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ANGOLA
1. O exame dos índices económico-financeiros que caracterizaram a vida da província de Angola, em 1967, mostra progressos sensíveis nas receitas e na produção, considerada no seu conjunto, e o paradoxo, se como tal se pode designar, de uma balança de comércio altamente deficitária.
As receitas tiveram o grande aumento de 557 742 contos, apesar da diminuição de 126 709 contos nas extraordinárias.
Esta anomalia, em relação ao ano anterior, proveio de um forte aumento das receitas ordinárias (684 451 contos), que se arredondou em 15,2 por cento das de 1966.
Na produção os elementos disponíveis permitem informar que as indústrias transformadoras se destacam com um valor alto, na verdade o mais alto atingido até hoje (3 937 000 contos), mais 7,8 por cento do que no ano anterior. Este acréscimo, quase integralmente consumido na província, não ajudou a exportação, mas concorreu para auxiliar a balança do comércio, que, de alguns anos para cá, pela primeira vez, apresenta um. saldo negativo muito elevado.
A produção agrícola manteve-se, apesar da baixa no sisal, que é um dos elementos com certo peso na exportação, e da apatia na pesca, com tão largas possibilidades no Sul da província.
E as indústrias extractivas, tão prometedoras, ainda não exerceram a influência prevista, com excepção da já conhecida produção de diamantes, que ainda melhorou, embora pouco, o contributo de anos anteriores.
Todos estes factores se repercutiram na actividade interna. Assim, na construção civil houve um aumento de superfície coberta que atingiu 347 000 m2, mais 13,6 por cento do que em 1966, com um valor que caminha abertamente para os 500 000 contos (477 440 contos). Os consumos internos ressentiram-se destas actividades, que foram acompanhadas pela expansão do crédito. O aumento no crédito concedido foi da ordem dos 1 458 000 contos, pois atingiu a cifra global — 7 445 000 contos, com cerca de 55,6 por cento no banco emissor.
Apesar destes sintomas, ou até por motivo de alguns dos factores assinalados, a importação aumentou muito e o nível de preços continuou a subir.
O acréscimo nas importações, cerca de 1 951 080 contos, não foi compensado, nem de longe, pelas exportações e o deficit da balança atingiu 1 060 886 contos.
2. Países novos, em evolução rápida, têm destes contratempos, que só podem ser evitados pela formação de reservas. Neste caso não existem. De modo que o problema das transferências se agravou, apesar das medidas tomadas no sentido de compensar as entradas e saídas, cambiais. Foi preciso que o Fundo Monetário da Zona do Escudo aumentasse em cerca de 650 000 contos, o que permitiu o alargamento dos empréstimos especiais concedidos a Angola.
Os problemas suscitados pelo desenvolvimento do crédito e balança de pagamentos altamente deficitária (as saídas de coberturas superaram em 897 000 contos as entradas) são complicados e necessitam de uma solução que, de qualquer modo, deve implicar a redução na balança de pagamentos. A província não pode, nem deve, continuar a aumentar a sua dívida, além de acumular auxílios do Fundo Monetário, que hoje sobem a 650 000 contos, já indicados, e o empréstimo automático de 250 000 contos facultado ao Fundo Cambial.
A expansão dos meios de pagamento, cerca de 15 por cento em 1967, ultrapassou muito a de 1966 (9 por cento). Foram mais 1 126 000 contos. Deste modo, o factor mais relevante na criação dos meios de pagamento foi a expansão do crédito distribuído.
Os meios de pagamento, que não atingiram 4 milhões de contos em 1960, subiram para mais do dobro em 1967 e dentro de pouco serão o triplo, se se mantiver o aumento verificado nos últimos anos.
Não admira a subida do índice de preços que se processou para uma média de 105 em 1967, na base de 100 em Dezembro de 1965, no caso dos preços de retalho em Luanda. A elevação do índice fez-se sentir mais vincadamente no alojamento.
A variação do índice em diversas cidades da província atingiu 7,6 por cento em 1967.
Todos os factores indicam a necessidade de acentuar a produção, para a exportação e consumo interno, e tanto quanto possível adoptar regras que limitem os consumos, ainda que seja necessário reduzir o crédito.
Produção
3. Angola tem condições para aumentar a produção agrícola e industrial.
Os dois aspectos mais prometedores nesta viragem da sua economia são as indústrias extractivas e as indústrias transformadoras.
A agricultura continua a ser esteio das exportações, com a poderosa alavanca do café. Mas esta cultura não poderá alargar-se indefinidamente, dados os entraves opostos pelo consumo mundial. Angola dispõe hoje de cerca de 521 000 ha de área plantada com mais ou menos 520 milhões de cafeeiros.
A produção de 1967 elevou-se a cerca de 225 000 t, quase tudo da variedade Robusta. As dificuldades na colocação de toda a colheita já originaram providências que parecem ter surtido efeito, mas dificuldades no futuro têm de ser previstas e atalhadas a tempo.