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17 DE MARÇO DE 1967 1513

Como certamente o aproveitamento das automotoras não virá a dispensar a manutenção do actual comboio no percurso só Salamanca-Barca de Alva (para correio, bagagens, etc ), parece que seria possível, sobretudo depois de a linha do Douro permitir marcha mais rápida, estabelecer com a (...) uma segunda correspondência em Barca de Alva, em termos do permitir que o comboio espanhol enlaçasse com os directos do Douro, o que seria útil para os passageiros que seguissem para Medina ou de lá viessem. De Vilar Formoso para Salamanca há actualmente umas composições especialmente destinadas aos trabalhadores portugueses que se encontram em França, com as quais se poderia obter em FueNtes de Santo Esteban enlace fácil.
É de notar que recentemente foi criada uma boa ligação directa Lisboa-Madrid por automotora faz-se o trajecto, em percurso diverso, em menos de dez horas. Não serve, porém, essa ligação à cidade do Porto, pois à ida passa no Entroncamento pelas 11 horas - hora a que nenhum comboio saído do Porto de manhã aí chegou - e no regresso poderia ter realmente ligação para o Porto no Entroncamento (onde passa pelas 18 horas e 30 minutos).
Existem actualmente duas automotoras diárias que fazem o percurso Porto-Vigo, e vice-versa, em menos de quatro horas (duas horas, mais ou menos, os 330 km do Porto a Valença), ou seja à média de 65 km/h. E é engraçado que uma, que é de material espanhol é lá chamada a Minhota, e a outra, que é de material português, é chamada cá a Galega.
É preciso que se não mantenha a situação, no Domo, de o comboio mais rápido fazer o percurso de 205 km do Porto a Barca de Alva, em cerca de sete horas (média inferior a 30 km/h).
A propósito da excursão da automotora, O Primeiro de Janeiro trouxe no dia 7 do corrente uma interessante reportagem acerca da região fronteiriça dos concelhos de Figueira de Castelo Rodrigo e Freixo de Espada à Cinta, à qual muito grato seria ver facilitadas as ligações com a cidade do Porto. Aí se encarar o alto interesse que haveria na adaptação no tráfego rodoviário da ponte internacional sobre o rio Águeda. A considerar-se difícil, técnica ou economicamente, a construção de um segundo piso, bem se poderia, dada a escassez de comboios que a atravessam, dispor o tabuleiro actual por forma a consentir a passagem de automóveis e também a de cominais, embora em marcha mais lenta, tal como se pratica - creio que ainda hoje - numa ponte sobre o Guadiana que Porto tanto linha - férrea de Beja a Moura como a estiado, de Beja a Serpa. Além da adaptação da ponte sobre o Águeda apenas haveria que construir uns 200 ou 300 m de estrada de acesso à ponte, a partir da estação de Barca de Alva, certo como é que do lado espanhol a carretem de Salamanca vem ato à dita ponte.
E, porque as duas margens do Douro estão ligadas de há uns quinze anos para cá pela ponte da estrada Figueira a Freixo, ter-se-ia dado um grande passo no sentido da valorização de toda aquela área, mais uma vez se evidenciando que a ferrovia e a rodovia não são inimigas na sua ânsia de progresso.
Aí ficam, Sr. Presidente, algumas sugestões quanto à resolução do problema da imperiosa restauração da linha do Douro, quer para fins internos, quer para ligações internacionais. Confiemos na boa vontade da C P voltada mais solícita para as linhas de além-Douro uma vez concluída a electrificação da linha do Norte. Confiamos na solicitude do Sr. Ministro das Comunicações que pelo caso tem revelado o seu grande interesse, informando-se in loco do estado das coisas. Agora que o III Plano de Fomento se acha em estaleiro, é ocasião de o caso ser lembrado, com J urgência com que é necessário socorrê-lo.
Ainda uma observação, antes de fechar. Respeita à promoção ligação ferroviária do Pocinho a Vila Franca das Naves, na linha da Beira.
O tráfego do ferro de Moncorvo e, decerto a principal determinante do tal linha. Em todo o caso, ela não pode deixar de integrar-se como malha da rede circulatória, paralela à fronteira. Além da aproximação que efectivaria entre a zona de Bragança com o Centro do País e com Lisboa, que é do País o centro, prestar-se-á a provocar possível movimento também circulatório, que muito pode ajudar o turismo.
E com isto, Sr. Presidente, ponho ponto, que aliás, como V. Exa. a bem pode observar, desta feita e sem nó.
Disse.

Vozes: - Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Horácio Silva: - Sr. Presidente: É para me ocupar novamente da nossa - bem portuguesa - província de Angola que uso mais uma vez da palavra nesta nobre Assembleia da representação nacional. Não há que estranhar que assim seja. Foi Angola que me elogiou para a honrosa missão de a representar nesta Câmara de Deputados da Nação. E, por outro lado aquela província carece enorme e profundamente de que os seus grandes problemas - aquele - que transcendem o âmbito do Governo-Geral e dos meios locais - sejam debatidos quando necessário, na Assembleia Nacional, que é, afinal, o seu lugar próprio.
A nossa grande província do Atlântico tem vastos problemas, como todos os países ou territórios, especialmente os subdesenvolvidos ou apenas em vias de desenvolvimento. E o maior desses problemas é, som dúvida, o do povoamento, consequência da sua fraquíssima densidade populacional desde que, para se acudir ao Brasil - que foi durante séculos, a menina dos olhos da nossa política nacional - povoando-o e dando-lhe braços para o trabalho, Angola teve de sofrer a sangria de alguns milhões de homens - dívida de sangue que o Brasil contraiu para sempre para com o seu progenitor, o velho e glorioso Portugal de aquém e além-mar.
Problema (...) há centenas de anos, esse do povoamento, e dele que originariamente derivam as crises de Angola não obstante as imensas riquezas potenciais que podem e devem atribuir-se-lhe. Pode até afirmar-se que sem esse problema - ou se tivéssemos, podido solucioná-lo na escala apropriada -, e não apenas com alguns ensaios de povoamento dirigido, cheios de boa vontade mas de resultados mínimos, incomportàvelmente caros em face da magnitude do empreendimento - não teria sobrevindo a crise maior de todas, aquela que, engendrada, desencadeada e comandada de fora, irrompeu e perdura em Angola desde 15 de Março de 1961.
Sr. Presidente, Srs. Deputados: O tema central desta minha intervenção o qual se entrelaça intimamente com as palavras que acabei de proferir, é o mesmo da que fiz precisamente há um ano, quando deste mesmo lugar advoguei a necessidade de uma cada vez maior e mais perfeita unidade nacional, isto é, de uma cada vez maior e mais perfeita unidade de ideais e de acção entre a metrópole e as suas províncias ultramarinas, o que não implica necessariamente que se perca de vista a diversidade implícita e explícita nas várias parcelas da Nação. Aliás, esta minha posição não é de hoje ou de há um ano é o, de sempre Jornalista de profissão, nunca em tal capitulo de-