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1730 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 93

um movimento de autonomia, logo feito gorar por Raposo Tavares, e este que a seguir ao lugar-tenente do conde de Monsanto assina o auto de aclamação do nosso rei, o que teve lugar em 8 de Abril de 1641.
A sua tão destacada, acção a favor de D. João IV faz que soja por ele promovido a mestre de campo-general.
Vindo depois à metrópole, como procurador da Câmara de Parnaíba. aqui, por mandado real e a instigação do P.e António Vieira, que entendia deverem ser conquistadas algumas cidades espanholas do Peru argentífero, prepara a «3.a bandeira, que durou três longos anos e foi considerada verdadeiramente epopeica - «homérica», na opinião de Afonso Tauney.
Para ela Raposo Tavares é nomeado mestre de campo e autorizado a servir-se de artilharia.
A «bandeira» sai de S. Paulo, atinge o Paraná, o Paraguai, o território do Chaco, escala os Andes, chega ao Peru, entra nas águas do Pacífico, e, aí, Raposo Tavares, avançando por elas dentro, «com a espada nua levantada, diz que avassala terra, o mar para o seu rei»; depois segue o curso do Mamoré, do Madeira e finalmente, do Amazonas, até á sua foz.
Tantos e tamanhos foram os estorvos encontrados e os dolos sofrido que, tendo partido milhares, só regressaram dezenas! O P.e Sousa Ferreira referencia que «os bandeirantes ai K 1 aram dias inteiros com a roupa pela cabeça e a água pela barba».
Jaime Cortesão considerou esta façanha «como a maior e mais épica imo só do bandeirismo brasileiro, mas de todos os pioneiros do Novo Mundo»: e a Raposo Tavares uma «figura heróica, tendo realizado, por vastíssimos caminhos, totalmente ignorados, uma empresa sobre-humana».
«Foi um périplo triunfal que praticamente delineou as fronteiras do Brasil, constituindo uma das mais extraordinárias expedições jamais realizadas em qualquer continente.»
E o P.e António Vieira, absolutamente insuspeito, apelidou o cometimento «como uma das mais notáveis viagens (pie até hoje se tem feito no Mundo».
«A figura máxima do bandeirismo, que passou a ter e maior importância na história do Brasil», era alentejana.
No dizer de Jaime Cortesão, «nenhuma outra província portuguesa como o Alentejo, e nenhuma outra cidade como Beja posta a meio da charneca imensa entre a raia e o mar, dominando vastos e solenes horizontes, reunia tantas condições para ser o berço de um grande cheio do bandeira. O Alentejano possui, por estilo de vida e por cultura herdada, as grandes capacidades dos nómadas, resistência de andarilho, sentidos agudíssimos e poder excepcional de orientação; é, além disso, extremamente cioso da sua dignidade de homem. Foi, recorde-se também, no Alentejo que Nuno Alvares recrutou a maior parte dos soldados da sua hoste, a que venceu na luta pela independência da Nação, em Atoleiros, Aljubarrota e Valverde».
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Beja orgulha-se, e com bem fundada razão, em ter sido a pátria de António Raposo Tavares, «um dos mais altos e lídimos representantes do português do século XVII», e moldador incontestado do grande e fraterno Brasil.
Beja orgulha-se mais ainda de ser um elo, e muito sólido na cadeia da comunidade, que, em amplexo forte, há-de levar o Brasil e Portugal a grandes cometimentos.
Disse.

Vozes: -Muito bem, muito bem!

O orador foi muito cumprimentado.

O Sr. Presidente: - Vai passar-se à

Ordem do dia

O Sr. Presidente: - Continua em discussão na generalidade a proposta de lei relativa à elaboração e execução do III Plano de Fomento.
Tem a palavra o Sr. Deputado Nunes de Oliveira.

O Sr. Nunes de Oliveira: - Sr. Presidente: Tendo sido designado para tornar parte nos trabalhos da Comissão Eventual, no âmbito da Assembleia Nacional, que se debruçou numa apreciação ampla, serena, persistente e útil sobre o III Plano de Fomento, impunha-se-me vir a esta tribuna exprimir as impressões colhidas através dos estudos do projecto da proposta de lei e do parecer subsidiário da Câmara Corporativa sobre o capítulo relativo à educação e à investigação ligada ou não ligada ao ensino. E na palavra «educação» consubstancio o ensino B instrução, pois que ambas inter-reagem e não é na verdade, fácil dissociá-las.
Estamos, como é evidente, na presença de problemas cuja dimensão, gravidade e- repercussão condicionam o desenvolvimento de todos os sectores da vida pública e privada. Por isso menino no Plano se insere este sector como um dos prioritários, a confirmar o que se antevia no Plano Intercalar de Fomento e de que hoje ninguém considera os gastos dirigidos neste sentido como supérfluos, mas sim investimentos largamente rentáveis. E só assim, com um apoio financeiro como o que agora se prevê e que se deseja cada vez maior, nós poderemos olhar o futuro com confiança, por forma a acorrermos à chamada que nos é feita frente às necessidades sempre crescentes da metrópole, como ainda para prosseguirmos, como se impõe, na valorização e engrandecimento das províncias ultramarinas. Não resta a menor dúvida de que sem educação e sem instrução, como tantas vexes tem sido acentuado, todo o desenvolvimento económico e social estará travado e nenhum dos planos de educação até hoje previstos poderá ter real efectivação.
Vou procurar nesta breve exposição, se atendermos à vastidão do tema. produzir algumas considerações, animado do melhor espírito construtivo, sobre o muito que vem sendo realizado e carências que me parecem mais prementes, a necessitarem de uma solução tão rápida quanto possível. Devo entretanto, esclarecer que o presente capítulo se ocupa, apenas dos problemas da metrópole, dado que os respeitantes ao ultramar são especificamente relatados em capítulo próprios. Todavia, no relatório do projecto não deixa de se acentuar - e com todo o sentido de verdade- que «se torna cada vez mais necessário um esforço de coordenação entre as realidades metropolitanas e ultramarinas nestes domínios» da educação e da investigação. E a propósito, também eu, após a visita que fiz u Angola na companhia de outros ilustres colegas desta Assembleia e tendo bem gravado na memória o que pude observar neste sector, não poderia ficar insensível e algumas palavras lhe consagrarei na sequência, desta exposição.
Pode afirmar-se que de uma maneira geral a concordância do parecer subsidiário da Câmara Corporativa, com o projecto do Plano é evidente, apontando-se como ponto discordante principal o não estabelecimento de prioridades, mas, se nos detivermos na análise do parecer, também aí elas não. se encontram realmente estabelecidas. Indicam-se apenas, e bem os objectivos que entende deverem atingir-se, colocando nos planos das medidas de maior interesse as que conduzam aos seguinte? resultados: «mais