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1700 DIÁRIO DAS SESSÕES N.º 84

sociedade multirracial que, através dos séculos, Portugal tem preparado, o que só será conseguido quando às culturas regionais for tinido o mesmo apreço defensivo que já foi dado na metrópole.

Ainda - dentro deste capítulo, cabe sublinhar a urgente necessidade de se proceder ao recenseamento dos crianças em idade escolar do Norte de Moçambique, com o objectivo de se apurar o numero daqueles que não frequentavam as escolas.

Sr. Presidente: A gigantesca barragem de Cabora-Bassa domina ris atenções internacionais, havendo- pronunciamentos contrários a sua construção.

Seja, porém, como for e que circunstâncias futuras houver, não há duvida de que ba-1 empreendimento visa ser o instrumento poderoso que permitira a fato proclamada evolução social defendida e desejada em todo o inundo, quer pelos trabalhadores, quer pelos políticos e governantes, numa vastíssima região do continente africano constitutiva da sua zona de influência.

E este graciosíssimo cometimento é realizado por Portugal, para benefício e proveito dos portugueses e dos seus vizinhos, com, quem deseja viver de boa paz.

Todavia, volto a insistir na conveniência de ser construída A barragem, do rio Lúrio peles seguintes imperativos:

a) Actualmente, n nona de ocupação efectiva, em segurança entende-se até ao rio Lúrio, na direcção do sul para morte; desde aqui até a uma linha tirada, de Porto Amélia a Vila Cabral, passando por Montepuez e por Marrupa, desenvolve-se extensa área afectada pela conjuntura de intranquilidade e, acima dela, entra-se noutro onde Portugal luta pelo bem-estar das populações:

b) Porto Amélia, Montepuez e Marrupa, pelo menos, suo centros importantes, em pleno desenvolvimento;

) Iniciadas as obras da barragem do Lúrio, criar-se-ia mais um ponto de apoio, do qual irradiariam as resultantes sócio-económicas, conhecidas de todos, assim como outras de carácter político, defensivo e militar;

d) Por consequência, o limite de ocupação transporia o rio Lúrio e prolongar-se-ia até àquela linha acima mencionada, que vai de Porto Amélia a Vila Cabral;

e) É escusado encarecer, mencionando-os, os benefícios advenientes para a região sob influência desta barragem, porquanto, pelos exemplos metropolitanos patentes, se reconhecem os resultados a alcançar lá;

f) Se Cabora-Bassa é urgente e justificável como frisámos anteriormente, menos urgente rio é Lúrio; com Cabora-Bassa ocupa-se concretamente a riquíssima região do Alto Zambeze; com Lúrio ocupar-se-á, da mesma maneira, a riquíssima região na qual se desenvolvem- as bacias hidrográficas do Lúrio e do Legenda, dentro do qual as perspectivas agro-pecuárias são tido valiosas como as da Zambézia e de grande importância as jazidas mineralógicas;

g) Esta zona tem a vantagem de ser mais povoada do que a do Alto Zambeze;

h) Por outro lado, há carência de encarar racionalmente o fornecimento de energia eléctrica a Nampula, a Nacala e Lumbo, ilha de Moçambique, Porto Amélia, Montepuez e Marrupa e outros povoados fundados e a fundar, além de, por meio dessa barragem, se solucionar o complicado, moroso, dispendioso e problemático processo de aquisição de motores no estrangeiro e do rosário de embaraços inerentes ao funcionamento óptimo das centrais térmicas, sem esquecer o gasto de combustível e a necessidade constante de substituição de motores motivada pelo crescimento natural dos aglomerados populacionais, no qual se insere a fundação, expansão e rendimento de indústrias; i) Sobretudo, há que tomar em atenção os seguintes poriderandos:

Em primeiro lugar, as povoações do interior não podem continuar às escuras, repito: não podem continuar às escuras e têm de saber servir-se e de ser servidas pela energia eléctrica, conforme já sucede na ilha de Moçambique e no Mossuril;

Em segundo lugar, é indispensável haver energia em abundância pana a promoção social ser um facto e se tirar inteiro aproveitamento dos mananciais agrícolas, pecuários e outros;

i) Assim, em vez de três centrais térmicas grandes, mas insuficientes para abastecimento perfeito dos consumos actuais, afora as numerosas pequeninas centrais, cujo aumento vai quase em progressão crescente, dispor-se-ia de uma de grandeza bastante para atender todas as necessidades presentes e futuras dentro daquela economia sobejamente conhecida de todos.

Sr. Presidente: O chamado Norte de Moçambique é a zona zunis povoada de toda a província, e, quando eu e os meus colegas a atravessámos para colher impressões, ouvi os queixumes dos seus habitantes e, portanto, prometi-lhes abordar os seus problemas nesta tribuna.

Cumprindo a promessa, solicito a atenção de V. Ex.ª, Sr. Presidente, para o que vou pronunciar, a fim de o governo ser inteirado das necessidades do Norte moçambicano, por foram a tomar providências paira as solver ou para as reduzir, pelo menos.

Acima de Nampula, ao longo da linha férrea e para norte desta, situo-se uma série de povoados na zona afectada pelo terrorismo.

Pois bem: mercê de variadissimas circunstâncias, os seus residentes vivem. isolados, entregues a si próprios, por assim dizer.

Vila Cabral, Nova Freixo, Mocímboa da Praia, Namapa, Montepuez, Marrupa e outros mais povoados estuo mal servidos de comunicações: estradas más, intransitáveis com as chuvas, dando pouca segurança, não obstante o esforço inteligente, activo e decidido do Sr. Presidente da junta Autonomia de Estradas, q ire, sem se poupar a canseiras, despende, por vezes, energias superiores às suas forças pura suprir ou remediar aqueles males.

Também as referidas localidades não têm telefones nem estação de rádio, ficando, na verdade, isoladas quando algum acidente corta a estrada ou a via férrea e, especialmente, quando o fio telefónico, em vez de pendurado no poste de .suporte suspende este pela parte superior, porque o pé foi destruído pelo fogo das queimadas ou pela formiga branca.

De resto, em qualquer das; povoações onde haja centrais eléctricas, a rede, de distribuição não abrange as residências dos habitantes que residem nas proximidades.

No que se refere à água potável, o problema assume gravidade, porque falta totalmente em certos anos dá