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1518 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 83

Tão boa que alguns países não acharam melhor maneira de se defender da nossa, concorrência do que conseguindo dos seus Governos uma restrição às, nossas exportações.
Estas medidas constituem um último esforço desses países para se protegerem daqueles onde a mão-de-obra ainda é mais abundante e barata, pois a indústria têxtil é uma indústria de mão-de-obra intensiva.
Felizmente para nos tais medidas restritivas não se tem mantido por muito tempo, pois o facto de os operários desses países preferirem trabalhar na indústria de máquinas e química, onde com menos trabalho, auferem maiores salários, levam à paralisação das empresas têxteis mais mal apetrechadas e, consequentemente, à diminuição da produção o maior necessidade de importação.
Portanto, nos tempos mais próximos, se os nossos industriais foram capazes de acompanhar as exigências cada vez maiores de qualidade e diversidade de artigos e se o nosso Governo estiver atento às suas necessidades e dificuldades do momento que atravessamos, cremos que o volume de produção e exportação se poderá manter, e talvez até aumentar, pois o crescimento constante da população e a subida do seu nível de vida provocam um acréscimo progressivo do consumo de têxteis.
Os números que acabo de citar e estas breves considerações têm por finalidade não só mostrar a extraordinária importância que a nossa indústria têxtil já atingiu e o papel que durante alguns anos ainda lhe estará reservado, como também deixar bem vincada a minha preocupação quanto à falta de técnicos portugueses com especialização em têxteis.
Os processos de reorganização industrial em que o País se encontra empenhado, fundamentos, como são, para o nosso desenvolvimento económico, que o mesmo é dizer para o aumento da riqueza nacional e do bem-estar dos Portugueses, exigem uma mão-de-obra especializada e técnicos qualificados que se não improvisam nem se podem formar com a rapidez necessária à sobrevivência perante os movimentos internacionais de integração económica em curso.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - A importância da formação profissional no desenvolvimento económico de qualquer país não necessita de ser enaltecida, dado que é do conhecimento geral, sendo hoje reconhecido em toda a parte que os investimentos realizados na qualificação dos trabalhadores, a qualquer nível, são dos mais rentáveis. E o ensino clássico ministrado nas escolas técnicas continua a ser o mais desejável permitindo uma preparação de base que facilita a promoção social dos trabalhadores.
Existem já cursos complementares de aprendizagem e de formação nalgumas escolas técnicas dos nossos principais centros da indústrias têxtil. Foram recentemente criadas cadeiras de opção nos cursos de Engenharia Mecânica e de Engenharia Químico-Industrial da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Mas há uma grande lacuna que não posso deixar de apontar e de chamar para ela a atenção dos Srs. Ministros da Educação Nacional e da Economia, atentos como estão a tudo o que interessa ao desenvolvimento económico do País.
Refiro-mo à criação de cursos de Engenharia Têxtil de nível médio equivalentes à maioria dos cursos professados em escolas estrangeiras. Com efeito, a falta de técnicos portugueses especializados em têxteis leva ns nossos industrias mais avisados e conscientes da necessidade de técnicos a chamar especialistas estrangeiros em portugueses com qualquer curso têxtil estrangeiro.
Se é um especialista estrangeiro, a habitual política do nosso Governo é que a presença desse técnico só se justifica como situação transitória pois as elites de um país não se vão buscar ao estrangeiro, como artigo de importação.
Se o técnico é um português que criou um curso têxtil no estrangeiro - e podermos afirmar que já há algumas centenas nessas condições -, além da prejudicial saída de divisas que isso sempre representa, há ainda o grave inconveniente de tais cursos não serem acessíveis, pelas inúmeras despesas que acarretam, aos estudantes com menores possibilidades financeiras.
Por outro lado, é indiscutível que com o progresso da organização científica do trabalho, a função do dirigente intermediário nas empresas tornou-se um elemento fundamental. A sua posição entre a direcção superior e os trabalhadores atribui-lhe uma função especial de comunicação nos dois sentidos não só no aspecto técnico como no social.
De facto, deve ser não só um técnico capaz de dominar plenamente a organização científica do trabalho específico da sua actividade mas também um guia social que saberá (...) o conhecimento psicológico dos seus subordinados, que orientará e cujas tarefas coordenará, formando com eles uma verdadeira associação de homens que adaptarão a organização das empresas às novas modalidades da economia.
Para tal, necessita da (...) formação escolar e extra-escolar que mediante a valorização das suas aptidões e a ministração da apropriada cultura geral e cientifica, garantam a sua eficiência e dignidade profissionais.
É preciso elevar e dignificar os nossos diplomados em engenharia pelos institutos industriais revendo a sua situação de forma a suscitar nos jovens estudantes mais interesse por estes cursos não universitários nas diversas especialidades da engenharia.
A Câmara Corporativa, no seu parecer sobre o Plano Intercalar de Fomento, afirmava que o ensino médio é (...), sendo os seus diplomados em número muito inferior aos dos estudos correspondentes em nível superior. A relação entre o número de diplomados pelos institutos industriais e as escolas de engenharia superior é cerca de 1 para 2, quando deveria aproximar-se de 4 para 1.
Não subsistem quaisquer dúvidas sobre a carência de técnicos de grau médio, indispensáveis para a boa marcha da nossa indústria, agora em franco desenvolvimento.

ambém o Grémio Nacional dos Industriais Têxteis no relatório referente à sua actividade no ano de 1965, considerava igualmente necessária a criação de cursos têxteis de nível médio nos os institutos industriais.
Parece-nos preferível, porém, embora seja evidentemente uma solução mais dispêndios a criação de dois novos institutos industriais, um no distrito de Braga o outro no distrito de Castelo Branco onde se diplomariam engenheiros técnicos têxteis. O seu nível deveria ser tal que permitisse aos melhores elementos ascender a qualquer posto de direcção técnica na indústria têxtil e formar professores para os cursos de aprendizagem e formação já existentes nas nossas escolas técnicas.

O Sr. Folhadela de Oliveira: - V. Exa. dá-me licença?

O Orador: - Faça favor.

O Sr. Folhadela de Oliveira: - Estou a ouvir V. Exa. com muito agrado, porquanto está a reproduzir argumen-