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23 DE MARÇO DE 1967 1627

Sejamos realistas, Sr. Presidente e não nos deixemos embalar pela química que constituiu a nossa classificação no Campeonato Mundial de Futebol do ano que passou. Claro que nem tudo se deve à sorte do jogo mas, com certeza o indiscutível sucesso obtido pela nossa equipa deve-se a uma série de circunstâncias que não se repetirão fàcilmente porque a sorte grande raramente sai mais do que uma vez à mesma pessoa ou entidade.
Bons dirigentes técnicos de inegável categoria praticantes de primeira água- muitos eram africanos- e que difìcilmente formarão e encontrar-se num conjunto tão homogéneo e tão excelentemente mentalizado por resultados de indiscutível mérito e desportivo tudo isso contribuir para um êxito que sem desejar menosprezar- até porque o vai intensamente, mesmo arrasadoramente -, será difícil repito tornar a ser alcançado. Os próprios atletas cujo brio foi inegável e cuja vontade não teve limites na ocasião, ficaram como que deslumbrados [...]salvas raríssimas excepções não aguentaram- tem-se visto de resto, aquele ritmo endiabrado que assombrou o mundo do desporto e até mesmo quantos levam uma vida mais sedentária e portanto menos adequada à sua prática.
Falei em dirigentes em preparadores e em atletas, mas intencionalmente não iria referir às entidades que mais contribuíram para o feito, embora muita gente o saiba pouca gente o disse os clubes de que os atletas eram oriundos ao tempo de Campeonato Mundial de Futebol. Pagos a peso de ouro- ouro que não existe preparados à custa de sacrifícios enormes, que transcenderam as possibilidades de quem [...] a sua formação atlética amparados ao fim o [...]cabe quase que ùnicamente pelas dirigentes pelos dirigentes dos seus clubes e por alguns adeptos mais fervorosos o seu desgaste físico e psíquico constituiu depois enorme e incontestável inconveniente para as colectividades desportivas e que pertenciam, sem que qualquer compensação lhes tivesse sido dada.
Haja em vista a quebra nítida de quase todos os desaires sofridos pelos seus clubes (com o competente reflexos nas brilhantes e nos chamadas «sócios fluentes») e o apagamento de muitas estrelas que refulgiram naquela anevoada Inglaterra onde se falam e se tornou Portugal muito mais do que em muitos anos de história. For feliz quem recordou o episódio dos «12 de [...]» e o «Magnico» figura lendária da nossa raça e do nosso pundonor.
Dos resultados obtidos se tiraram efeitos políticos indiscutíveis e que muito contrariaram aqueles que sistemàticamente nos criticam!
Eu sei que muitas vezes e melhor ser desprezado- mais manter intacta a dignidade- do que ser incensado à custa de transigências que rebaixam e atitudes que não dignificam. É o caso mas não nos desviamos do objectivo desta minha intervenção que não julgo de qualquer modo inoportuna.
Toda a gente sabe os clubes desportivos vivem uma situação financeira angustiosa, embora- e não me refiro por vezes excessivo dos respectivos adeptos- existam dirigentes pouco esclarecidos que procuram a sua própria popularidade nas emulações nas emulações doentias em que fazem assentar toda a sua acção- nefasta e equívoca muitas vezes- transformando em ódios simples divergências de critérios ou interesses que transmitem às massas associativas de modo que estas vibrem, delirem e enlouqueçam muito mais com as derrotas dos seus mais directos adversários do que com os êxitos dos seus clubes.
Cortam-se relações e para ficarem mais bem cortadas levam-se ao sancionamento das assembleias gerais, de modo a vincular através de escassas centenas de assistentes milhares de sócios e de adeptos que serenamente não desejariam tal estado de coisas por apenas prejudicam o desporto nacional.

Vozes:- Muito bem!

O Orador:- Isto é mau desprestigiante e não creio ser impossível evitar-se.

Vozes:- Muito bem!

O Orador:- Embora este problema interesse, não é só disso que se trata agora. Sr. Presidente: O que pretendo, se estas minhas humildes palavras chegarem até quem possa resolver o problema e o esclarecimento em todos os seus aspectos, da actual situação do nosso desporto.
É claro que tudo evolui , tudo tem as suas épocas e aquelas [...], em que o atleta pagava tudo- equipamentos e transportes- e ainda por cima se entregava todo pela defesa da cor da sua camisola passou! Passou e não voltará jamais- Não tenhamos ilusões!
Hoje o futebol por exemplo é uma profissão, e vamos lá, bem paga. Uma estrela ganha centenas de contos por ano, mas pior é que quem lhes paga, para o fazer, fica e devê-los, que o digam os banqueiros e os mecenas!
As transferências de certos jogadores atingem cifras superiores às receitas recolhidas anualmente pelos clubes mais felizes no decurso de todo o campeonato nacional!
Ora não poderia quem de direito estabelecer, de acordo com o meio e as possibilidades dos clubes, os vencimentos as aquisições e as luvas- embora oficial abomino o termo- de forma que, mesmo com salas e salões cheios de raças e um [...] que seria excelente se não representasse uma ruína, as colectividades desportivas não caminhassem alegremente para a falência arrastando, enevitàvelmente, aqueles a quem a paixão clubista comprometeu, na melhor das intenções.
Justifica-se que os clubes- os [...]mados «grandes»- tenham tão visto plantel de jogadores ( o termo técnico, embora, ao que julgo importante e este) só para que outros não os possuam. Quantos atletas se perdem porque justamente na imagem de maiores proventos decidiram envergar esta ou aquela camisola, ficando eternamente seguidos e só um [...] ou azar semelhante de um colega lhes traz uma oportunidade acabando a maior perto das vezes já velhos, por prestarem a sua colaboração então inútil a outros clubes, menos poderosos embora talvez mais conscientes! Não há respeito chovem os protestos as entrevistas sensacionalistas e o público sente que não há uma legislação própria e, insensatamente ainda mais excita os [...].
[...] Sr. Presidente que não haja maneira de por cobro a tal estado de coisas. Não julgo que seja impossível impor leis adequadas ao meio e que sejam mais salutares por serem reais para os atletas e mais úteis para os clubes, por serem exequíveis! Nem sequer as chamadas «modalidades amadoras» ( que normal) são praticadas salvas raras e honrosas excepções por atletas não renunciados. Nem mesmo o empregozito que elementos influentes por vezes arranjam para iludir a verdade justificada, só por si a falta de amor à camisola que voluntàriamente se escolheu! Há por detrás de tudo dinheiro e interesses materiais incontestáveis! Só isso explica que um atleta que serviu um clube desinteressadamente ( no ponto de vista material, claro está), durante anos de repente passe