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1034 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 58

Goa fora portuguesa, e. o examinando, que mantinha, com todos os riscos, que Goa é Portugal!

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Sr Presidente, Srs Deputados Ensine, embora, o professor de Moral que as pátrias são de direito divino, natural, e que cada um deve amar a sua como Cristo amou, se outro responsável na mesma sala e cátedra afirmar que a pátria não passa de um sediço preconceito ou é apenas a teria onde se ganha o pão, o a eficiência do ensino da moral fica reduzida e, nalgum caso inutilizada.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Insista, embora, o professor de Moral na necessidade da graça e recurso à oração para o jovem superar as limitações humanas e as dificuldades da tara original, dominando tentações, e paixões na conquista do seu aperfeiçoamento e da vida eterna, se outro educador (chamemos-lhe assim ) sustentar que tudo acaba na morte, que o Diabo é um símbolo e o pecado original um mito e que é prenso viver a vida, e ficará diminuída e, alguma tez, anulada a eficiência da cadeira de Moral.
Mostre o professor de História os exemplos de humanidade e cristandade dos portugueses dos Descobrimentos e a justiça da nossa causa no ultramar bem pouco lucrará, em certos case, se o professor de Português, na mesma sala e cátedra, disser que os nossos navegadores foram nefandos piratas e usurpadores e os nossos soldados são agressores injustos.

Vozes: -Muito bem!

O Orador: - Como poderão os jovens estremecer a Pátria se os seus valores forem diminuídos impunemente e os seus heróis deformados a sentados no banco dos léus, no implacável julgamento dos seus educadores e dos seus escritores?

Vozes: - Muito bem!

O Orador: -Não há educação sem colaboração. Colaboração de educando e de educadores, entre os educadores e entre as disciplinas. São convergências necessárias. Nem todos os professores estarão preparados para acentuar a convergência das matérias. Mas todos podem e devem respeitar os preceitos constitucionais, os direitos da família e a consciência dos alunos. A sua primeira obrigação é nada fazer que desoriente a inteligência do aluno, incapaz de se medir com o professor, e lhe crie um conflito de consciência Quando se não possa ou não queira oferecer outra, esta cooperação é que- não pode dispensar-se Sem ela, não respeitarão a liberdade de pensamento.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Opõem-se à liberdade de pensamento quantos criam embaraços à inteligência, na sua natural tendência para ia verdade, pois para ela foi realmente feito, como os olhos para ver e a asa para voar
A convergência das matérias essa é verdadeiramente natural. Salvo se houver desfiguração das realidades, como a registada por Lecomty de Nouy.

Os que se esforçaram, sistematicamente, por destruir a ideia de Deus, fizeram obra vil e anticientífica Foram precisos 30 anos de laboratório para me convencer de que aqueles que tinham o dever de me esclarecer me haviam mentido deliberadamente.

Ainda se pensa, em alguns dos nossos meios, não haver qualquer relação entre o ensino das matérias profanas e o da moral. Entendem que é de ensinar a doutrina cristã. Mas ensinar a descobrir a Deus nas obras da Natureza, isso não, pois religião e Ciência são coisas independentes.
Um trecho um que as glandes, s pequenas maravalhas dos cosmos ou do planeta leve a pousar em Deus, e a admirar-lhe d o poder o a sabedoria adiam alguns que está deslocado num livro de leitura.
Esta mentalidade, porém, vai sendo ultrapassada Recentemente escrevia-se no Bulletim de l'École de Gerson.

É essencial que os nossos jovens compreendam, descobrindo o rigor do pensamento científico, que este é assim apenas porque apreende um mundo pensável, isto é, um mundo tecido de ideias que reflectem toda a sabedoria do Criador.

E acentuava-se.

Claro que isto pode dizei-se num sermão ou num curso de cultura religiosa, mas é certo que esta afirmação toma uma força completamente nova quando é pouco a pouco explicitada, de maneira muito discreta, por algumas observações do professor de Matemática, de física ou de Ciências Naturais.
A convergência dos professou es, ao menos negativa, e das matérias impõe ou exige a convergência dos compêndios. O livro único não tem só vantagens. Mas a pluralidade pode degenerar em confusão. A existência de dois ou mais livros de história, de ciências, ou de filosofia, até de libro do mesmo estabelecimento, cria graves problemas pedagógicos e pode conduzir a desastres, de que são vítimas os alunos e as famílias.
O problema dos compêndios, especialmente nas disciplinas de maior poder pedagógico -História, Filosofia, Literatura, Física e Ciências Naturais - é muito melindroso, por causa das incidências humanas dos dados concretos, de natureza crítica ou científica, do ensino destas cadeiras.
Até pode suceder que um excelente pedagogo de história, por exemplo, seja deficiente aluno de catecismo. Este problema dos compêndios é delicado, técnica ou didacticamente e melindroso no aspecto da sua orientação. E as sentinelas não podem dormir, senão ai dos comandantes e oficias e de toda a fortaleza. Não haverá em Portugal homens rapazes de fazer livros não duvidosos, objectivos e construtivo? E não disporá a Administração de meios para fazer respeitar os direitos da família e a ler?
Uma inspecção não se esgota nos aspectos, técnicos, didácticos, higiénicos e disciplinares, como se o ensino não tenha alma, como se pretendêssemos formar apenas intelectuais ou técnicos, em vez de homens e cidadãos, no pleno sentido dos vocábulos.
Podem formar-se monstros com técnica maravilhosa. Até existe a técnica do aviltamento, de que fala Gabriel Marecl, em Homens contra o Homem. Que aproveita reformar estruturas, alargar quadros, promover a investigação, gastar somas, construir salas ou edifícios e dotá-los com laboratórios e outros meios, se não se garante a formação portuguesa do homem português?

Vozes: - Muito bem!