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21 DE MARÇO DE 1969
adeptos almas capazes de a praticar plenamente, através de todas as perseguições e no meio de todas as defecções, tem garantido, mais tarde ou mais cedo, o seu triunfo.
As ideias de renovar, rever, reformar (tudo acções a que o prefixo confere afinal um sentido de repetição e retorno) são incentivos que ás vezes perturbam e embriagam a multidão, até ao ponto> de levar os homens à infidelidade e à ingratidão, que é a mais feia das suas formas.
Cícero — já que estamos em signo de latim — chama novis rebus studentes, «ávidos de coisas novas», aos conspiradores de Catilina. E na verdade é às vezes apenas a ânsia do novo, da mudança, que parece mover os homens contra aquilo que esta —e que eles ajudaram a estar. Tendência em si mesma salutar —, na condição, porém, de não pretender mudar o que deve ser, dentro dos limites humanos, imutável; de não tocar no essencial da doutrina. Em suma: de não se faltar à fé jurada — uma vez que se tenha jurado uma fé.
Ora nós, portugueses do meu tempo, que comungámos na Revolução Nacional — jurámos uma fé.
Todos sabemos qual: cristãos,) na religião, mas, sobretudo, na moral, isto é, no teor de vida, na forma e no sentido das instituições; portugueses custe o que custar em quatro continentes, corresponsáveis numa sagrada e exigente missão de presença civilizadora.
Vozes:—Muito, bem!
A Oradora: — E este ponto — a nossa devoção a Portugal inteiro — é, como já se tem dito aqui bem melhor do que eu o digo, o ponto que importa hoje sublinhar.
Jurámos, pois, uma fé.
Mas para quê lembrá-lo, neste lugar, onde ainda ninguém decerto o (esqueceu ou se sentiu tentado a fazê-lo esquecer ?
Perdoe-se-me que ensine o padre-nosso ao vigário. Não ó para a Câmara que falo agora. E que nós, Deputados, temos o dever de pedir ao Executivo que execute — e nomeio para já a Secretaria de Estado da Informação e o Ministério da Educação Nacional—, temos que lhe pedir que chame os seus serviços competentes a uma tarefa diária e cada vez mais rigorosa de consciencialização destas verdades tão sabidas e tão maltratadas. É preciso que a nossa imprensa, a nossa radiotelevisão, as nossas escolas, os espectáculos que se oferecem ao público, não neguem e não insultem pelo menos o essencial desta fé jurada.
Vozes: —Muito bem!
A Oradora: — Ou estaremos dispostos a esquecer que a jurámos?
Por mim, chegada ao fim do meu mandato, peço a Deus que me ajude e a todos os portugueses de boa vontade a manterem bem viva a memória, que é garantia de identidade e continuidade; a memória do que fomos, do que afirmámos, do que defendemos e atacámos; a memória dos altos serviços que nos prestaram os pioneiros e os construtores deste Regime; a memória da dívida sem remissão que contraímos para com os mortos e os mutilados de África. A memória do passado comum e do passado individual: da fé que jurámos, dos compromissos que assumimos. Aliás, não valerá a pena tentar esquecer, porque, ainda que nós esqueçamos, haverá quem se lembre por nós.
Vozes: —Muito bem!
A Oradora: — Sr. Presidente: Vou terminar.
É em nome da memória grata dos meus anos de filiada que peço licença para saudar, desta tribuna nacional, a Sr.ª D. Maria Guardiola, primeira comissária da Mocidade Portuguesa Feminina, recordando ao mesmo tempo, com alegria e esperança, que a senhora nomeada para a substituir saiu das fileiras da organização, e é em tudo fiel ao espírito da obra que a sua antecessora edificou. E esta continuidade é, sem dúvida, a coroação de tal obra.
É em nome da memória agradecida que exalto, na minha homenageada, a fé sem sombras, a doação total e a nobre fidelidade que Deus queira dominem cada vez mais a vida portuguesa.
Vozes: — Muito bem, muito bem! A oradora foi muito cumprimentada.
O Sr. Santos Bessa: — Sr. Presidente: Não venho hoje tratar de problemas de saúde pública do género daqueles que aqui tenho trazido; mas venho ocupar-me de uma «doença» crónica, progressiva e grave que atingiu a zona central do nosso país e que constitui um verdadeiro flagelo social de uma extensa região, que envolve milhares de pessoas e que compromete o desenvolvimento dessa vasta zona. Refiro-me à «doença» de que sofre o rio Mondego, «doença» cuja etiologia e cuja patogenia se conhecem, cujos meios de detenção estão ao nosso alcance, mas que continua a não merecer os devidos e oportunos cuidados por quem devia aplicá-los.
Já desde há vários anos, e por numerosas vezes, os Deputados pelo círculo de Coimbra têm trazido a esta Câmara os problemas do Mondego, sobre os quais foi aqui apresentado um notável aviso prévio da autoria do nosso ilustre colega Nunes Barata e que foi enriquecido com valiosa colaboração de muitos outros Deputados eleitos por outros círculos. Foi exposta com toda a clareza a importância das diversas incidências dos vários problemas que o Mondego envolve e também foi apontada a necessidade de os solucionar com a maior urgência.
A despeito disso, dos doutos pareceres da Câmara Corporativa e da inclusão dos respectivos trabalhos no Plano Intercalar de Fomento e no III Plano de Fomento, infelizmente tudo continua na mesma!
O leito do rio continua a acumular milhões de metros cúbicos de detritos sólidos resultantes da erosão dos nossos já pobres terrenos das Beiras que fazem parte da bacia hidrográfica do Mondego. Daqui resultou, desde há muito, que, em alguns pontos, o leito do rio tem uma cota mais alta do que alguns terrenos marginais, passando, portanto, em caleira alta, em vez de vale profundo. Destas condições, resulta a facilidade com que o rio transborda e se mantêm, portanto, sem possibilidade de cultura, por longas semanas, muitos dos terrenos que constituem a maior parte dos «campos de Coimbra». As sementeiras têm de ser forçosamente retardadas e as colheitas, antes de 15 de Setembro, notàvelmente comprometidas.
O Sr. Augusto Simões: —Muito bem!
O Orador: — Os que vivemos naquela região sabemos bem com que frequência as chuvas nessa época provocam inundações e comprometem a ceifa, a debulha, o transporte e a secagem do arroz e do milho.
Os lavradores das quatro freguesias da margem direita do Mondego, compreendidas entre a de S. Silvestre e a de Maiorca e que representam mais de 1000 lavradores, a que corresponde uma área de cerca de 4000 ha, vivem