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1032 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 58

será muito cientifica, mas nada experimental Esta auto-suficiência foi desastrosa, fez da ciência um ídolo, doa sábios uma seita de astrólogos e do homem um mutilado inteligência sem vontade.
Esqueceu-se até que o progresso social é, antes de mais, progresso moral, como registou Kidd Este observou que as conquistas da inteligência estuo longe de ser a alma da nossa civilização. E, profeticamente, acrescentou ainda que «cedo ou tarde » seria manifesto que os povos ocidentais, pretendendo conservar o predomínio sobre as raças que eles chamam inferiores, apoiados apenas no poder da inteligência, fundam-se numa louca esperança «Todas estas conquistas todas estas invenções, chegarão a ser conquistadas por aquelas raças inferiores e utilizadas contra os povos do Ocidente ».
A moral porém, não é uma escusa dependência da biologia, da higiene ou das ciências naturais. Aliás, a antropologia acabará sempre, naturalmente, na teologia.
Não obstante, no citado ponto de exame de Filosofia ainda se punha o problema da viabilidade, no futuro, de uma moral científica Ignoro se uma resposta negativa seria considerada como válida, para efeitos de classificação.
Há quem pretenda caminhar a beira destes abismos, abandonando a estiada e pondo os olhos num idealismo sem realidade e num realismo sem ideal. Um diplomado, mesmo um catedrático, ou novelista insigne ou crítico eminento (sem falar em presumidos sábios de café e cientistas do algibeira) podem ser apenas uma criança ou desequilibrado adolescente em face dos problemas do homem.
Por isso me aflorou um sorriso de tristeza ao ler recente conferência de um dos nossos professores, em que afirmava ter de ensinar aos quintanistas [...], apesar das aulas do Moral (acentuou com ironia), a teologia católica para os levar à inteligência do texto. Com efeito também a mim sucede, nas aulas de História Universal, ter de explicai o vocabulário do compêndio porque os quintanistas não sabem português para compreenderem o texto nem são capazes de fazer a apreensão da substância de uma página e apesar de cinco anos de Português com cinco ou três horas semanas. Tenho até de lhes corrigir nos exercícios erros ortográficos que não dá uma criança de instrução primária. E sinto (lealmente o declaro) algumas apreensões por uma «teologia católica» apresentada por agnósticos ou materialistas quo nunca tiveram aulas, de Moral.
Sr Presidente. A «moral moderna», «independente», «científica», «neutra» ou «la ca» (e não sei que mais evoluídos e pomposos nomes,) ignora o homem, esse desconhecido na certeira frase de Cariel. O dogma de pecado original, observa Foerster, é «um dos fundamentos de uma sã pedagogia». E todos nascemos com janela aberta para o sobrenatural. Se o homem não sobe acima da Natureza, cai no sub-humano, truncado e deformado «Tirein-te o sobrenatural e fica-te o contranatural», sublinhou Cherstston Sendo a alma humana «naturalmente cristã», descristianizar é desumanizar.
A neutralidade religiosa na educação é uma impossibilidade, quando não é uma hipocrisia ou agressão, larvada de tolerância é antipedagógica e anticientífica, um absurdo filosófico e uma profanação legal.
Estou a lembrai-me de Eucken «Nós pensamos que o fundamento religioso da moral não pode ser combatido senão por aqueles que da moralidade têm uma ideia raquítica. Só quando vejo no meu próximo um irmão, sou verdadeiramente homem » Ora ninguém pode sentir-se irmão se não se sente filho do mesmo pai e se
Deus tem paternidade universal e consciente para fazer irmãos todos os homens.
Convenho, por isso, em que toda a educação verdadeira é, antes de mais, educação da alma Sem a educação da alma não teremos um homem, nem mesmo um atleta, apenas um animal, mais ou menos domesticado A própria cultura social e política repousa na cultura da alma.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -Se não, será de tipo novo-rico tão pretensiosa como perigosa, perfumada e envernizada e armada com a bomba atómica.
A moral não ó algo de convencional e variável, de raiz exclusivamente humana. Feita para a natureza humana, permanente como ela, transcende-a Moral criada pelo homem não logra impor-se ao homem. Os homens não aceitam limitações impostas pelos outros homens. Nenhum homem tem, por natureza, autoridade pobre os outros. E sem autoridade não há educação.

Vozes: -Muito bem!

O Orador:-Nem me venham com certos casos de pessoas honestas, apesar de não serem religiosas. A honestidade natural existe - mas não é sinónimo de moral sem religião - e, em todo o caso, é muito oscilante e hesitante, mesmo nos espíritos mais lúcidos. Evoco Aristóteles a ver claramente duas espécies humanas, a dos homens livres e a dos homens escravos por natureza!
Não se adverte que a moral vive naquelas pessoas de capitais acumulados. Depois de um poente de Agosto, o céu continua em labareda por algum tempo. E depois de esvaziado, o frasco ainda exala perfume, mas não indefinidamente Aliás, tinha razão Nietszche quando afirmava que «a filosofia moral moderna» não passava de «forma académica» do que ele chamava «imperativos tradicionais». A moral nem religião não se encontra na história, na vida, é um produto académico nasce e morre nas academias
Escola bem religiosas não é «oficina de almas» não educa deforma, não ilumina escurece o horizonte da existência. Cria mentalidade unilateral, almas aleijadas, cultura de armazém de fábrica como a do tecnicismo, de laboratório como a do biologismo ou livresca como a de alguns ratos de biblioteca, devoradores de páginas mas incapazes, de pensar.
Senhor Presidente. Presidente a ausência do sentido da existência (que- a religião oferece com segurança à generalidade dos homens) está na origem da criminalidade epidémica entre os jovens do nosso tempo, em alguns meios de além das fronteiras. Não vem da falta de pão (os maus filhos das boas, familiares) mas da falta de subrenatural. E os gigantescos conflitos contemporâneos resultam de uma renegação ou apostaria da incapacidade de assimilar em síntese todos os dados autênticos da vida. A religião, como cerne da filosofia da filosofia genuína pertence estabelecer ponte entre as verdades fragmentárias ou parciais e as de base.
A nobreza e sol dez da moral excedem já de per si, uma acção pedagógica acentua. Foerster. O que não significa que a religião resolvei á tudo mas sem ela, pouco se resolverá, talvez nada, ao menos de forma satisfatória para o homem. E talvez a religião resolva nada se for apenas cultuta e não vida.
Não satisfaz um cristianismo académico e anémico difuso ou formalista, como sublinhou nesta Câmara, com a sua história eloquência, Tose Estêvão de Magalhães