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8 DE FEVEREIRO DE 1973 4547

mesmo entre as mais qualificadas, com naturais reflexos e inevitáveis consequências. Sinal dos tempos, medida da grandeza dos problemas que impendem sobre o País, resultado do desnorteamento que vai por esse mundo fora, ora dominado pela prática da violência sob múltiplas formas, ora vencido pela abdicação como processo de iludir soluções.
Seja como for, entre o batuque do palácio de vidro e a euforia de uma paz definida apenas como ausência de guerra, confundem-se uns e agitam-se outros, e daquela confusão, como desta agitação, fluem acontecimentos, decorrem procedimentos, resultam actos causadores de inquietação, de intranquilidade e de perplexidade.

O Sr. Trigo Pereira: - Muito bem!

O Orador: - Se compreendo bem aquelas preocupações, quando temos uma retaguarda a defender, enquanto os nossos soldados estão na frente de batalha, quando temos grandes problemas a enfrentar: desde o desenvolvimento económico nacional e regional até à dolorosa emigração, desde as batalhas da educação, da saúde, da segurança social, até à defesa da nossa coesão moral e anímica, que supõe primeiro vencer a batalha da juventude; se compreendo bem aquelas preocupações, não posso deixar de fiar na serenidade, maturidade e temperança do povo português, como na firmeza, objectividade e sagacidade dos dirigentes sociais, políticos ou culturais, o permanente encontro das soluções, caminhos ou rumos, como em toda a nossa história, para vencer as crises, ultrapassar dúvidas, superar divisões ou dissídios.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E não tenho dúvidas em que assim há-de acontecer, porque os Portugueses, para além das divergências de credo, ideologia ou condição social, sempre souberam ser iguais a si próprios, e com o seu modo de ser, de estar e de reagir escreveram a história que havemos de continuar com igual jeito, sentido e esplendor.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - Sr. Presidente, Srs. Deputados: A grandeza dos problemas que pesam sobre a comunidade nacional impõe, naturalmente, limitações, deveres e obrigações, que ninguém pode legitimamente ignorar, a que nenhum de nós pode furtar-se.
A autoridade não pode, em tais circunstâncias, deixar de ser forte e as liberdades que todos desejamos ver praticadas com mútuo respeito, fraterna compreensão e recíproca tolerância não podem deixar de ter como limites as superiores exigências da comunidade lusíada, trate-se da defesa do património nacional, da integridade territorial, da unidade moral, trate-se do rápido progresso económico, vencendo atrasos e superando insuficiências, trate-se da justiça distributiva, da segurança social, das batalhas da educação, da saúde, etc.

Vozes: - Muito bem!

O Orador: - E ninguém diga que, na continuação de um grande esforço de quatro décadas, não se fez,
nos últimos quatro anos, um esforço imenso de adaptação, de reforma, de reestruturação, em todos os domínios, com particular assento nas políticas ultramarina, da educação, social, e até económica, sem esquecer uma crescente participação política e uma estruturação jurídica do Estado mais consentânea com as ansiedades da população e mais conforme com as exigências do Estado de direito.

O Sr. Castelino e Alvim: - Muito bem!

O Orador: - Salvo em momento de revolução, poucas vezes na nossa vida uma transformação pacífica tão profunda e rápida se tem processado, olhos postos no futuro, pés bem firmados no presente, sentido bem apurado da continuidade de sentimentos e de experiência vivida.
A revisão constitucional, com as leis complementares que se lhe seguiram, constitui marco assinalado neste processo, a evolução dos salários e das garantias sociais, o frenesim reformador na educação, a coragem do lançamento de empreendimentos de volume impressionante na economia ou nas comunicações, são bem a medida desse imenso esforço promissor de melhores dias e de maior esperança, de tal sorte que a muitos terá amedrontado e a outros feito recear pelas consequências.
Não é tudo isto quanto cada um de nós sonhou, quanto alguns idealizam, quanto outros pretendiam?
Certamente. Hoje como ontem e sempre. Em Portugal como em qualquer país, particularmente em qualquer país latino.
Pretende-se ou pretendem alguns andar mais ràpidamente no restabelecimento e amplo funcionamento das liberdades cívicas?
Quem os não acompanha nesse anseio?
Pretendem outros que a melhoria dos salários se acelere e intensifique para além de quanto pode resultar das correcções de defeitos de repartição?
Quem os não compreende nesse anseio?
Pretendem ainda outros que a reforma da educação se conclua e processe sem reflexos secundários de reacções, insuficiências, de defeitos?
Quem os não acompanha nesse anseio?
No mundo em que os homens igualaram os sonhos de Júlio Verne, num mundo em que os homens foram à Lua, é fácil perder a noção da medida e da proporção, fazer tábua rasa de tudo, crescerem exigências, pretender o paraíso neste vale de lágrimas em que o sacrifício é a regra, a dor uma constante, a limitação uma característica, o trabalho e perseverança o caminho, a serenidade a vontade dos fortes!
Sr. Presidente e Srs. Deputados: Somos um país que se emociona fácil e passageiramente, mas somos um país de gente moderada, equilibrada, prudente, que em seu avisado conservadorismo sempre aspira e anseia, quando não sonha até, mas nunca se dispôs a sacrificar quanto possui, não estima a violência nem patrocina extremismos, ràpidamente distingue o verbalismo, ainda quando nos encante e inebrie, da serena objectividade, do frio realismo e do sentido das justas possibilidades.

Vozes: - Muito bem!