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19 DE MARÇO DE 1965 4567

Isto levaria a que, terminada a instrução primária, se dedicassem com apego às suas terras, evitando-se o êxodo para as cidades, para onde se dirigem à aventura, em busca de um emprego qualquer, para poderem ganhar a vida. É uma massa de gente rural desambientada, precariamente à volta das cidades, e que poderia ser parada e dirigida para o cultivo da terra, que, bem trabalhada e cuidada, lhes daria em certeza o que tão ao acaso procuram.
Mas não só aos jovens se deveriam levar conhecimento de natureza agrícola. Aos próprios adultos, e são muitos os que frequentam em aulas nocturnas, cursos liceais e comerciais, se poderia, de preferência, ministrar práticos, entre eles os agrícolas, em vista à formação de técnicos, tão necessários e úteis, evitando-se assim um excedente de indivíduos com cursos liceais e comerciais os quais, pelo incremento que estes cursos vão tomando na província, não tardarão a ter dificuldades em empregar-se, o que poderá levar a frustrações e a situações delicadas.
A instituição de bolsas para os que quisessem ir mais longe dentro deste ramo de ensino e não tivessem possibilidades materiais de o fazer seria também um incentivo a considerar para o progresso do ensino agrícola.
Chegam à província constantemente colonos que querem dedicar-se à terra, e entre eles sobressaem, pelo número, muitos madeirenses que, por não encontrarem apoio necessário, se dirigem para territórios vizinhos, onde empregam todo o seu esforço e capacidade de trabalho em prol do desenvolvimento económico de terras alheias. A estes se deveria dar uma protecção eficiente, traduzida não só em facilidades de crédito em condições convenientes, como também de apoio técnico, pois dele necessitam para se adaptarem às condições de novas terras que irão agricultar.
Urge fazer-se uma verdadeira campanha agrícola em Moçambique, orientando-se o próprio sector da educação, sobretudo rural, nesse sentido, para o que se torna necessário um aumento de meios financeiros.
Sabemos que a instituição de escolas agrícolas se torna dispendiosa.
Mas não será, porventura, mais dispendiosa para a província a importação de produtos que poderiam facilmente ser produzidos no seu solo e que o não são pela falta de técnicos para o cultivo e desenvolvimento das suas terras?

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Sr. Presidente: Estas ligeiras considerações foram-me suscitadas pela leitura do parecer das Contas, onde, no capítulo que se ocupa de Moçambique, o seu ilustre relator se refere à necessidade de em aumento das exportações desta província como solução para o equilíbrio da sua deficitária balança de comércio.
Há, pois, que ir buscar à terra a riqueza necessária para o progresso económico da província.
Que a agricultura ocupe um lugar de relevo no conjunto das actividades de Moçambique, coordenando-se para isso os esforços dos diferentes sectores da Administração, a fim de que não faltem escolas onde se formam os técnicos, estradas e pontes por onde se escoem os produtos, transportes acessíveis que os levem aos mercados e portos distantes e ainda outros meios adjacentes mais indispensáveis, ao progresso da agricultura.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: -Sente-se em Moçambique um surto inovador na indústria, o que uma manifesta confiança na possibilidades presentes e futuras da província. Mas este despertar animador e confiante da indústria terá de ser acompanhado pela renovação e pelo incremento da agricultura, para que não faltem muitas das matérias-primas. For outro lado, haverá necessidade de se aumentar o poder de compra, de se criar o mercado interno que absorva os produtos de uma indústria ainda incipiente, alentando-a para mais altos rumos, o que só se poderá conseguir com o aumento do bem-estar social dos habitantes, a maioria dos quais vive do trabalho da terra, mas um trabalho precário, sem apoio técnico, improvisado e ao sabor das inclemências do tempo, o que leva tantas vezes a fracassos e a desaires.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - A este pequeno agricultor se deveriam levar ensinamentos para um melhor aproveitamento da terra, tantas vezes empobrecida por ignorância de quem a cultiva.
Ultimamente têm-se tomado na província justas medidas de protecção ao agricultor nativo no que respeita particularmente à cultura do algodão, e esta atitude vem animando o pequeno agricultor a dedicar-se com mais afinco a esta cultura. Seria também conveniente que se incentivassem os agricultores nativos para o cultivo de outros produtos, sobretudo de subsistência, nas regiões onde o algodão se não cultiva, para o que seria necessário uma eficiente assistência técnica oficial.
Se, por um lado, há necessidade de se intensificarem as culturas de que a província tem maiores possibilidades, como o algodão, o açúcar, o chá, o tabaco e o sisal, além da castanha de caju, em vista a um aumento das exportações, por outro lado, nota-se que a província está consumindo mais, o que é um índice de crescimento, mas o que a leva a um considerável aumento de importações mesmo de produtos que poderiam ser fabricados ou cultivados no seu solo.
Estão entre estes os lacticínios, que poderiam ser extraídos dos recursos pecuários locais, os cereais, como o trigo e o milho, as frutas e outros essenciais para a alimentação diária da sua população.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - Causa, na verdade, uma certa estranheza que, sendo a extensa província de Moçambique tão rica de solos variados e de climas, desde as temperadas terras do Alto Niassa às quentes e húmidas do Sul do Save, e, portanto com as condições naturais, para as mais diferentes culturas, se não produzam suficientemente, para seu abastecimento interno, alguns dos produtos indispensáveis à alimentação dos seus habitantes, como, por exemplo, a fruta, que nos chega apetitosa, mas cara, de territórios vizinhos, onde tantas vezes a mão-de-obra do nosso emigrante a ajudou a criar em ridentes pomares.

Vozes: - Muito bem!

A Oradora: - E, no entanto, ela poderia ser cultivada em quase todas as regiões de Moçambique, em quantidade que chegaria não só para o abastecimento interno como até para exportação para a metrópole.
São, sobretudo, as pequenas e médias empresas agrícolas, e que são a maioria na província, aquelas que poderiam concorrer para o abastecimento do mercado interno se fossem protegidas e amparadas por um verdadeiro fomento agrário. Às instituições de crédito e de assistência criadas para esse fim cumprirá acudir a este sector da vida de