABELA NA IMAGEM]

Quererá isto significar que a agricultura portuguesa no último quarto de século respondeu sempre mediante uma extensificação cultural? Não acreditamos. O progresso técnico também desempenhou o seu papel, embora o alargamento da área tenha sido obtido, por vezes, não à custa de incultos, praticamente inexistentes desde a Campanha do Trigo, mas em resultado do encurtamento do ciclo de rotações, pela supressão ou redução dos pousios, ou seja pelo esgotamento dos solos; e a intensificação, apontam os técnicos, só poderá fazer-se quando forem acauteladas as exigências de conservação do solo. Logo o progresso técnico coexistiu com alargamento demasiado da cultura do trigo, e, embora haja lugar para melhorar muito a técnica, não parece que possa vencei-as condições naturais existentes em muitos solos.
E pode justamente perguntar-se qual o destino destes solos e condições naturais. E a resposta, também dada no II Plano de Fomento, pode ser sintetizada através das exposições feitas por um ilustre deputado e distinto professor donde transcrevemos os seguintes passos:

Esta circunstância (refere-se o orador ao pequeno acréscimo do produto nacional) vem comprovar, o que de resto é de todos conhecido, o aleatório da nossa produção agrícola, baseada na cultura arvense, vitícola e pomareira. E que a cultura florestal é a única que se encontra verdadeiramente adaptada a grande parte do território metropolitano. (Dezembro de 1959).
Haverá que realçar, desde logo, em relação ao problema florestal, o facto de a aptidão natural de largas extensões do território nacional para a cultura silvícola ser, na realidade, desde há muito conhecida. A história o revela em variadíssimos passos e a economia contemporânea da Nação o confirma amplamente.

Vemos, assim, que o continente, ilhas adjacentes, e províncias de além-mar, deverão constituir, em futuro próximo, um território florestal muito extenso e valioso, que, pelo seu valor potencial, acrescido do da riqueza a criar, será - pelo menos é de prever que assim seja - absolutamente comparável ao do alguns países europeus que fundamentam na floresta o seu elevado nível de existência.

... podemos avaliar, na realidade, a grandeza das nossas possibilidades florestais, largamente acrescidas quando forem entregues à cultura florestal cerca de 2 milhões de hectares de terras em acentuado estado de degradação e que hoje produzem magras searas de pão. Pelo que fica dito, julgo apoiar a afirmação feita de que Portugal dispõe de possibilidades de produção florestal extraordinariamente valiosas, muito semelhantes às que deram já aos países escandinavos situação de realce quanto ao grau do seu desenvolvimento económico. E não esqueçamos ainda que em muitas regiões do território português a insolação, aliada a outros factores do clima, é de natureza, pelo condicionalismo acentuado que exerce nos fenómenos do crescimento, a actuar por forma significante no rendimento das explorações florestais. É o que se verificou ainda recentemente com a cultura dos choupos de origem híbrida, quando esta é posta em comparação com a exploração análoga feita em território francês, belga, alemão ou sueco.
Assim, repito, julgo não constituir exagero afirmar que as condições climáticas dominantes no território nacional facultarão à exploração das florestas ambiente dos mais propícios para o sucesso de iniciativas deste género, que largamente hão-de contribuir para o acréscimo do nível do existência da nossa gente.
Vejamos agora, para terminar, um outro factor de interesse não menos destacado como elemento de sucesso do fomento florestal, especialmente no que se refere ao território metropolitano. É o que diz respeito às possibilidades de mão-de-obra rural necessária para levar a cabo os trabalhos de sementeira, do plantação e outros dos novos povoamentos, digamos, do 1.º estabelecimento desta importante indústria. (Março, 1960).
... A diminuição dos rendimentos da agricultura é principalmente influenciada, segundo calculo, pela produção cerealífera.

Um país como o nosso, com uma agricultura influenciada, no conjunto dos seus rendimentos, pela produção cerealífera - excepcionalmente sensível -, está sujeito àquilo que estamos observando, porque o erro vem do facto de o País ter características eminentemente florestais e ser eminentemente cerealífero. (Dezembro, 1960).

17. Por seu lado, o progresso económico tem levado a contínua modificação na Europa das dietas alimenta-