17 DE NOVEMBRO DE 1972 3893
universitária -em suma, os problemas da crise universitária-, desempenharem nos protestos e nas reivindicações estudantis apenas uma função de mero prtexto ou então um papel secundário, ancilar, digamos assim, em relação aos verdadeiros núcleos ou centros motores da, contestação», como, mui lucidamente, observou em artigo escrito em A Capital, em 22 de Janeiro, o nosso ilustre colega Doutor Aguiar e Silva.
A propósito das inéditas em Janeiro de 1971; pelo Ministério da Educação Nacional para enfrentar a violência e agitação estudantis, já nós havíamos dito, na sessão de 22 de Janeiro desse ano, que esta andavam inoculadas de paixões políticas das mais mal intencionadas, visando a destruição da ordem social estabelecida, como se afirmava e continua a afirmar em comunidades dos próprios dirigentes associativos.
A reivindicação universitária funciona e tem funcionado «como um simples instrumento ao serviço de um combate ideológico», razão por que, como bem esclarece o Doutor Aguiar e Silva, «estão condenados ao fracasso os esforços e os ,planos das autoridades académicas que acreditam poder solucionar o problema da contestação apenas através da reforma, mais ou menos ampla, mais ou menos audaz, mais ou menos meditada da instituição universitário». «A análise rigorosa dos pressupostos dos processos e dos objectivos da revolta estudantil não deixa dúvidas. São os próprios factos, na sua insofismável significação - quantas vezes na sua brutalidade ...-, que não permitem tais ilusões.»
E referimos também que os estudantes contestatários-agitadores a nada «dão ouvidos» e para prosseguimento dos seus propósitos de fazer vingar ideologias perversas contam com cooperação mais ou menos camuflada das forças ocultas que ocultas que suscitam e manobram estas agitações, certamente com o intuito de se criar um clima de incerteza de subversão propício para conseguirem os seus fins
tenebrosos.
Efectivamente, assim bem acontecido. Utilizando tácticas de medo com pressões e coacções de toda a espécie, de mentiras e de distorção dos factos para cegarem a opinião pública, o movimento estudantil de contestação continua a revestir-se de particular acuidade, voltando a projectar-se com todo o relevo no palco da vida universitária.
Com algumas novas cambiante e porque, conforme escreveu o padre Daniélou nos seus «testes» «há grupos políticos para quem a sabotagem da Universidade é o meio» de uma acção subversiva que visa explodir toda a civilização actual», as coisas pouco ou nada melhoraram nos últimos tempos, fintes se tendo agravado a intensidade da agitação e da violência que, deixando de se fazer sentir na Universidade de Coimbra, cresceu - e de que maneira- na Universidade de Lisboa, onde ainda bem recentemente, tristes acontecimentos ensombraram a abertura do novo ano lectivo.
Para tudo isto muito tem contribuíam a falta de sincronização entre as autoridades governamentais e académicas, que, na maioria dos casos, se têm demitido frente às manobras agitadores dos estudantes, apresentando-se fracas e titubeantes, não vão cair-lhes em desgraça, e daí que se tornem complacentes e cedam para ficarem bem vistas e para que o odioso da manutenção da ordem recaia em cheio sobre aqueles a quem, depreciativa e malèvolamente, classificam de «forças repressivas». E a coberto de certa passividade lá se tem permitido, para lograr efeitos mais ou menos demagógicos, que os desordeiros persistam nas suas investidas contra a Nação, cometendo, dentro e fora da Universidade, delitos tão graves que,
se fossem ..pratiuulo» por quaisquer outros cidadãos-, todos ale$ seriam (passíveis de. .piui-icüo.legal. As medidas- anunciadas., pelo Ministério'da Educação'Nacional não passaram-de palavras.; fican.do-sc pelo eniunciwdo,--pelo que, longe de faci-li-Urem e abrirem caminiho pn-(tm) a normalização da vida universitária -e tranquilidade social, Oeva-i-arn antes.' a um çevigoramen-to da inxliscipliiia e agitação dos- -giMipos de violência-que Ge afoitaram cada vez mais'
•nas -suas manobras -de intimidação .com. vista à conse-ouiçíío dos Reii4 objectivos. E toulo porque, • comíoi-me jA se escreveu, «no nosso-país existe, e vem sendo, prática segui-lo de há anos .1 esta .parte., um princípio de exitra-territorialidade das Universidades e estabelecimentos de ensino em geral. Um foro académico, reminiscência medieval, que isenta os> estudantes autores de delitos comuns (ofensas corporais, injúrias e propaganda antinacional, para não mencionai- nenhum outro mais) da- respectiva sanção» (.jn. Jornal do Economia o Finança*, n.° 272, p. ÍO). '
Os prejuízos decorrentes destas agitações estudantis são já elevados em danos de toda a espécie, afectando não só os próprios estudantes como também os famílias e a
•própria cotebi.wlfw.le nfi.&ioji«l. Aqueles, porque um pistudo sério e reflectido não se compadece com um ambiente de tensão, de intranquilidade e falho de serenidade; estas, sobre quem recai todo o peso do maior sofrimento moral o material; e. por fim, a coJectividade nacional, que sofre no depaupernmento dos seus valores e das suas tão necessárias capacidades de trabalho intelectual e técnico, além da accüo corrosiva que, :i coberto de toda a impunidade e até, muitas vezes, com a complacência das autoridades académicas se faz, deixando circular nas nossas escolas panfletos contendo toda uma literatura subversiva e antinacional em que a defesa do ultramar é apresentada como' uma criminosa guerra colonial destinada a servir os interessas capitalistas portugueses considerados como lacaios dos grandes monopólios internacionais e se apresentam os territórios ultramarinos como uma das causas da miséria do nosso povo.
Usando uma linguagem e um estilo que, por sobejamente conhecidos facilmente se identificam, estas publicações, na sua maioria editadas pelas associações de estudantes - por vezes subsidiadas pelo Estado -, passaram a inserir artigos contra a defesa do ultramar, prova clara e concludente dê que os seus dirigentes não temem já comprometê-las em actividades antipatrióticas nem receiam tõo-pouco qualquer reacção por parte da grande massa do estudantes. E isto porque alguns se tornaram incapazes de reagir devido a uma permanente e intensa campanha de intoxicação e outros que o não fazem por manifesta falta do apoio das autoridades, que parecem mostrar-se só compreensivamente complacentes para os grupos minoritários do estudantes, activistas'e fanáticos, que praticam toda a casta de actos de vandalismo, injuriam e agridem autoridades, maltratam mestres e alunos que desejam! cumprir o seu dever ide toibo-lho, «to.
Ora, nós sabemos que há- contemporizações que ficam caras, e não estarão estos a ficar por preço demasiadamente elevado e com juros insuportáveis para a Nação, que tudo terá de pagnr? E como foi possível - como ainda há pouco perguntava o ilustre Secretário de Estado da Instrução e Cultura, Prof. Doutor Costa André-, chegar a tudo isto sem- uma firme reacção da massa dos estudantes e dos docentes e sem que - acrescentamos nós - os responsáveis pela governação deste sector adoptassem uma política saneadora,- obstando ao alastramento do mal, mesmo quando revestido das aparências do bem, em vez de se haverem limitado a aceitar as exigências da desordem í