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12 DE MARÇO DE 1965 4521

pelo que, julgo saber, o Ministério do Exército o está tentando solucionar.
Não considero os transportes solicitados aos caminhos de ferro do continente, porque, segundo me dizem, é pago por orçamento ordinário, mas o seu valor deve rondar 10 000 contos.
Sem dúvida que estas quantias entregues a um ramo de actividade económica poderão criar novas possibilidades de desenvolvimento às respectivas empresas.
Passemos agora ao sector da alimentação. Cerca de 500 000 contos pagou o Exército por conta de extraordinária, e pode-se considerar que a totalidade desta quantia foi entregue aos produtores e comerciantes de produtos agrícolas e as indústrias nacionais de produtos alimentares. Mais ainda pode-se estimar que cerca de 170 000 contos foram despendidos no continente e que restantes 330 000 contos se destinaram a pagar alimentos obtidos nas províncias ultramarinas, com relevância para Angola e Moçambique. É muito possível que neste facto se encontre uma das razões do económico crescente das duas grandes províncias.

O Sr. André Navarro: - Muito bem!

O Orador: - Outro ponto que merece ser focando é o da despesa com fardamentos e equipamentos. Gastaram-se cerca de 120 000 contos e pode-se afirmar que a totalidade desta quantia foi entregue à indústria nacional lanifícios, algodão, curtumes, calçado, telas e (...) contribuindo para o fomento das empresas e dando a muitos portugueses.
Em tratamento hospitalar e medicamentos foram gastos 60 000 contos, dos quais apenas 3000 contos se devem considerar perdidos para a economia nacional, por corresponderem a produtos estrangeiros, a indústria nacional de produtos estrangeiros, a indústria nacional de produtos farmacêuticos recebeu cerca de 2 000 contos.
Nestas, verbas estão incluídas as despesas assistência médica das populações nativas no acção psicossocial.
Ainda no campo das despesas ligadas ao pessoal militar surge a mais importante despesa. Cerca de 950 000 contos foram gastos com vencimentos, abonos, subvenções, nelas incluídas a subvenção de família, pensões, etc.
Numa estimativa grosseira (é muito difícil é contabilidade militar responder a esta questão) pode-se calcular que dos 950 000 tontos 730 000 contos, ficaram na metrópole, sob a forma de pensões e de sul família por os militares, na sua quase totalidade aproveitarem das disposições legais que consentem que dois terços do vencimento fiquem reservados para sustento das famílias na metrópole ou por uns milhares finai em da lei da subvenção de família 200 000 contos podem ser considerados como gastos nas províncias.
Cá ou lá, o que importa é que esta quantia deveras importante «não pode deixar de ser considerada como valor a somar ao poder de compra de cada indivíduo,
e este ou gasta, tendência natural de todo o combatente, ou poupa, para, logo que surja uma oportunidade poder investir, de qualquer maneira circula dinheiro que ou mais cedo, vai interessar a agricultura o comércio e a indústria» da metrópole o das províncias.
E a propósito, talvez seja oportuno um sobre a influência que este aumento de poder de compra assim citado pode ter sobre as tendências inflacionistas e o correspondente aumento do custo de vida. É dos tratados de economia e é da experiência dos povos que uma guerra é sempre causadora de inflação, e esta resulta da acumulação de três factores aumento dos custos nominais, aumento da procura e diminuição da oferta.
Aumento dos custos nominais essencialmente porque escoasse a mão-de-obra que fui servir nas fileiras, aumento de procura principalmente porque aumentam os meios monetários à disposição do público, diminuição da oferta fundamentalmente porque uma grande parte das indústrias passam a trabalhar para fins militares, em prejuízo do abastecimento das populações civis (os economistas que me perdoem a síntese).
Vejamos o nosso caso.
Quanto ao desvio da mão-de-obra, os efectivos que temos nas fileiras não podem justificar qualquer crise de mão-de-obra por representarem uma percentagem insignificante do volume da população activa. Muito maior influência pode ter a emigração.

O Sr. Pinto de Mesquita: - Muito bem!

O Orador: - Porque os efectivos nas (...) são reduzidos, em relação ao total da população, e porque a guerra subversiva não exige equipamentos e materiais d u grande tecnicismo amo foi necessário desviar para a produção do bens de interesse militar agentes produtores de bens de interesse civil. Quer dizer a população não sente uma diminuição da oferta por força da satisfação das necessidades militares. Se essa diminuição da oferta existe, é por outras razões, e uma delas poderá então ser o aumento de procura resultante do aumento dos meios monetários a disposição do público.
Ora, estimei há pouco que os militares do Exército deixariam na metrópole 750 000 contos, quantia que, somada à que os militares da Maranha e da Força Aérea possam também deixar, deve ser elevada para l 100 000 contos Não me parece que a entrada desta quanta no escuto monetário da metrópole possa, por si só, influenciar decisivamente a pressão na procura, sobretudo se atendermos que outros factores mais poderosos intervêm, paia não me alongar cito apenas alguns deles remessas de emigrantes, acréscimo de turismo, empréstimos externos. colocação dos empréstimos públicos na banca com reduzida participação da poupança privada, aumento sensível de salários, etc.
Assim, conclui-se, que a entrada daquela quantia no circuito monetário da metrópole, conjugada com outros factores» bem mais poderosos pode motivai uma tendência- inflacionista, mas que ela, por si só, não tem volume puni criar essa tendência.
Retomando a linha das considerações que vinha fazendo, falta-me analisar as despesas com O material, o que farei de uma forma condensada.
Foram gastos cerca de 220 000 contos com a compra de atrelados, equipamentos, espingardas munições, material do intendência, material de engenharia, realização de obras (infra-estruturas), recondicionamento de viaturas e aquisições diversas, tudo com interesse directo para a economia nacional em especial para as indústrias civis e militares.
Quando se apreciou a conta de 1061, foi chamada a atenção do Governo para a gravidade de duas despesas de que pouco aproveitava a economia nacional, e o caso eia considerado grave não só porque representava um volume de dinheiro apreciável, mas também porque, ciam despesas que teriam de se realizar todos os anos. Tratava-se das despesas com a compra de viaturas auto o sobressalentes e de equipamento de transmissões, especialmente rádio.
Ainda no ano de 1963 não foi possível fazer reverter para a indústria nacional parte apreciável desta despesa